Pesquisa do
DataSenado: brasileiro rejeita liberação das drogas
Um amplo retrato da opinião pública
brasileira, revelando cautela, por exemplo, quanto à liberação das drogas, mas
exigindo firmeza contra a homofobia, emerge de pesquisa realizada em setembro
pelo DataSenado. Entrevistados por telefone sobre a reforma do Código Penal
brasileiro,1.232 cidadãos de 119 municípios, incluindo todas as capitais,
opinaram sobre outros temas polêmicos, como o aborto, mostrando que esse
procedimento permanece um tabu para a maioria, mas só quando configura ato de
vontade da mulher, sem a justificativa dos riscos à saúde dela ou do filho.
O PLS 236/2012, que trata da reforma do
Código Penal, está em análise em uma comissão especial presidida pelo senador
Eunício Oliveira (PMDB-CE). O texto foi elaborado por um grupo de juristas e
entregue ao presidente da Casa, senador José Sarney, que convocou os
especialistas por sugestão do senador Pedro Taques (PDT-MT).
No que se refere ao sistema penal, a
maioria dos entrevistados (36%) quer aumentar de 30 para 50 anos o tempo máximo
de prisão, e diminuir a idade a partir da qual um indivíduo pode ser imputado
criminalmente. A redução de pena para os que trabalharem na prisão foi
defendida por 70% dos entrevistados. Mas a redução de pena com base no
comportamento do preso não foi consensual, sendo apoiada por 55% das pessoas e
desaprovada por 41%.
No caso dos adolescentes e jovens, 35%
dos participantes da pesquisa se disseram favoráveis a reduzir para 16 anos,
especificamente, a chamada maioridade penal, enquanto 20% manifestaram o desejo
de que ela deve cair para qualquer idade. O percentual de entrevistados
favoráveis à maioridade a partir dos 14 anos foi de 18%. Na opinião de 16% dos
participantes, uma criança de 12 anos deve receber a mesma condenação de um
adulto. Surpreendentemente, o segmento das mulheres foi majoritário na defesa
dos menores limites de idade para a sanção penal.
Drogas, aborto e ortotanásia
A pesquisa também mostra que 89% dos
brasileiros são contra a liberação do uso de drogas, uma das inovações do
projeto em exame. O levantamento do DataSenado indica, da mesma forma, postura
restritiva em relação ao aborto. Para 84% dos entrevistados, deve ser mantida
na lei a proibição do aborto no caso de gravidez indesejada. Mas, em situações
como a do estupro e a de risco de vida para a mulher, 78% e 74% aprovaram o
procedimento, respectivamente. Também há aprovação do aborto nos casos de
anencefalia do bebê (64%) ou quando a gravidez traz risco de saúde para a
mulher (62%).
Outro tema que dividiu opiniões foi o da
ortotanásia - limitação ou suspensão de tratamentos que prolonguem a vida de um
paciente em estado terminal ou em coma, desde que baseado em autorização prévia
do doente. Dos entrevistados, 49% apoiaram a ortotanásia e 48% foram contra.
Preconceito e discriminação
A discriminação ao estrangeiro, ao que
vem de outra região do país ou ao homossexual também deve ser criminalizada de
acordo com a pesquisa. Para 85% dos entrevistados, tratar mal uma pessoa por
ela ser estrangeira ou de outra região deve ser crime. No caso do
homossexualismo, 77% acham que a homofobia deve ser punida. No entanto, quase
80% discordaram da inimputabilidade penal de indígenas quando, agindo em acordo
com seus costumes e crenças, praticam ato tipificado como crime na legislação
do país.
Comportamentos ainda não criminalizados
A pesquisa desvela ainda o ponto de vista
dos brasileiros sobre práticas, antigas e recentes, em relação às quais a lei é
omissa ou vaga. Para 84% dos entrevistados, o abandono de animais deve ser
considerado ilegal. A atividade do cambista deve ser punida, segundo 70% dos
entrevistados. E no entender de 94% das pessoas consultadas, quem acessar
informações sigilosas na internet deve ser punido.
O pagamento do direito autoral, mesmo
sem objetivo de lucro, é outro tema que divide opiniões. Para 52% dos
consultados, deveria ser permitida a cópia de livro, CD ou DVD somente para uso
pessoal. Para 46%, o direito autoral deve ser remunerado para qualquer uso da
cópia. Os mais jovens, provavelmente estudantes, apoiaram em sua maioria o não
pagamento de direito autoral para cópia de uso pessoal.
FONTE: AGÊNCIA SENADO
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