Municípios podem
chegar a
falência na
Bahia e no Brasil
A redução brusca, em torno de R$ 9
bilhões, do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e da Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico (CIDE/Combustível), recursos repassados pela
União aos municípios brasileiros, vem preocupando os prefeitos no fechamento de
suas contas, em finalização de mandato. A dificuldade não é diferente entre os
municípios que integram a Associação dos Municípios do Sul, Extremo Sul e
Sudoeste da Bahia, e de acordo com o presidente, Cláudio Dourado, “se o governo
não sinalizar e agir com rapidez, será uma condição de falência dos
municípios”, revelou.
De acordo com o diagnóstico proposto
pela CNM, a Amurc verificou, em 86 % dos municípios entrevistados que 65 %
deles estão com atraso em média de um mês, no pagamento dos salários e a maior
parte, 95 % estão devendo os fornecedores há mais de dois meses. Como
consequência, Cláudio afirma que dificilmente os gestores fecharão suas contas
ao final dos mandatos sem que tenham qualquer problema com a Lei de Responsabilidade
Fiscal. “E isso vai chocar com a legislação, pois os municípios não podem
deixar despesas empenhadas para outro gestor”, acrescenta.
Segundo dados da Confederação Nacional
dos Municípios (CNM), a queda da atividade econômica, principalmente a partir
do segundo trimestre deste ano, prejudicou a receita dos tributos federais.
Entre eles, a retenção de R$ 6,9 bilhões do FPM, a desoneração do IPI, como
estratégia de incentivo ao consumo, que gerou um custo de R$ 1,458 bilhões aos
cofres municipais. Por fim, redução da CIDE/Combustível, gerou uma perda de
arrecadação para as prefeituras de R$ 595 milhões.
Além da queda na receita de
transferências da União, mais de cinco mil municípios brasileiros estão
vivenciando o enorme volume acumulado de restos a pagar do Governo Federal, a
renúncia fiscal relativa a não resolução da Guerra Fiscal do ICMS, o impacto
financeiro de legislações nacionais como a Lei do Piso do Magistério, os
constantes aumentos do salário mínimo muito acima da inflação, a omissão das
demais esferas no financiamento da saúde e o sub-financiamento dos programas
federais.
Ainda de acordo com dados da CNM, no
cenário de 2012, o total de frustação de receita será de pelo menos R$ 9
bilhões e o aumento das despesas junto com o não pagamento de convênios em
execução impactará num total de R$ 15,9 bilhões. O rombo de R$ 25,3 bilhões,
que equivale a nada menos que 6,8 % de toda a receita disponível dos municípios
este ano, que deve chegar a R$ 364 bilhões.
Reivindicações
Durante o encontro promovido no início
do mês, pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em Brasília, a Amurc
esteve representada pelo presidente Cláudio Dourado, que debateu sobre
alternativas de auxílio financeiro junto aos representantes de associações de
todo o país. “Municípios que são referência na Gestão Pública Municipal estão
passando pelas mesmas dificuldades financeiras das cidades baianas”, revelou
Cláudio.
Embora não tenham sido recebidos pela
ministra das Relações Institucionais Ideli Salvatti, os representantes
municipais protocolaram um pedido de “socorro” para que as contas municipais
não sejam barradas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Uma nova audiência com
a ministra está agendada para o dia 10 de outubro, no Palácio do Planalto, com
o objetivo de apresentar e encontrar uma solução para as dificuldades
enfrentadas pelos gestores.
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