EUA: Pequenas
fazendas leiteiras são as mais afetadas pela seca histórica
A seca está afetando mais os produtores
de gado dos Estados Unidos do que os produtores de grãos. Com o crescente custo
dos alimentos animais, muitos produtores estão reduzindo seus lucros,
aumentando suas dívidas, reduzindo seus rebanhos ou simplesmente deixando a
atividade.
No entanto, ninguém será mais afetado do
que os produtores de leite. Analistas disseram que os pequenos produtores de
leite serão os que mais precisarão lutar para sobreviver. Os produtores de
leite entraram em 2012 já fracos por causa das ofertas abundantes e dos preços
estagnados. As fazendas maiores e as operações corporativas continuaram eliminando
os pequenos produtores.
Infelizmente para os produtores de
leite, os preços do leite não aumentaram - e não deverão aumentar - para acompanhar
os maiores custos dos alimentos animais. Os consumidores tendem a absorver
maiores preços de produtos como o leite, mas também reduzir o consumo, disseram
os analistas. Assim, o balanço entre oferta e demanda deverão se estreitar
ainda mais.
"Os custos de produção são bastante
impactados pelos altos custos do milho, da soja, do feno e de alfafa. O preço
do leite não tem acompanhado. Os preços das commodities lácteas estão
aumentando, mas não rápido o suficiente para acompanhar os maiores custos. Assim,
os produtores de leite estão realmente pensando em sobrevivência", disse o
vice-presidente sênior da Dairy Farmers of America, John Wilson.
De acordo com o Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em 2010 haviam 62.500 produtores de leite
nos EUA, em 2011, esse número caiu para 60.000. Embora o número de vacas
leiteiras em 1 de julho tenha sido de 9,2 milhões, ou seja, estável com relação
ao ano anterior, a produção de leite aumentou. A produção nos 23 estados de
maior produção totalizou 23,35 bilhões de quilos em abril-junho de 2012, 2% a
mais que no ano anterior, disse o USDA no mês passado. Cada vaca em 2011
produzia cerca de 9.525 quilos de leite por ano - cerca de 26,3 quilos por dia.
"Durante a primeira metade do ano,
tivemos uma produção recorde. Os estoques de produtos lácteos terminados nos
Estados Unidos e em todo o mundo eram adequados. O aumento nos custos está
colocando os produtores de leite em uma real situação de forte pressão das
margens na segunda metade desse ano. É provável que a indústria passe por uma
redução bem significativa nos rebanho leiteiro dos Estados Unidos entre agora e
o final do ano", disse gerente de economias lácteas para a Kraft Foods,
Mary Keough Ledman. Ela disse que o rebanho leiteiro dos Estados Unidos poderia
reduzir em até 2% até janeiro de 2013, comparado com o ano anterior.
O Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos (USDA) recentemente reduziu sua estimativa da colheita de milho
para 10,8 bilhões de bushels - 4 bilhões a menos que sua primeira previsão. O
USDA também reduziu sua previsão para colheita de soja, devendo ser a menor em
nove anos. Depois que os dados foram divulgados, os preços do milho alcançaram
um recorde de US$ 8,49 por bushel no Chicago Board of Trade e a soja deve seguir
o mesmo caminho.
Mesmo com os custos dos alimentos
animais aumentando, o USDA não projetou um grande aumento nos preços do leite
para o próximo ano. O preço médio para 2012 foi aumentado para US$38,91 por 100
quilos, de US$ 37,91 por 100 quilos em julho. Para 2013, o USDA projetou um
preço médio de US$ 40,34 por 100 quilos.
A previsão de um aumento pequeno no
preço está relacionada à previsão de uma redução também pequena na produção de
leite. O USDA cortou sua estimativa para 2012 em 725,7 milhões de quilos, para
90,7 bilhões de quilos - menos de 1%. Para 2013, a previsão de produção foi
cortada em apenas 1,3% com relação às projeções anteriores. A razão para isso?
A dominância das grandes fazendas, que continuará crescente.
O economista agrícola da Universidade
Purdue, Chris Hurt, disse que há quase 20 anos, a indústria de lácteos dos
Estados Unidos vem passando por uma transição: fazendas com mais de 1.000
cabeças com relação às pequenas propriedades familiares de 50 a 200 vacas.
A reportagem é da Reuters, traduzida e
adaptada pela Equipe MilkPoint.
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