Médicos de
planos de saúde começam a parar em protesto nesta quarta-feira
A partir desta quarta-feira, médicos dos
planos de saúde de quase todo o País iniciam uma greve de 15 dias em defesa de
reajuste médio de 50% na tabela de serviços e o fim do que chamam
"intervenções antiéticas" que as operadoras estariam exercendo sobre
os profissionais para baixar os custos dos tratamentos em prejuízo dos
pacientes. Os serviços de urgência e emergência não serão afetados, mas as
consultas e a chamada assistência eletiva, mesmo marcadas com meses de
antecedência, podem ser reagendadas para depois da greve.
Em sete Estados (Acre, Amazonas, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte e Rondônia), a
paralisação atingirá todos os convênios. Em outras oito unidades da Federação,
entre os quais São Paulo, a greve atingirá seletivamente as operadoras que não
fecharam acordo. No caso paulista, serão afetados os planos Golden Cross, Green
Line, Intermédica, Itálica, Metrópole, Prevent Sênior, Santa Amália, São
Cristóvão, Seisa, Tempo Assist, Trasmontano e Universal.
Os outros Estados que terão paralisação
seletiva são: Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do
Sul e Santa Catarina. Em cinco unidades (Amapá, Ceará, Distrito Federal, Pará e
Roraima), a categoria decidiu fechar acordo com as operadoras e, a princípio,
não haverá paralisação. Nas outras sete (Alagoas, Espírito Santo, Paraíba,
Paraná, Rio de Janeiro, Sergipe e Tocantins), a adesão será decidida em
assembleias na terça-feira e quarta-feira.
Em entrevista, o vice-presidente do
Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá, explicou que a
paralisação foi inevitável diante da intransigência das operadoras na relação
com os médicos e da deterioração da qualidade do atendimento aos usuários. Ele
disse que está havendo evasão de profissionais e que o sistema caminhará para o
caos se não houver intervenção do poder público. "Estamos caminhando para
um apagão na saúde suplementar", enfatizou. "O médico hoje é tratado
como o bóia-fria da saúde", criticou.
Por consulta, o médico recebe das
operadoras em média R$ 45. A proposta da categoria é que os valores sejam
fixados entre R$ 60 e R$ 80, conforme a complexidade da área. A categoria pede
também a criação de um indexador que permita o reajuste da tabela de serviços
com a mesma periodicidade do aumento na mensalidade dos usuários. Eles exigem
ainda o fim das intervenções das operadoras na autonomia da relação
médico-paciente, além do estabelecimento de sistema de contrato com o mínimo de
garantias aos profissionais.
Hoje, segundo Márcio Bichara, secretário
de Saúde Suplementar da Federação Nacional dos Médicos, o repasse dos reajustes
das mensalidades dos convênios não está sendo feito aos médicos. De 2000 a
2011, os reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
às operadoras somaram 150,89%, mas apenas 65% foram repassados aos médicos. No
período, o IPCA teve variação de 119,8%.
Segundo Tibiriçá, o setor de saúde
suplementar passa por grave crise de credibilidade. Levantamento do CFM mostra
que dois em cada dez pacientes dos planos estão buscando atendimento no Sistema
Único de Saúde (SUS) - a deterioração do atendimento dos planos tem causado
filas cada dia mais semelhantes às do SUS. "Os planos boicotam os
tratamentos de alto custo, abreviam internações e pressionam os médicos a adotar
medidas de contenção que ameaçam a eficácia do tratamento dos pacientes",
denunciou.
Pesquisa recente realizada pela
Associação Paulista de Medicina (APM) revelou que oito em cada dez pacientes
tiveram problemas no atendimento nos últimos dois anos. Em todo o País, essa
proporção representa um total de 40 milhões de pacientes, num universo de 50
milhões de usuários de planos de saúde. Em 65% dos casos, o problema ocorreu no
agendamento de consulta, devido à escassez cada vez maior de profissionais. "A
evasão de médicos atinge níveis preocupantes", disse Tibiriçá.
Fonte: último segundo brasil
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