Será que a era
do refrigerante acabou?
Diante da queda contínua do consumo nos
EUA nos últimos oito anos, as gigantes das bebidas não conseguiram em geral
aumentar preços o suficiente para manter em alta as receitas com a bebida
favorita dos americanos. Pior ainda, as vendas de refrigerante em
estabelecimentos comerciais dos EUA caíram no segundo semestre do ano passado,
inclusive durante os feriados de fim de ano, quando as pessoas costumam comprar
umas garrafas a mais.
Agora, os analistas do setor se
perguntam se essa queda nas vendas será permanente.
"A questão daqui para frente é se
isso será a nova norma", diz Steve Powers, analista do setor de bebidas da
firma de pesquisa Sanford C. Bernstein.
Os refrigerantes, e o açúcar que eles
contêm, se tornaram os vilões dos problemas de saúde dos consumidores, como
diabetes e obesidade dos americanos. Enquanto isso, a geração acostumada a
beber refrigerantes está envelhecendo e os jovens — o mercado tradicional da
bebida — estão hoje se voltando para a água, os energéticos e o café.
As vendas de refrigerantes caíram 0,6%
no ano passado até 30 de dezembro, para US$ 28,7 bilhões, nas lojas americanas
monitoradas pela SymphonyIRI Group. Em volume, as vendas caíram 1,8%.
O ritmo do declínio piorou no fim do
ano. As vendas em dólar deslizaram 2,5% no período de 12 semanas encerrado em
30 de dezembro em relação ao mesmo período de um ano atrás, e diminuíram 2,8%
considerando somente dezembro, segundo a firma de pesquisas de mercado, depois
que os fabricantes de refrigerantes aumentaram os preços, reprimindo ainda mais
a demanda. Em volume, as vendas caíram 3,55% no período de 12 semanas e 4,9% em
dezembro.
Os dados não incluem as vendas de
refrigerantes em restaurantes, máquinas e alguns outros estabelecimentos.
Pessoas do setor dizem que, levando todos esses pontos de venda em
consideração, as vendas totais de refrigerantes provavelmente aumentaram um
pouco no ano passado — mas só um pouco.
Embora as fabricantes Coca-Cola, Pepsi e
Dr. Pepper Snapple venham expandindo agressivamente suas carteiras para incluir
produtos de rápido crescimento, como bebidas esportivas e sucos, uma queda
prolongada na receita de refrigerante dos EUA representaria um sério golpe. Os
refrigerantes representam quase 25% do mercado de bebidas dos EUA. Sua escala imensa
vem também por décadas garantindo gordas margens de lucros. Cerca de 60% da
receita da Coca-Cola nos EUA vêm de bebidas carbonadas, contra com 25% da
PepsiCo.
As empresas, porém, afirmam que seus
prognósticos até agora não são nada ruins. Os refrigerantes estão apresentando
um crescimento robusto em muitas partes do mundo, dando um impulso à Coca-Cola
e à PepsiCo, que geram respectivamente cerca de 60% e 50% da sua receita fora
dos EUA.
Suas bebidas novas também são lucrativas
e estão tendo forte crescimento, garantem as empresas. "Creio que podemos
ser otimistas", disse no mês passado Sandy Douglas, diretor de clientes
mundial da Coca-Cola.
No Brasil, a Abir, associação que
representa os fabricantes de refrigerantes, informa que o consumo per capita da
bebida caiu de 75,2 litros em 2010, para 73,9 litros em 2011. Não há dados
disponíveis para 2012.
A PepsiCo está investindo milhões de
dólares para promover e dar uma reviravolta nos seus refrigerantes nos EUA,
depois de ter perdido participação de mercado para a Coca-Cola.
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