Comissão
especial aprova novo Código de Processo Civil
Deputados foram favoráveis a quatro destaques
ao texto, que tem o objetivo de dar mais celeridade à tramitação das ações
cíveis, com a aplicação da mesma decisão em ações repetitivas e a conversão de
ações individuais em coletivas, entre outras inovações. Expectativa é de que o
Plenário vote o projeto em agosto.
A comissão especial que analisa o
projeto do novo Código de Processo Civil (PL 8046/10) aprovou nesta
quarta-feira a proposta, com a conclusão da votação dos destaques. O texto
principal havia sido aprovado na terça-feira (16). O projeto do CPC determina
as regras de tramitação de todas as ações não penais, o que inclui Direito de
Família, Direito de Trabalho, Direito do Consumidor e ações de indenização,
entre outros.
expectativa do presidente da comissão,
deputado Fabio Trad (PMDB-ES), é de que o projeto seja votado em Plenário ainda
em agosto. Após a aprovação, os integrantes do colegiado foram ao gabinete do
presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, pedir que a proposta seja incluída
na pauta no próximo mês.
O ponto de maior controvérsia durante a
votação na comissão foi a realização de audiência preliminar antes da análise
de liminares de reintegração de posse de terras e imóveis invadidos. A bancada
ligada ao agronegócio não gostou do texto inicial do relator, deputado Paulo Teixeira
(PT-SP), que obrigava a audiência nas invasões com duração superior a um ano e
facultava a realização da conciliação nos conflitos com menos de um ano.
O DEM e o PP apresentaram destaques para
retirar esse artigo, mas os deputados conseguiram chegar a um acordo. A
audiência de conciliação só será realizada nos impasses que durarem mais de um
ano. A audiência vai ter a participação dos donos dos imóveis, de integrantes
do Ministério Público e da Defensoria Pública. A votação foi acompanhada por
representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
(Contag).
Paulo Teixeira destacou que essa redação
agrada tanto aos donos de terra quanto aos trabalhadores rurais e vai permitir
que alguns conflitos tenham solução pacífica. “Com essa regra, nós
estabelecemos uma série de mecanismos que garantem a defesa das pessoas
envolvidas nesses conflitos fundiários, por meio da presença da Defensoria Pública
e do Ministério Público. Ao mesmo tempo, garantimos que o juiz pode chamar o
Incra e a prefeitura para evitar um despejo quando for possível um desfecho
acordado entre as partes”.
O deputado Efraim Filho (DEM-PB), autor
de um dos destaques para retirar o artigo, também concordou com a mudança.
“Para as situações que há mais de um ano apresentam litígio e, por isso, têm
maior grau de dificuldade, a exigência de audiência preliminar permite a
mediação e a conciliação. Mas nas invasões recentes, a liminar da Justiça
continua sendo o instrumento para resguardar a propriedade privada”, disse.
Destaques aprovados
A comissão aprovou quatro destaques.
Dois deles, apresentados pelo PMDB, tratam de normas para os tribunais
marítimos. Um deles transforma em título executivo judicial os acórdãos
proferidos por esses tribunais e o outro prevê a suspensão do processo no caso
de acidentes e fatos da navegação que sejam de competência dos tribunais
marítimos.
Esses tribunais são órgãos autônomos,
auxiliares do Poder Judiciário, mas vinculados ao Comando da Marinha, e têm
como atribuições julgar os acidentes e fatos da navegação marítima, fluvial e
lacustre, bem como manter o registro da propriedade marítima.
Os deputados também aprovaram um
terceiro destaque do PMDB, com o objetivo de deixar claro na proposta que as
partes da ação individual serão ouvidas antes que ela seja convertida em ação
coletiva. A conversão de ação individual em coletiva é uma das inovações incluídas
pela Câmara no novo CPC.
Outro destaque aprovado, apresentado
pelo PSC, incluiu no texto a separação judicial em todos os dispositivos que
tratem de divórcio, para manter a separação como uma opção ao casal. “Esse
destaque passa a deixar claro algo que muitos juristas já sustentam atualmente,
que é a faculdade do casal de, em vez de se divorciar, se separar judicialmente
antes de optar pelo fim completo do matrimônio com o divórcio”, explicou o
advogado Luiz Henrique Volpe, que integrou a comissão de juristas que auxiliou
Paulo Teixeira.
Comissão de juristas
O projeto do novo CPC foi elaborado em
2009 por uma comissão de juristas presidida pelo ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Luiz Fux. O objetivo da reforma é dar mais celeridade à
tramitação das ações cíveis com a redução de recursos, diminuição de
formalidades e criação de uma ferramenta específica para tratar das ações
repetitivas. O projeto foi aprovado pelos senadores em dezembro de 2010 e
tramita na comissão especial da Câmara desde agosto de 2011.
FONTE: AGÊNCIA CÂMARA DE NOTÍCIAS
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