Comissão
Europeia: países emergentes serão a demanda para produção de carne do bloco
Esse relatório apresenta uma previsão do
mercado de carnes na União Europeia (UE) para 2012/13. O relatório é baseado em
análises de especialistas de mercado da Direção Geral para Agricultura e
Desenvolvimento Rural da Comissão Europeia.
Previsões para a economia mundial
A população mundial total deverá crescer
1% anualmente em 2012 e 2013 e alcançar 7,1 bilhões de habitantes. Mudanças
significantes no número da população são esperadas na Índia (+1,4%) e Paquistão
(+1,8%), enquanto Rússia, Japão e Ucrânia deverão apresentar pequenos
declínios.
O crescimento global no Produto Interno
Bruto (PIB) deverá crescer moderadamente em 2,8% em 2012 e 3% em 2013. Entre os
principais parceiros comerciais da UE, o crescimento anual do PIB deverá ser de
3,5% na Rússia, 2,1% nos Estados Unidos e 8% na China (em cada um dos anos
acima). A taxa de desemprego a nível mundial deverá ficar em 8% em 2012 e em
2013. e a inflação mundial permanecerá moderada durante o período previsto, em
3%.
As moedas dos principais exportadores
deverão desvalorizar com relação ao dólar dos Estados Unidos em 2012 (com exceção
do renminbi chinês, que deverá se valorizar em 3%): peso argentino, -10%; real
brasileiro, -15%; dólar australiano, -3%; e dólar neozelandês, -2%. Em 2013,
essa tendência de desvalorização da maioria das moedas e valorização do
renminbi chinês com relação ao dólar dos Estados Unidos deverá continuar. O
iene japonês e o rublo russo deverão se manter estáveis nos dois anos. O preço
para o petróleo bruto Brent deverá declinar para cerca de US$ 104/barril em
média em 2012 e para US$ 95/barril em 2013.
Previsões econômicas para a UE
A população da União Europeia deverá
aumentar em 2012 e 2013 a uma taxa de 0,3% por ano, alcançando 505,7 milhões de
habitantes, resultado combinado de um crescimento esperado de 0,3% na UE-15
(inclui os membros antigos: Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Grécia, Espanha,
França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Áustria, Portugal, Finlândia,
Suécia e Reino Unido) e um declínio de cerca de 0,1% na UE-12 (inclui os
membros novos: Bulgária, República Tcheca, Estônia, Chipre, Letônia, Lituânia,
Hungria, Malta, Polônia, Romênia, Eslovênia e Eslováquia) em ambos os anos.
A taxa de crescimento do PIB da UE
deverá se manter estável em 2012 com taxas negativas de crescimento em oito
Estados Membros (Grécia, Espanha, Itália, Chipre, Holanda, Eslovênia, Hungria e
Portugal). A atividade econômica deverá se recuperar em 2012 (+1,3%), com todos
os Estados Membros exceto a Espanha (-0,3%) devendo registrar desenvolvimento
recordes positivos. A inflação geral no preço ao consumidor na UE em 2012
deverá recuar para 2,6% em 2012 e para 1,9% em 2013.
A taxa de desemprego na UE deverá
aumentar em 2012 para 10,3% da força de trabalho e ficar nesse nível elevado em
2013. Portugal, Grécia e Espanha continuariam sendo os países mais afetados da
UE, com taxas de desemprego de 15%, 20% e 25%, respectivamente. Desde setembro
de 2011, o Euro tem continuamente se desvalorizado com relação ao dólar e, em
maio de 2012, atingiu o menor nível desde julho de 2010 (isto é, US$
1,28/Euro). Essa tendência deverá se reverter, com o Euro se estabilizando em
cerca de US$ 1,31/Euro em 2012 em média e ficando nesse nível em 2013.
Setor de carnes
O setor de carnes da UE em 2012 continua
sendo apoiado por uma forte demanda global, direcionada por uma situação
relativamente favorável nas economias emergentes. Entretanto, a demanda
doméstica sofre com a desaceleração do crescimento econômico da UE. A oferta
geral de carnes ainda está relativamente escassa em muitas regiões mundiais e
está mais restrita pelos altos custos dos alimentos animais.
