Julgamento de
Demóstenes no Conselho de Ética fica para o dia 25
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
do Senado reúne-se no próximo dia 25, às 18 horas, para votar o relatório do
senador Humberto Costa (PT-PE) sobre o processo disciplinar aberto contra o
senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Ele é acusado pelo PSOL de
associação ao esquema de jogos ilegais e outros delitos comandado por Carlos
Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, atualmente preso na penitenciária da
Papuda, em Brasília, pelos crimes de corrupção, tráfico de influência e escuta
ilegal, e pelos atos ligados aos jogos de azar.
A data foi marcada após acordo realizado
pelos integrantes do colegiado nesta segunda-feira (18).
A sugestão de votar o documento final em
uma semana partiu do senador José Pimentel (PT-CE), por uma questão, segundo
ele, de prudência:
– Deste modo, a matéria poderia chegar
no dia 27 [quarta-feira] à Comissão de Constituição e Justiça já devidamente
publicada e sem qualquer possibilidade de contestação – explicou.
O relatório seria votado nesta tarde,
mas o procedimento foi adiado por decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo
Tribunal Federal (STF), atendendo mandado de segurança impetrado pela defesa do
parlamentar goiano.
“Mãe Dináh”
De acordo com a decisão de Toffoli, que
tem caráter liminar, a votação deve ser realizada em, no mínimo, três dias
úteis contados após a divulgação pública da “primeira parte” do parecer do
relator Humberto Costa (PT-PE). Esta primeira parte é constituída apenas de um
rol de providências, ou seja, dos passos adotados pelo conselho para obter
informações que embasaram a elaboração do documento final.
Só no dia 25, Humberto Costa vai
descrever a memória do caso em detalhes, confrontando as acusações com os
resultados das investigações sobre as atitudes e declarações de Demóstenes.
A posição de Toffoli foi considerada
“equivocada” pelo presidente do Conselho de Ética, senador Antônio Carlos
Valadares (PSB-SE), que argumentou ter seguido as regras da Resolução 20/93 do
Senado:
– Na prática, o ministro Dias Toffoli
reescreveu a resolução – disse, lembrando que a regra estabelecida por Toffoli
não tem paralelo nem mesmo com os julgamentos realizados pelo próprio Supremo.
O senador Pedro Taques (PDT-MT) também
discordou do posicionamento do magistrado. E pediu a palavra para lamentar o
entendimento:
– Será que poderíamos apresentar projeto
de lei para regrar o julgamento do mensalão? Claro que não. Não cabe a ministro
do STF criar leis. O Judiciário entrou em questões internas do Legislativo.
Além disso, o direito de defesa foi garantido, tanto que o advogado apresentou
alegações finais no dia 15 [sexta-feira]. O ministro é Mãe Dináh ou Walter
Mercado para adivinhar se os conselheiros tiveram ou não tempo para formar suas
convicções. Decisão judicial se cumpre, mas na democracia, debate-se, sim. Na
República não há escuridão, existe debate – afirmou.
Exposição
Com o adiamento da votação, restou ao
relator, Humberto Costa, ler a parte expositiva de seu relatório, explicitando
todos os passos adotados para obter informações que embasaram a elaboração do
documento final.
Todas as atividades do Conselho de Ética
foram mencionadas. Desde a votação de requerimentos convocando testemunhas, com
informações prestadas pelos delegados da Polícia Federal, Matheus Mella
Rodrigues e Raul Alexandre, até o depoimento do próprio investigado.
Defesa
Após a reunião do Conselho de Ética, o
relator Humberto Costa afirmou que o adiamento da votação não vai atrapalhar os
trabalhos.
– Se não surgirem outras medidas
protelatórias, é perfeitamente possível que antes do dia 17 estejamos com esse
relatório pronto para ser votado pelo plenário do Senado - disse o senador, em
referência ao início do recesso parlamentar do primeiro semestre.
Já o advogado Antonio Carlos de Almeida
Castro, o Kakay, representante de Demóstenes Torres, negou que o pedido de
adiamento feito por ele fosse um ato protelatório.
– Se nós fomos ao Judiciário por uma
questão de cunho constitucional e conseguimos uma medida favorável, considero
até atentatória à independência dos Poderes dizer que se trata de decisão
protelatória – disse.
Tramitação
O quórum mínimo para a votação do
relatório no Conselho de Ética é de nove senadores, segundo o Regimento Interno
do Senado. O voto é aberto, e os parlamentares não precisam fundamentar suas
opiniões por se tratar de um processo político.
Caso o relator recomende a cassação de
Demóstenes Torres, o parecer do Conselho de Ética será encaminhado à Comissão
de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) para exame dos aspectos
constitucional, legal e jurídico, o que deverá ser feito no prazo de cinco
sessões ordinárias. A partir daí, o documento precisa ser votado pelo Plenário,
em processo secreto de votação.
FONTE: AGÊNCIA SENADO
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