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Pablo Neruda, o
poeta, explica os dois caminhos da vida e do amor
Regis Mesquita
Pablo Neruda, poeta chileno, prêmio
Nobel de Literatura, usou sua escrita como arma para a conscientização das
pessoas.
Entre seus milhares de versos está este:
“É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar, esquecer seus olhos, seu
sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram”.
A pessoa se apaixona e vive um grande
momento. Recheia sua mente de bons momentos e de experiências profundas. A
paixão correspondida produz marcas deliciosas em seu corpo e na sua alma.
A delícia de amar é confirmada na
simples lembrança de um olhar ou de um sorriso. A vida está intensa, porque
algo transborda de dentro desta pessoa.
Tudo se torna mais lindo, os sofrimentos
ficam menores e o resto do planeta pouco importa.
Amar é movimento, é um estado mental. É
uma delícia! Se correspondido, esta vivência se multiplica.
Qual a importância de alguém que nos
destrata na rua se pulsa em nosso corpo a imensidão do amor? Este destratar
torna-se insignificante. O amor, amplificado pela paixão, coloca tudo na sua
devida dimensão. Isto é: se tivermos a vida intensa, transbordando de dentro
para fora de nós mesmos, sempre será insignificante alguém nos destratar. Por
outro lado, quando a vida está empobrecida ser destratado fere o orgulho e
desperta raiva, rancor ou tristeza. O que o poeta nos ensina é como não
empobrecer a vida.
O amor nos mostra quem nós podemos ser e
a vida que podemos ter. A paixão e o amor por alguém é apenas a primeira porta
a ser aberta. Viver em estado mental de amor é o objetivo.
Permitir que o amor flua de dentro para
fora sempre é a meta da evolução. O amor por alguém é o treino.
O amor nos ensina verdades e amplia a
consciência com o objetivo de entendermos as Leis de Deus.
Algumas vezes o amor por alguém,
principalmente quando amparado pela paixão, termina. Tal qual as estações do
ano, ele se vai. Ele deixa de fluir ou o outro não retribui. O que sobra?
Os momentos de amor intenso geraram
altas expectativas. Agora é o momento das expectativas frustradas. A falta, o
não ter, a carência… O que fazer?
A mente reativa reage. Se as
expectativas são frustradas respondo com agressividade, angústia, medo,
insegurança, dúvidas, confusão mental, etc. A máquina de destruição começa a
funcionar a mil por hora. É necessário destruir todas as memórias e todos os
aprendizados que geraram a expectativa e que são a causa identificada da dor.
O nome disso: autodestruição e
autoboicote.
A pessoa perdeu e não tolera a perda. É
preciso destruir algo dentro de si. Alguns tentam destruir a outra pessoa.
Quase todos tentam destruir o que existe de bom dentro da mente, pois é dali
(acreditam eles) que emana toda a dor.
Dizem em meio ao sofrimento que querem
esquecer tudo. Esquecer tudo significa esquecer o que é bom, pois o que é ruim
é cultivado.
Em pouco tempo a máquina de destruição,
com raiva e vingança, destrói uma parte de si mesmo. É como uma pessoa que tem
dor no pé e que resolve o problema cortando-o fora. Passará o resto da vida
mancando. Seu foco é ficar sem dor no pé, ele conseguiu. Não sofrerá mais desta
dor. Perder uma parte de si é a solução da mente reativa.
A mente de uma pessoa que tem a mente
clara (não reativa) age diferente. Ela sente a dor da perda. Ela liga a máquina
de autodestruição, mas não consegue colocá-la em prática. Falta-lhe o
combustível destrutivo, pois ela se preparou para intensificar a vida e
cultivar o que é nobre. Assim sendo, a gratidão, a benevolência e a boa vontade
se mantém em um nível tão grande que ao invés de caminhar para a autodestruição
e pessoa caminha para o sacrifício.
Sacrifício é o sacro ofício, ou seja, o
trabalho sagrado. O trabalho sagrado, neste caso, é preservar o que aprendeu e
as experiências vividas no amor correspondido. Mesmo que o sofrimento
momentâneo seja maior, a escolha é preservar as memórias benéficas. Preservar o
belo, o bom e o saudável. Preservar o que é nobre e não se deixar dominar pelo
que é destrutivo. Eu sofro, mas não me destruo.
A experiência do amor preservado, a
mente fortalecida pelo sacrifício e os sentimentos nobres estimulados serão a
força para gerar a evolução espiritual profunda: manter o estado mental que
permite ao amor fluir sempre.
Manter as delícias de amar, permitindo
que o amor flua. Somente a mente clara, que passou pelo sacrifício de manter
toda a nobreza pulsando dentro de si, é que consegue atingir este objetivo.
Esta é a mensagem do poeta: “É proibido…
esquecer seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram”. No início
pode ser difícil porque é a hora do sacrifício. Mas, com a manutenção do que é
nobre e o fortalecimento da mente, o amor sempre renovado (porque se mantém
fluindo) recoloca tudo em sua devida dimensão. As lindas experiências não foram
destruídas, por isto estarão disponíveis para o amadurecimento da alma.
A sabedoria está em não se destruir
porque houve uma frustração. O sábio mantém tudo de bom através da gratidão, do
carinho, da benevolência, etc. e sempre amplia sua consciência.
http://caminhonobre.com.br/2012/04/28/neruda/
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