Plebiscito sobre
reforma política divide opiniões entre líderes partidários
Alguns partidos querem novas regras
valendo para 2014; outras legendas defendem um referendo como alternativa ao
plebiscito.
Os líderes partidários estão divididos
sobre a proposta de plebiscito sobre a reforma política encaminhada ao
Congresso pelo Executivo nesta terça-feira (2). A proposta foi debatida por
mais de duas horas na reunião de líderes, mas ainda não há acordo sobre a
realização do plebiscito ou sobre a viabilidade de as eventuais mudanças
político-eleitorais serem aplicadas na eleição de 2014.
Segundo o líder do PT, deputado José
Guimarães (CE), há três vertentes: a defesa do plebiscito neste ano, como quer
a presidente da República; a realização do plebiscito em 2014, junto com o
calendário eleitoral; e a votação de uma reforma política pelo Congresso e
condicionada a um referendo.
Guimarães disse que os líderes voltarão
a discutir o tema na próxima terça-feira (9), quando algumas sugestões de
perguntas serão apresentadas e será criado um grupo de trabalho para discutir o
plebiscito. "As lideranças têm opiniões diferentes. Mesmo entre os líderes
da base, muitos se manifestaram pelo plebiscito e outros ponderaram a
viabilidade temporal do plebiscito", disse.
Sem acordo
O líder do governo, deputado Arlindo
Chinaglia (PT-SP), admitiu que há uma corrida contra o relógio e que não se
sabe se as mudanças poderão entrar em vigor em 2014. Ele disse que é preciso
entender melhor o prazo de 70 dias exigido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
para organizar o plebiscito.
Chinaglia lembrou que, para valer em
2014, as mudanças aprovadas pelo plebiscito precisam ser convertidas em norma
legal até o dia 5 de outubro, um ano antes das eleições.
"Esse prazo do TSE pode criar
condições ou sepultar as mudanças para 2014. Se trabalhássemos com uma hipótese
de acordo, daria; mas a ideia de acordo sobre reforma política é praticamente
impossível", disse Chinaglia. Segundo ele, na próxima semana os líderes
terão condição de avaliar se o tempo físico (o calendário do TSE e o limite de
5 de outubro) vai permitir o tempo político (de análise pelo Congresso).
Prazo curto
Para o líder do DEM, deputado Ronaldo
Caiado (GO), não há possibilidade de o resultado do plebiscito ser aplicado em
2014. "Desenhar para a sociedade que o plebiscito vai surtir efeito para
2014 não é verdade, é uma armadilha", disse.
Caiado ressaltou que a mudança no
sistema eleitoral, um dos pontos apresentados pela presidente, só é possível
por meio de proposta de emenda à Constituição, que demora cerca de dois a três
meses para tramitar no Congresso. Assim, as novas regras não seriam aprovadas
até outubro, requisito para valer para a eleição de 2014.
O PMDB faz parte do grupo que defende
que a consulta popular seja feita junto com as eleições de 2014. Assim, a
proposta só valeria para as eleições seguintes. "A bancada apoia a
consulta popular, seja ela plebiscito ou referendo, desde que seja feita em
2014", disse o líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ).
Plebiscito x referendo
O PPS e o PR estão em um grupo que
defende a realização de um referendo, e não um plebiscito. O líder do PPS,
deputado Rubens Bueno (PR), defende que o Congresso aprove uma reforma política
e a submeta a referendo durante o segundo turno da eleição de 2014.
"A carta da presidente da República
fala em voto distrital, sistema eleitoral, financiamento de campanhas, mas não
traz respostas às manifestações das ruas, que pedem mais saúde, educação,
transporte e o fim da corrupção", disse Rubens Bueno.
O líder do PR, deputado Anthony
Garotinho (RJ), também acha que o plebiscito não atende às reivindicações
populares e defendeu o referendo.
Bueno também chamou de oportunista a
inclusão, na mensagem da presidente, do fim do voto secreto para cassações, tema
já incluído na agenda positiva do Congresso. Proposta nesse sentido (PEC
196/12) teve a admissibilidade aprovada pela CCJ na última semana.
Já o líder do Psol, deputado Ivan
Valente (SP), defende que a reforma política seja submetida a plebiscito e, depois,
a referendo. "Apoiamos o plebiscito desde que exista tempo hábil para se
discutir as principais questões, como o financiamento público, e que seja depois
submetido a um referendo."
Cinco temas
A proposta do Executivo para o Congresso
sobre o plebiscito da reforma política prevê a consulta pública sobre cinco
temas: financiamento de campanhas, sistema eleitoral, suplência de senadores,
coligações partidárias e voto secreto no Parlamento. O texto foi entregue na
manhã desta terça-feira pelo vice-presidente da República, Michel Temer, e o
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, aos presidentes da Câmara, Henrique
Eduardo Alves, e do Senado, Renan Calheiros.
FONTE: AGÊNCIA CÂMARA NOTÍCIAS
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