Banco Rural
fortaleceu caixa 2 do PT e do PSDB, afirmam ministros
Ministro relator da Ação Penal 470 do
Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa reforçou a tese de que os
contratos entre as empresas de Marcos Valério e o Banco Rural não passavam de
uma fachada para o esquema de caixa 2 montado para irrigar contas de campanha
da base aliada ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do então
candidato ao governo de Minas Gerais no PSDB, Eduardo Azeredo. Segundo o voto do
relator sobre o núcleo financeiro, os quatro réus imputados pelo crime de
gestão fraudulenta de instituição financeira deverão ser condenados a penas que
variam de 3 a 12 anos de cadeia. São eles os ex-dirigentes do Banco Rural,
Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório.
Para Barbosa os quatro atuaram em “ação
orquestrada” eivada de irregularidades, possibilitando o empréstimo de R$ 29
milhões às agências de Marcos Valério e R$ 3 milhões ao Partido dos
Trabalhadores (PT). O ministro apontou que os tomadores não possuíam patrimônio
compatível com o volume de recursos adquiridos e chegaram a apresentar
garantias inválidas. Para conceder os créditos os dirigentes do banco teriam
ignorado pareceres contrários de analistas, falsificado as classificações de
risco das operações e dados contábeis enviados aos órgãos de controle, além de
renovarem os empréstimos para impedir que eles constassem como pagamentos
atrasados.
Dessa forma, apontou o relator, os réus
atuaram para encobrir o caráter dos empréstimos, cujo pagamento só foi cobrado
após o estouro das denunciais de corrupção. O ministro revisor, Ricardo
Lewandowski, seguiu o voto do relator condenando Kátia Rabello e José Roberto
Salgado.
Parecer do revisor
Tanto Barbosa quanto o ministro revisor,
Lewandowski, acreditam que o banco fraudou seu sistema de classificação de
riscos. Citaram, para tanto, as auditorias do Banco Central e laudos da PF que
afirmam que o Rural deixou de informar o risco real de suas operações. O BC e a
PF apontaram que empréstimos eram seguidamente renovados sem pagamento, outra
evidência de fraudes, segundo os ministros.
Para embasar a tese, eles citaram o caso
do ‘mensalão’ mineiro, que envolveu o PSDB de Minas Gerais e também está no
STF, no qual uma dívida original de R$ 13 milhões de uma empresa de Marcos
Valério com o Rural foi quitada por R$ 2 milhões.
O revisor afirmou, lendo parecer de
peritos do Banco Central, que o Rural é um banco de porte médio que atende a
clientes médios e pequenos “com as quais, normalmente, as instituições
financeiras são rígidas quanto à concessão de créditos”. Ele ainda acrescentou
que a correta classificação dos riscos das operações levaria o banco a
provisionar mais recursos, elevando o seu passivo. “Mas como as informações não
foram corretas, a situação continuou, incorrendo em risco para o sistema
financeiro”, disse.
Lewandowski ainda disse que Marcos
Valério cumpria “papel de relações públicas” do Banco Rural, intermediando
negócios com agentes públicos. Os outros dois réus deste item do julgamento,
Vinícius Samarane e Ayanna Tenório, aguardavam ainda o parecer do revisor,
nesta quarta-feira..
O advogado de Kátia Rabelo, José Carlos
Dias, afirmou que os ministros cometeram várias imprecisões, mas não quis
entrar em detalhes.
– Vamos por isso no papel e distribuir
um memorial para sensibilizar os outros ministros – disse.
No que se refere a sua cliente, Dias
salientou que os dois únicos empréstimos em que ela esteve envolvida
destinaram-se ao PT e foram devidamente pagos.
FONTE: CORREIO DO BRASIL
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