Coca-Cola no
Brasil tem substância suspeita de causar câncer
6 Jun (Reuters) - A Coca-Cola vendida em
vários países, inclusive no Brasil, continua apresentando níveis elevados de
uma substância química associada a casos de câncer em animais, e que já foi
praticamente eliminada na versão do refrigerante comercializada na Califórnia,
disse na terça-feira o Centro para a Ciência no Interesse Público, com sede nos
EUA.
A entidade disse que amostras da
Coca-Cola recolhidas em nove países mostraram "quantidades
alarmantes" da substância 4-metilimidazole, ou 4-MI, que entra na
composição do corante caramelo. Níveis elevados dessa substância foram relacionados
ao câncer em animais.
Em março, a Coca-Cola e sua rival
PepsiCo anunciaram ter pedido aos fornecedores do corante para que alterassem
seu processo industrial, de modo a atender a uma regra aprovada em plebiscito
na Califórnia para limitar a exposição de consumidores a substâncias tóxicas.
A Coca-Cola disse na ocasião que
iniciaria a mudança pela Califórnia, mas que com o tempo ampliaria o uso do
corante caramelo com teor reduzido de 4-MI. A empresa não citou prazos para
isso.
Na terça-feira, a Coca-Cola repetiu que
o corante usado em todos os seus produtos é seguro, e que só solicitou a
alteração aos fornecedores para se adequar às regras de rotulagem da
Califórnia.
Segundo o CCIP, amostras da Califórnia
examinadas recentemente mostravam apenas 4 microgramas de 4-MI por lata da
bebida. A Califórnia agora exige um alerta no rótulo de um alimento ou bebida
se houver a chance de o consumidor ingerir mais de 30 microgramas por dia.
Nas amostras brasileiras, havia 267
microgramas de 4-MI por lata. Foram registrados 177 microgramas na Coca-Cola do
Quênia, e 145 microgramas em amostras adquiridas em Washington.
"Agora que sabemos que é possível
eliminar quase totalmente essa substância carcinogênica das colas, não há
desculpa para que a Coca-Cola e outras empresas não façam isso no mundo todo, e
não só na Califórnia", disse em nota Michael Jacobson, diretor-executivo
do CCIP.
A FDA (agência de fiscalização de
alimentos e remédios dos EUA) está avaliando uma solicitação do CCIP para
proibir o processo que cria níveis elevados de 4-MI, mas disse que não há razão
para crer em riscos imediatos aos consumidores.
Neste ano, um porta-voz da FDA disse que
uma pessoa teria de consumir "bem mais de mil latas de refrigerante por
dia para atingir as doses administradas nos estudos que demonstraram ligações
com o câncer em roedores".
A Coca-Cola disse na terça-feira que
continua desenvolvendo a logística para adotar o novo corante caramelo.
"Pretendemos ampliar o uso do
caramelo modificado globalmente, para nos permitir agilizar e simplificar nossa
cadeia de fornecimento e os sistemas de fabricação e distribuição", disse
a empresa em nota.
Uma porta-voz não quis comentar os
custos dessa mudança.
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