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Frigoríficos
recuperam margens no 1º trimestre
A queda nos custos de produção de
bovinos no país impulsionou o resultado operacional dos frigoríficos no
primeiro trimestre, como demonstraram os balanços divulgados ontem por JBS,
Marfrig e Minerva. A maior oferta de animais para abate e o recuo nos preços do
boi gordo abriram caminho para que as empresas apresentassem margens melhores,
embora o efeito da guinada do dólar sobre as dívidas tenha tirado um pouco do
brilho do resultado final.
A JBS registrou um lucro líquido de R$
116,1 milhões no primeiro trimestre deste ano, queda de 21% sobre o mesmo
intervalo do ano passado. Apesar dessa retração, a companhia informou um lucro
ajustado de R$ 240 milhões, 63,2% superior, que desconta uma provisão de
imposto que só teria efeito sobre o caixa em caso a empresa fosse vendida. Na
mesma base de comparação, o lucro antes de juros, impostos e amortizações
(Ebitda, na sigla, em inglês) caiu 16,7%, para R$ 696,5 milhões, enquanto a
margem Ebitda recuou de 5,7% para 4,4%.
A Marfrig reportou um lucro líquido de
R$ 34,5 milhões no primeiro trimestre deste ano, valor 46,7% superior aos R$
23,5 milhões registrados no mesmo período do ano passado. A companhia reverteu
ainda o prejuízo de R$ 138,6 milhões sofrido no quarto trimestre de 2011.
O Ebitda (sigla em inglês para lucros
antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do frigorífico foi de R$
410,7 milhões nos primeiros três meses deste ano, um aumento de 21,8% quando
comparado aos R$ 337,3 milhões no primeiro trimestre de 2011. Já a margem
Ebitda subiu de 6,4% para 7,8%, na mesma base de comparação. O Ebitda ficou
acima da média esperada pelos analistas de mercado, que era de R$ 361 milhões.
Os negócios na área de carne bovina
foram os principais responsáveis pela melhora do Ebitda. Embora a receita
líquida da Marfrig Beef (divisão de bovinos da companhia) no trimestre tenha
registrado uma queda anual de 9,6% (de R$ 1,92 bilhão para R$ 1,73 bilhão), o
Ebitda aumentou em 28,5% (para R$ 202,1 milhões, ante R$ 157,3 milhões em igual
período de 2011). Com isso, a divisão de bovinos foi responsável por pouco mais
de 61% do aumento no Ebitda global da Marfrig.
E o resultado poderia ser ainda melhor,
não fosse a forte retração das exportações da Seara Foods, divisão de aves e
suínos da Marfrig. Influenciada pelos estoques de frango elevados em mercados
relevantes com os de Japão e Oriente Médio, as exportações da divisão recuaram
17,1% na comparação anual, para R$ 1,014 bilhão.
Mas, a despeito do fraco desempenho das
exportações, o desempenho da Seara Foods também foram positivo, com destaque
para o crescimento 24,6% das vendas no mercado interno. A unidade reportou um
Ebitda de 208,6 milhões, um aumento de 15,8% ante o mesmo período do ano
passado. A Seara respondeu por 66,8% das vendas da Marfrig, embora tenha entregado
apenas 51% do Ebitda.
A Marfrig minimizou o risco de uma
depreciação cambial sobre seu endividamento. Ao fim do primeiro trimestre, mais
de 75% de uma dívida bruta de R$ 8,63 bilhões estava lastreada em dólar ou
outras moedas. Desse total, apenas R$ 4 bilhões estavam protegidos por meio de
operações de hedge.
Apesar da grande exposição às oscilações
do câmbio, Ricardo Florence, vice-presidente de finanças e diretor de relações
com investidores da Marfrig disse que guinada do dólar frente o real nas
últimas semanas não representa uma ameaça. Pelo contrário, “para nós, a
desvalorização do real é extremamente vantajosa porque melhora as nossas
margens de exportação”, declarou. O executivo sustenta que o nível de
endividamento em dólar está em linha com o volume de vendas em moeda
estrangeira, que responde por 75,3% da receita total da Marfrig.
O índice de alavancagem da Marfrig,
medido pela relação entre dívida líquida e Ebitda, ficou em 4,51 vezes no
primeiro trimestre de 2012, um ligeiro aumento em relação ao apurado no
trimestre anterior (4,45 vezes). Florence disse que essa relação teria sido de
3,52 vezes caso a venda dos ativos de logística da Keystone, em abril, tivesse
sido concretizada no primeiro trimestre.
O executivo observou, ainda, que a
empresa possui recursos suficientes em caixa para pagar 1,1 vez a dívida de
curto prazo (vencimento até o primeiro trimestre de 2013), que soma pouco mais
de R$ 3 bilhões. Perguntado sobre o vencimento, em julho, de cerca de R$ 250
milhões referentes ao cupom anual das debêntures conversíveis em posse do
BNDES, Florence afirmou que a empresa estuda opções junto ao banco de fomento
sobre o vencimento anual do cupom.
Já o Minerva amargou um prejuízo líquido
de R$ 66,7 milhões no primeiro trimestre do ano, ante um lucro de R$ 14,6
milhões nos primeiros três meses de 2011. Apesar do resultado mais fraco, a
receita líquida da companhia cresceu 7,2%, na comparação anual, para R$ 944
milhões.
O Ebitda, por sua vez, cresceu 28,1%,
para R$ 77,2 milhões. A margem Ebitda também subiu, de 6,8% para 8,2%, na
comparação entre os primeiros trimestres de 2011 e 2012. Trata-se do melhor
resultado para o período desde 2007.
O diretor presidente da companhia, Fernando
Galleti Queiroz, minimizou o prejuízo. Ele atribuiu o resultado mais fraco ao
impacto da desvalorização do real sobre a dívida e as recentes operações de
refinanciamento da companhia. “Descontados esses efeitos, teríamos um lucro
próximo de R$ 5 milhões”.
O presidente do Minerva afirmou ainda
que a queda no preço do boi gordo, fator que mais contribuiu para a melhora dos
indicadores operacionais, ficará “ainda mais evidente a partir dos resultados
do segundo trimestre”.
Fonte: Valor Econômico, resumida e
adaptada pela Equipe BeefPoint.
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