Caminhada
indígena encerrou 10ª Primavera dos Museus, em Ilhéus
Na manhã do
último domingo, 25, a 10ª Primavera dos Museus foi encerrada com a realização
da 16ª Caminhada em Memória dos Mártires do Massacre do Rio Cururupe. Cerca de
duas mil pessoas, entre índios tupinambás, convidados e apoiadores da causa
indígena, percorreram o trajeto de Olivença até a foz do Rio Cururupe, à margem
da Rodovia Ba-001, que liga Ilhéus a Olivença. O evento é promovido pelo
Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e Ministério da Cultura, com apoio da
Secretaria de Cultura (Secult) de Ilhéus.
Desde 2000, a
caminhada ocorre, anualmente, em memória daqueles que lutaram pelo território
que foi invadido por Mem de Sá, terceiro governador geral do Brasil, em 1560,
que dizimou várias aldeias indígenas, desde a região do Rio de Contas até a
localidade onde hoje se encontra o município de Canavieiras. Também em
reverência ao caboclo Marcelino que fez uma resistência em 1929, para não
construção da ponte Pontal-Olivença, e como consequência teve sua família
assassinada e sua casa incendiada, tendo que fugir.
De acordo com
Cláudio Magalhães, liderança tupinambá, a caminhada também representa um ato de
resistência. “Ainda temos muita discriminação contra o povo indígena, atitudes
ofensivas e discursos de ódio contra a nossa raça. Nós enfrentamos essas
dificuldades, nossa causa precisa ser vista, se torna visível para que possamos
ter o mais rápido possível a demarcação de nosso território” destacou.
A liderança
tupinambá também fez uma referência entre a Primavera dos Museus e os Povos
Indígenas. “Nossa comunidade indígena é uma resistência viva, falamos de museu
como espaço para a história, apresentação da cultura, seja ela indígena ou de
outra natureza. Nós temos diversos elementos históricos e culturais vivos
dentro das nossas aldeias, então essa é uma relação muito próxima, dos museus
com os indígenas”, enfatizou.
Recentemente,
foi reaberto à comunidade o Museu do Cacau, sob coordenação do professor
Marcelo Dias, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Nesse local, há
uma urna funerária indígena exposta para visitação. “Assim, teremos essa
história recente sendo vista, afinal 516 anos não é muito. A relação de
resistência do povo indígena passa por todos esses anos até hoje. E junto a
esses regates históricos, precisamos ter respeitado os direitos culturais dos
povos indígenas, dos povos tradicionais de nossa região, e museus também são
instrumentos para isso”, concluiu Cláudio Magalhães, liderança tupinambá.
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