ABNT: não é
preciso mais normas de segurança para espaços de eventos
O diretor de Relações Externas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Carlos Santos Amorim Junior,
negou que exista necessidade de novas normas para garantir a seguranças de
espaços para eventos. “As normas já existem, basta aplicá-las”, afirmou. Ele
informou, contudo, que, no caso da ABNT, o cumprimento das normas não é
obrigatório.
De acordo com Amorim Junior, as 60
regras estabelecidas pela associação incluem, por exemplo, a presença de:
- portas que abrem para o lado de fora;
- brigada de incêndio, dependendo do
tamanho do prédio;
- extintores de incêndio periodicamente
testados; e
- plano de emergência contra incêndios.
Amorim Júnior participou nesta
quarta-feira (27) de audiência pública realizada pela comissão externa da Câmara
que acompanha as investigações sobre o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria
(RS), para discutir normas gerais de segurança em casas de espetáculos e
similares. Hoje faz um mês que ocorreu a tragédia na cidade gaúcha que resultou
na morte de 239 pessoas até o momento.
O coordenador da comissão, o deputado
Paulo Pimenta (PT-RS), salientou que o colegiado vai estudar quais normas são
fundamentais para dar-lhes força de lei. Ele explicou que a norma, ao contrário
de uma lei, não prevê punição se não for cumprida. “A norma da ABNT diz como
deve ser a porta de emergência, mas o município tem que ter autonomia para, na
sua lei municipal, adotar ou não essa norma. O problema é que, caso não adote,
não há nenhuma consequência para aqueles que tomaram a decisão de não
cumpri-la”, afirmou.
Fiscalização de engenheiros
O presidente do Conselho Federal de
Engenharia e Agronomia (Confea), José Tadeu da Silva, afirmou que a legislação
não prevê que engenheiros participem da liberação de prédios e
estabelecimentos. “O profissional não vai até lá para ver se foi tudo feito de
acordo com o projeto. Quem faz isso, que dá o Habite-se é a prefeitura”,
declarou.
O engenheiro lembrou, da mesma forma,
que apenas as prefeituras podem lacrar casas comerciais. “O Confea não tem poder
de lacre”, acrescentou.
José Tadeu observou que os projetos
feitos por engenheiros estariam sempre de acordo com todas as normas de
segurança, mas pode ocorrer de um proprietário descumprir o projeto, por
exemplo, para cortar custos.
Na opinião do representante do Confea,
não deveria existir alvará definitivo para o funcionamento de comércio. Para
ele, não apenas faltam vistorias, como também falta qualificação para os
responsáveis por elas. O problema seria ainda mais grave nos casos de obras
modificadas a posteriori, muitas vezes com reformas que deturpam o projeto
original.
Para José Tadeu, todas as vistorias de
obras deveriam ser realizadas por profissionais habilitados, no caso
engenheiros. Ele considera que é necessária a criação de cargos reservados para
profissionais de engenharia nos corpos de bombeiros.
Próximos passos
Paulo Pimenta disse que a comissão ainda
está na fase de ouvir as opiniões. “Temos duas audiências e existe uma série de
outros setores que precisam também nos apresentar seu ponto de vista”, disse.
FONTE: AGÊNCIA CÂMARA NOTÍCIAS
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