Preços em baixa
colocam em risco 25 anos de trabalho dos cafeicultores
O extraordinário investimento dos
últimos 25 anos em pesquisa, qualidade, produtividade e desenvolvimento de
novas áreas de produção de café no Brasil, resultaram em um aumento na oferta
de arábicas de qualidade e o consequente crescimento do consumo mundial de
café, através das cafeterias, abertas aos milhares ao redor do mundo, e agora
do mercado de monodoses, que conquistaram os jovens nos diversos mercados
consumidores. Todo este trabalho agora está ameaçado pela forte queda dos
preços do arábica, que no Brasil chegou ao patamar dos trezentos reais por
saca, valor que gera prejuízo até nas regiões produtoras mais eficientes e
capitalizadas.
Acreditando no discurso dominante nos
principais mercados consumidores do mundo, os cafeicultores brasileiros
investiram e trabalharam com afinco, levando o Brasil a ser hoje o fornecedor
de mais de cinquenta por cento do café arábica consumido no mundo (aí incluso o
consumo interno brasileiro).
A queda dos preços aconteceu em cima de
um discurso de excesso de estoques e produção no Brasil, que não são
confirmados pelos números levantados pela CONAB – Companhia Nacional de
Abastecimento e, nos últimos meses, por um novo factoide: o café arábica está
sendo substituído por robusta nos principais mercados consumidores, sem
prejuízo para a qualidade e sem queda no consumo.
O discurso sobre café arábica de
qualidade, café “gourmet”, “terroir”,“fair trade”, certificação e meio ambiente
praticamente desapareceu. Agora o robusta resolve todo e qualquer problema de
abastecimento (não se sabe de onde apareceu tanto café robusta).
Estreitaram fortemente o diferencial do
robusta para o arábica e, no Brasil, entre os arábicas mais fracos e os de alta
qualidade. Diminuiu, praticamente desapareceu, o prêmio para cafés arábica certificados.
Os cafeicultores brasileiros se mostram
desorientados e ludibriados. A pergunta que mais ouvimos é se vale a pena
continuar investindo na produção de café arábica e em qualidade. Os custos são
altos e os riscos (secas, frio, pragas, escassez de mão de obra) assustam.
É urgente um pronunciamento do
Ministério da Agricultura sobre os números de produção divulgados pela CONAB.
Se estiverem corretos não existe excesso de café no Brasil. Se não for
estancada e revertida a atual queda de preços, corremos o sério risco de perder
25 anos de trabalho dos cafeicultores brasileiros.
A situação das lavouras de café na
América Central já é reflexo dos preços praticados no mercado internacional.
Não podemos deixar que o quadro se repita no Brasil.
O Cecafé – Conselho dos Exportadores de
Café do Brasil, informou que no último mês de fevereiro foram embarcadas
2.166.096 de sacas de 60 kg de café, aproximadamente 3% (57.670 sacas) menos
que no mesmo mês de 2012 e 15% (380.855 sacas) a menos que no último mês de
janeiro. Foram 1.909.695 sacas de café arábica e 34.452 sacas de café conillon,
totalizando 1.944.147 sacas de café verde, que somadas a 220.891 sacas de
solúvel e 1.058 sacas de torrado, totalizaram 2.166.096 sacas de café
embarcadas (confira mais informações).
Até o dia 7 os embarques de março
estavam em 63.840 sacas de café arábica e 5.250 sacas de café conillon, somando
69.090 sacas de café verde, mais 23.170 sacas de café solúvel, contra 131.820
sacas no mesmo dia de fevereiro. Até o dia 7, os pedidos de emissão de
certificados de origem para embarque em março totalizavam 498.930 sacas, contra
479.445 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do
fechamento do dia 1, sexta-feira, até o fechamento de sexta-feira, dia 8, subiu
nos contratos para entrega em maio próximo, 70 pontos ou US$ 0,93 (R$ 1,81) por
saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em maio próximo na ICE
fecharam no dia 1 a R$ 375,64/saca e dia 08 a R$ 371,76/saca. Na sexta-feira,
dia 8, nos contratos para entrega em maio, a bolsa de Nova Iorque fechou com
alta de 95 pontos.
As informações são do Escritório
Carvalhaes.
FONTE: CAFEPOINT
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