Com base no censo de dezembro de 2011, o
rebanho pecuário da UE foi estimado em 86 milhões de cabeças de bovinos, 148
milhões de suínos e 98 milhões de ovinos e caprinos juntos, correspondendo a
uma redução média de 1,6% (bovinos -1,4%; suínos -1,7%, ovinos -1,3% e caprinos
-2,9%) com relação ao ano anterior. A contração dos rebanhos animais (e em
particular das fêmeas de cria) está diretamente afetando a produção geral de
carnes, que deverá declinar 0,4% em 2012 e 1,0% em 2013. A produção de carne
bovina deverá cair em 2012 e permanecer quase sem mudanças em 2013. A menor
demanda da UE e o enfraquecimento do Euro restringirão as importações totais de
carne da UE em 2012, com um declínio estimado de 1,1% comparado com o ano
anterior. Ao contrário, os volumes exportados serão direcionados pela demanda
global e aumento de 3,6%, liderados pelas carnes suína e de frango. Para 2013,
é esperado uma reversão no padrão comercial, com maiores importações (+2,6%) e
menores exportações (-5,6%), devido à menor produção de carnes da UE. O consumo
total de carnes na UE deverá declinar em 0,8% em 2012 e em 0,4% em 2013.
Carne bovina e de vitelo
O rebanho bovino está em queda desde
2008, a uma taxa de 1,1% ao ano em média (-1,8% para vacas leiteiras) e essa tendência
deverá persistir no curto-prazo. Em 2012, a produção de carne bovina e de
vitelo da UE deverá reduzir significantemente (-3,5% com relação a 2011) e,
então, permanecer sem mudanças em 2013
(+0,1%). Devido à oferta escassa, os preços da carne bovina da UE deverão
permanecer em níveis recordes durante 2012. Quanto ao comércio, a fraca demanda
doméstica e as variações da taxa de câmbio levariam a um declínio nas
importações de carne bovina da UE em 2012 (-5,8%), seguida por uma
estabilização em 2013, apesar da disponibilidade limitada de carne bovina na UE
e uma recuperação gradual da produção nos principais fornecedores do Mercosul
(depois de uma redução significante no rebanho nos anos anteriores).
Por outro lado, a tendência nas
exportações de carne bovina da UE é ser direcionada pela escassez na oferta
doméstica, que determinaria uma capacidade significativamente reduzida de
exportação para 2012 e no próximo ano. Como consequência, a UE mudaria sua
posição comercial líquida e, depois de um excedente comercial excepcional
registrado em 2011, se tornaria novamente um importador líquido de carne bovina
em volume em 2012 e em 2013. Os altos preços da carne bovina e a fraca demanda
interna também levariam a uma queda no consumo de carne bovina e de vitelo em
2012, seguida por uma estabilização em 2013.
Incertezas
Esta previsão é baseada na hipótese de
um desenvolvimento econômico global favorável em 2012 e 2013, particularmente
em grandes países emergentes, resultando, assim, em uma demanda significante para
as exportações da UE. Por outro lado, o crescimento econômico na UE deverá ser
frágil, principalmente em certos Estados Membros que geralmente se traduz em um
declínio no consumo de carnes.
Diante desse cenário, as previsões
econômicas globais e para a UE continuam sujeitas a incertezas. Em particular,
a possível evolução das dificuldades econômicas e financeiras na Zona do Euro
deverá ter uma influência sobre a demanda de produtos agrícolas (devido às
mudanças na renda disponível e às taxas de desemprego) e sobre a oferta
(disponibilidade de créditos), bem como sobre o fluxo comercial (taxas de
câmbio) e preços. Além disso, a sustentabilidade de uma demanda forte no
mercado mundial liderada pela China e outros países do Sudeste da Ásia, bem
como do Oriente Médio, pode ser questionada, considerando as recentes revisões
para baixo no desempenho econômico esperado nesses países. Finalmente, os
desenvolvimento de preços para insumos agrícolas (energia, fertilizantes,
alimentos animais, etc) também representam um fator de incerteza.
Para a produção de proteínas, as
estimativas são dependentes das condições climáticas durante a estação de
produção e colheita, que podem
consideravelmente alterar os rendimentos. As estimativas apresentadas aqui são
baseadas em informações disponíveis até o meio de junho de 2012.
Fonte: Comissão da União Europeia,
traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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