Relator de
projeto que muda a Lei Seca quer tolerância zero com embriaguez
Só a proibição total e completa do
consumo de álcool para quem está ao volante (ou ao guidom) poderá viabilizar a
utilização da prova testemunhal ou baseada em imagens contra motoristas
embriagados. Esse é um dos princípios nos quais o senador Ricardo Ferraço
(PMDB-ES) está se baseando para elaborar relatório do PLC 27/2012, que promove
uma série de alterações no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
De acordo com Ferraço, caso a lei
continue prevendo o limite atual de seis decigramas de álcool por litro de
sangue, as provas obtidas sem a intermediação do bafômetro ou do exame de
sangue poderão ser impugnadas sob o argumento de que são inadequadas para
determinar se o limite foi ultrapassado.
O resultado é que a ampliação das
possibilidades de prova prevista no PLC, de autoria do deputado Hugo Leal
(PSC-RJ), seria, na prática, inútil.
– Precisamos ter instrumentos eficazes
para apertar o cerco a motoristas que dirigem sob efeito de álcool ou de outras
drogas psicotrópicas – adverte Ferraço, que lembra um caso recente de
embriaguez explícita captada por uma emissora de TV durante abordagem de
policiais a uma jovem no Espírito Santo.
O relatório do parlamentar, a ser
apresentado nos próximos dias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ),
prevê que qualquer concentração de álcool sujeitaria o condutor a penalidades.
Para o relator, bebida e direção são
absolutamente incompatíveis, e os “alarmantes números da violência no trânsito”
impõem a adoção de uma regulação rígida e ampla, capaz, não apenas de punir com
rigor, mas de inibir a prática de condução de veículos sob o efeito de álcool.
Segundo Ferraço, a Lei Seca aprovada em 2008 provocou uma leve diminuição das
mortes em 2009, mas o afrouxamento na fiscalização e na conscientização gerou
novo aumento em 2010.
– Estamos vivendo uma carnificina –
constata o parlamentar.
Dados reunidos por ele indicam que, só
em 2010, 42 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito no país. O custo
econômico da violência no trânsito chegaria, segundo o Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), a R$ 30 bilhões por ano, com medidas como aparato de
segurança e tratamento médico.
Faz parte do “cerco” defendido pelo
parlamentar o estabelecimento da pena de detenção, de seis meses a três anos,
multa e suspensão ou proibição de se obter habilitação aos que descumprirem as
novas normas.
Não é a primeira vez que o parlamentar
defende a tolerância zero. No ano passado, o PLS 48/2011, de sua autoria, que
retirava do Código de Trânsito qualquer referência a índices tolerados de
alcoolemia, foi aprovado na Casa. A matéria seguiu para a Câmara dos Deputados,
mas acabou arquivada.
“Ao estabelecer a tolerância zero, o fiz
com amplo respaldo social e técnico. Infelizmente, foi outro o entendimento da
Câmara”, lamenta, no relatório ao PLC 27/2012.
FONTE: AGÊNCIA SENADO
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