Veja transcrição
de trechos do áudio de reunião de Temer com dono da JBS
O ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) Edson Fachin retirou o sigilo de parte da delação premiada do empresário
Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS, e autorizou a divulgação do áudio
da conversa do empresário com o presidente Michel Temer. De acordo com Batista,
a conversa foi gravada em março deste ano, em encontro no Palácio do Jaburu, e
o áudio foi entregue a procuradores do Ministério Público Federal (MPF).
O áudio tem cerca de 40 minutos, e
muitos trechos são de díficil entendimento por causa de ruídos.
Na conversa, Temer e Batista conversam
sobre a situação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi preso na
Operação Lava Jato. De acordo com reportagem do jornal O Globo, divulgada ontem
(17), na gravação, Temer teria sugerido que Joesley Batista continuasse a pagar
uma espécie de mesada a Cunha para que ficasse em silêncio e não revelasse
informações para os investigadores. Em pronunciamento nesta tarde, o presidente
Michel Temer disse que "em nenhum momento autorizei que pagasse a quem
quer que seja para ficar calado. Não comprei o silêncio de ninguém."
Veja a transcrição do trecho:
Joesley: Te ouvir um pouco, presidente,
como o senhor está nessa situação toda aí? Eduardo... Não sei o que... Lava
Jato...
Temer: O Eduardo [inaudível] me
fustigar, né? Você viu que...
Joesley: Eu não sei, como está essa
relação?
Temer: (...) a defesa... O Moro
indeferiu 21 perguntas dele que não tem nada a ver com a defesa dele. Era para
[inaudível]. No Supremo Tribunal Federal...
Aí, rapaz [inaudível], mas os 11
ministros [inaudível]
Joesley: Eu, dentro do possível, o
máximo que deu ali, zerei tudo. O que tinha de alguma pendência daqui para ali.
Zerou. Ele foi firme, foi em cima, já estava lá, veio, cobrou, tal. Pronto.
Acelerei o passo e tirei da frente. O outro menino, o companheiro dele que está
aqui [inaudível]. Geddel sempre estava [inaudível]. Geddel é que sempre andava
ali. Mas o Geddel com esse negócio eu perdio o contato porque ele virou
investigado, agora eu não posso encontrar ele.
Temer: É complicado. [inaudível] obstrução
de Justiça.
Joesley: Negócio dos vazamentos. O
telefone lá do Eduardo com o Geddel volta e meia citavam alguma coisa meio
tangenciando a nós, a não sei o que. Eu tô lá me defendendo.
Joesley: [inaudível]. Como é que eu...
Que que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora. Eu tô de bem com o
Eduardo...
Temer: Tem que manter isso, viu?
Joesley: [inaudível] Todo mês também.
Estou segurando as pontas por aí. [inaudível] os processos. Estou meio enrolado
aqui, no processo assim...
Temer: [inaudível]
Joesley: Isso, isso. Investigado. Eu não
tenho ainda a denúncia.
Em outro trecho da conversa, Joesley
Batista diz a Temer que está "segurando dois juízes" que estão com
casos em que o empresário é processado. Ele sinaliza, sem citar nomes, que tem
recebido informações privilegiadas de um procurador. Em nota, a assessoria do
Palácio do Planalto disse que, sobre esse trecho da conversa, “o presidente
Michel Temer não acreditou na veracidade das declarações. O empresário estava
sendo objeto de inquérito e por isso parecia contar vantagem. O presidente não
poderia crer que um juiz e um membro do Ministério Público estivessem sendo
cooptados”.
A Polícia Federal prendeu
preventivamente hoje o procurador Ângelo Goulart Vilela, investigado por
práticas ilícitas.
Veja transcrição do trecho:
Joesley: Aqui eu dei conta do juiz de um
lado. Do outro lado um juiz substituto que é o cara [inaudível] Eu consegui
(...) dentro da força-tarefa que está também está me dando informação. E eu lá,
que estou para dar conta de trocar o procurador que está atrás de mim. Se eu
der conta, tem o lado bom e o ruim. O lado bom é que dá uma esfriada até o
outro chegar e tal. O lado ruim é que se vem um cara com [inaudível]. O que
está me ajudando está bom, beleza. Agora tem um que está me investigando. Eu
consegui colar um no grupo. Agora estou tentando trocar...
Temer: O que está...
Joesley: Isso. Então está meio assim.
Eles estão de férias. Essa semana eu fiquei preocupado porque saiu um
burburinho de que ia trocar ele, não sei o que. Fiquei com medo... Muito bem.
Eu tô só contando essa história para dizer assim. Eu tô me defendendo. Me
segurando e tal. Os dois lá mantendo, tudo bem.
Em outro trecho, Joesley menciona o nome
Rodrigo. De acordo com reportagem do jornal O Globo, Joesley Batista disse, na
delação premiada, que o presidente Michel Temer indicou o deputado Rodrigo
Rocha Loures (PMDB-PR) para agir em nome de interesses do grupo JBS. A
assessoria do deputado informou ontem (17) que Rocha Loures estava fora do
país, com retorno programado para hoje e que esclareceria as denúncias.
Veja trecho da conversa:
Joesley: Enfim, mas vamos lá. Eu queria
falar sobre isso, falar como é que é (...) vim falar contigo, qual a melhor
maneira. Porque eu vinha falando através do Geddel. Eu não lhe incomodar,
evidentemente, se não for algo assim...
Temer: [inaudível]
Joesley: Eu sei disso, por isso é que...
Temer: [inaudível]
Joesley: É o Rodrigo? Ah, então ótimo.
Temer: [inaudível] pode passar por meio
dele. É da minha mais estrita confiança
Joesley: Eu prefiro combinar assim. Se
for alguma coisa que eu precisar, e tal, eu falo com o Rodrigo. Se for algum
assunto desse tipo, aí...
Fonte: Agência Brasil
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