CPMI do
Cachoeira encerra sessão em que Demóstenes é chamado de traidor e hipócrita
O deputado Silvio Costa (PTB-PE)
confrontou o senador Demóstenes Torres
A sessão da Comissão Parlamentar Mista
de Inquérito (CPMI) que investiga as conexões criminosas da rede de corrupção
do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, destinada a ouvir seu
provável sócio, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), terminou em tumulto,
na manhã desta quinta-feira. Torres usou de sua prerrogativa legal de
permanecer calado, diante dos questionamentos dos parlamentares, mas foi
confrontado pelo deputado Sílvio Costa (PTB-PE).
– O seu silêncio é a mais perfeita
tradução da sua culpa – afirmou o deputado.
Costa seguiu em sua reprimenda a Torres,
acusando-o de “traidor”. O deputado lembrou que já havia participado de outras
CPIs com o suspeito de integrar a rede criminosa de Cachoeira e, de certa
forma, admirava o trabalho que ele desenvolvia, portanto, não teriam sido os
amigos dele que o abandonaram, Demóstenes traiu a confiança de todos aqueles
que o admiravam e, por isso, encontra-se agora abandonado à própria sorte, no
banco dos réus da História.
– O sr traiu o Estado de Goiás, traiu o
país – afirmou Costa.
O parlamentar petebista também criticou
o fato de Demóstenes ter citado Deus em seu discurso de defesa no Senado, nesta
terça-feira, onde responde a um processo por quebra de decoro parlamentar junto
ao Conselho de Ética.
– O céu não é lugar de mentiroso, o céu
não é de gente hipócrita. Você é um hipócrita – esbravejou o deputado.
A palavra dele foi suspensa na questão
de ordem levantada pelo senador Pedro Taques (PDT-MT), em defesa do direito do
acusado de permanecer em silêncio e, desta forma, não produzir provas contra
ele mesmo. O presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), acatou o
pedido para que Demóstenes deixasse o plenário e concedeu os segundos finais à
fala de Costa, que os utilizou para agredir verbalmente Demóstenes e garantir
que seu partido votará, integralmente, pela cassação do mandato, no Senado, e
pela sua culpabilidade na CPMI.
– O senhor terá 80 votos a favor de sua
cassação – garantiu.
Em silêncio
O senador, que chegou atrasado do
depoimento, foi precedido por seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, o
Kakay. Ele antecipou que o parlamentar não falaria durante a sessão. O advogado
esteve no Senado, na quarta-feira, para pedir à CPMI que o parlamentar fosse
dispensado do depoimento, mas o presidente
Vital do Rêgo negou o pedido.
O advogado argumenta que Demóstenes já
disse tudo o que tinha que dizer na terça-feira no Conselho de Ética do Senado.
Em mais de cinco horas de depoimento ao conselho, Demóstenes negou as acusações
de que defendia no Congresso os interesses de Cachoeira. Ele afirmou ter
atendido apenas a pedidos “legítimos e republicanos”.
Na véspera, a CPMI quebrou os sigilos
fiscal, telefônico e bancário do senador, além da convocação dos governadores
de Goiás, Marconi Perillo, e do Distrito Federal, Agnello Queiróz. A convocação
do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, foi recusada pela maior parte
dos parlamentares. A data dos depoimentos ainda não foi marcada. Perillo deverá
comparecer à CPI no próximo dia 12 e o governador Agnello Queiróz confirmou
presença no dia 13.
Nesta quarta-feira, Perillo disse que
desejaria comparecer à CPI para esclarecer “a verdade dos fatos”. Queiroz, por
sua vez, afirmou que sua convocação é uma grande injustiça porque a organização
criminosa de Cachoeira tentou fazer negócios em Brasília, mas não conseguiu.
Segundo Agnelo, a organização tentou, sim, derrubá-lo.
Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR),
também é urgente a convocação do ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish.
FONTE: Correio do Brasil
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