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quarta-feira, 23 de maio de 2012

The Economist: economia brasileira desacelerou mas ainda existem oportunidades



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The Economist: economia brasileira desacelerou mas ainda existem oportunidades
Para o Governo do Brasil, as últimas semanas trouxeram algumas vitórias esperadas há muito tempo. A moeda supervalorizada caiu para dois reais com relação ao dólar, do pico de 1,54 em julho passado. Em 9%, a política de taxa de juros do Banco Central está próxima a baixas históricas e deverá cair ainda mais após a corajosa decisão da presidente, Dilma Rousseff, de cortar os rendimentos da poupança apoiada pelo Governo, que já havia atuado como um piso. Ambas as medidas foram bem recebidas pelos fabricantes, que vêm trabalhando com uma moeda turbinada e taxas altíssimas de juros durante anos. Nenhuma dessas coisas, porém, foram suficientes para reverter a recente mudança de humor contra o Brasil.
Os investidores estavam inicialmente céticos sobre a inclusão do Brasil no BRICs, sigla criada em 2001 por Jim O’Neill da Goldman Sachs para agrupar Brasil, Rússia, Índia e China. Porém, a estabilidade macroeconômica, a queda na desigualdade de rendas e o boom global de commodities garantiu ao Brasil um crescimento estável e politicamente harmonioso. Bancos fortes e demanda doméstica levaram a uma rápida recuperação com relação à crise de créditos de 2008. Em 2010, a economia do Brasil cresceu em 7,5% para se tornar a sétima maior do mundo. Os brasileiros, que estavam alertas pela historia de hiperinflação e não pagamento de dívidas, finalmente relaxaram e aceitaram os aplausos.
Isso não durou muito. Durante 2011, o Brasil cresceu somente 2,7%. Isso ficou inapropriado para a participação no BRICs, de alto crescimento: Rússia, Índia e China tiveram crescimento entre 4,3% e 9%. Os investidores estrangeiros e aqueles que os aconselham estão reportando uma nova abordagem mais realista. “Os dias do Brasil obtendo passe livre se foram”, disse o consultor da Booz & Company, Ivan de Souza. Alguns foram adiante: em um artigo na revista Foreign Affais chamado “Bearish on Brazil” (Tendência de Baixa no Brasil), Ruchir Sharma, da Morgan Stanley, argumenta que o país cresceu com os preços das commodities e cairá novamente quando esses caírem.
Uma reavaliação do recente desempenho do Brasil está atrasada. Entre 2000 e 2010, os termos do comércio do Brasil melhoraram em cerca de 25%; nos últimos cinco anos, os créditos do setor privado dobraram. Esses ventos não podem continuar soprando – e mesmo com eles, o Brasil cresceu em média apenas 4,2% por ano desde 2006. Somente ganhos de produtividade, e mais economias e investimentos, podem fornecer ventos frescos. Isso está longe de ser visto: o IPEA, um instituto político financiado pelo Governo, previu o crescimento anual de produtividade para a última década em apenas 0,9%, com grande parte desses ganhos na agricultura. Os investimentos são de somente 19% do PIB. Soma-se a isso os crescentes custos trabalhistas e uma moeda ainda forte, e muitos analistas estão reduzindo suas visões de um potencial crescimento anual de cerca de 3,5%.
As menores taxas de juros poderão dar um novo impulso aos créditos. Porém, não muito grande: os consumidores já estão sobrecarregados. O Serasa Experian, analista de crédito, disse que a demanda por empréstimos entre janeiro e abril foi quase 8% menor do que durante o mesmo período de 2011. A inadimplência está aumentando e os bancos estão fortalecendo seus termos. Os empréstimos que estão com mais de 90 dias de atraso são agora 8% do total. Itaú e Bradesco, dois grandes bancos, viram seus preços de ações caírem recentemente quando elevaram suas provisões contra empréstimos ruins.
O Banco Votorantim, que fez grandes empréstimos no setor de carros nos últimos anos, apresentou três perdas trimestrais e há rumores de que está sendo alvo de aquisições. As irritações que foram negligenciadas com um crescimento de 4,5% provavelmente ressurgirão quando esse ficar próximo a 3%. Os impostos são horrivelmente complicados e tomam cerca de 36% do PIB, um número bem maior do que em outros países de renda média. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, indica que o Governo cortou alguns impostos e que a cobrança de impostos é crescente, porque mais empresas estão formalizando suas atividades. Porém, Raphael de Cunto, da Pinheiro Neto, firma de advocacia de São Paulo, argumenta que a capacidade do Governo de cobrar impostos foi bem acima de qualquer esforço para otimizá-los, aumentando a carga sobre as empresas.
Para alguns, a intervenção política suplantou uma moeda supervalorizada como o maior risco no Brasil. Petrobras, a gigante estatal de petróleo, e a Vale, maior produtora mundial de minério de ferro, agora estão funcionando mais para satisfazer as metas do governo do que pelos interesses dos acionistas minoritários, disse Joseph Harper da Explorador Capital Management, uma gestora de fundos. Essas preocupações têm pesado nos preços das ações das duas companhias. A Explorador está gradualmente reduzindo sua posição em relação ao Brasil em favor de Peru, Colômbia, Chile, Panamá e México, onde a firma vê oportunidades similares a preços menores e com menos riscos políticos.
Essas preocupações foram amplificadas pela expropriação pela Argentina no mês passado da YPF, uma forma de petróleo controlada pela Espanha. Apesar de em particular os ministros queiram enfatizar que o Brasil respeita os direitos de propriedade, eles não estão dispostos a irritar um importante parceiro comercial ou comprometer interesses da Argentina na Petrobras criticando seu vizinho publicamente. Isso é arriscado: o Brasil é realmente diferente da Argentina, mas os estrangeiros podem não perceber isso. Os governos da Colômbia e do México abertamente se distanciaram da medida tomada pela Argentina. A ameaça por um promotor para impor multas enormes sobre a Chevron, empresa petrolífera americana, e prisão de seus executivos depois de um pequeno vazamento na costa do Rio de Janeiro no início deste ano levanta preocupações sobre o tratamento dos estrangeiros. Os advogados dizem que alguns clientes estão perguntando se um passo em falso no Brasil pode significar um risco de ter seu passaporte confiscado, como aconteceu com vários executivos da Chevron. A resposta é quase certamente não; que essa pergunta seja mesmo feita é um fracasso desnecessário.
Um pouco menos de Brasil-mania pode ser benéfico. Nenhum país ainda foi capaz de abolir ciclos de negócios e alguma cautela agora pode prevenir uma exuberância de se tornar irracional. Ainda melhor, isso pode persuadir o Governo a remover algumas de suas barreias que mantêm o Brasil para trás. Porém, apesar do crescimento geral provavelmente dever ser modesto por alguns anos, ainda existem muitas oportunidades, particularmente no agronegócio e mineração, e para atender a crescente demanda por educação, cuidados de saúde e afins. O novo clima, disse Harper, é “seletivamente otimista sobre o Brasil”.
A reportagem é da The Economist, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.


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