Estados querem
ampliação da base de impostos que abastece o FPE
Se ainda não há consenso quanto à
proposta ideal de reestruturação da partilha do Fundo de Participação dos
Estados (FPE), parece haver convergência quanto à necessidade de mudança em sua
base de cálculo e à impossibilidade de convencer os estados a aceitarem perda
de receita. O tema voltou a ser discutido em audiência pública sobre a revisão
do pacto federativo realizada nesta quinta-feira (14) pelas Comissões de
Assuntos Econômicos (CAE); de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e de
Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR).
Segundo observou o senador Francisco
Dornelles (PP-RJ), a distorção na base de cálculo do FPE começou em 1994,
quando a União criou impostos e contribuições não-compartilhados com estados e
municípios. A composição do fundo se baseia apenas no recolhimento do Imposto
de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que, em 1985,
representavam quase 75% da arrecadação tributária da União.
Atualmente, apenas 45% da arrecadação
tributária federal é dividida com estados e municípios. De acordo com o
secretário-adjunto de receita pública da Secretaria de Fazenda de Mato Grosso,
Marcelo Souza de Cursi, 16% das receitas totais da União eram distribuídas com
os demais entes federativos em 1988. Esse comprometimento se reduziu para 8,5%
nos dias atuais.
Arbitrário e anacrônico
Conforme explicou o secretário de
Fazenda do Paraná, Luiz Carlos Hauly, a repartição do FPE entre os estados é
feita pelo seguinte modelo: 85% para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste
e 15% para as regiões Sul e Sudeste. Hauly ressaltou que esse formato seguiu
critério estritamente político, classificado como “arbitrário e anacrônico”
pela senadora Marta Suplicy (PT-SP). Enquanto o secretário não vê saída para a
revisão do FPE sem a União suprir eventuais perdas financeiras dos estados,
Marta Suplicy considerou mais racional a forma de partilha se basear no IDH
(Índice de Desenvolvimento Humano) que na renda per capita.
Já o secretário de Fazenda de Minas
Gerais, Leonardo Mauricio Colombini Lima, avaliou como inadequada a aplicação
do FPE para redução de desigualdades regionais. Se a correção desse tipo de
desequilíbrio foi o argumento usado para justificar sua criação, o fato de os
estados costumarem usar essa receita para bancar folha de pagamento e custeio
da máquina pública – conforme assinalou o senador Wellington Dias (PT-PI) –
indicaria desvirtuamento em sua aplicação.
É para evitar desvios como esse que o
senador Cristovam Buarque (PDT-DF) sugeriu ampliar o debate sobre o FPE dentro
da revisão do pacto federativo, para que ele envolva também o modo de aplicação
desses recursos.
- A discussão só sobre a receita não vai
permitir encontrar um bom caminho se não discutirmos quem paga o quê, quem é
responsável pelo quê e quem recebe quanto – opinou, observando que, se houvesse
a federalização da educação básica, por exemplo, os estados ficariam aliviados
de gastos imensos, liberando-se as verbas do Fundeb para a União.
FONTE: AGÊNCIA SENADO
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