Dirigente alega
“renovação natural” do PT sobre saída de Dirceu e Genoino
Agora é definitivo. José Dirceu, José
Genoino e João Paulo Cunha, três petistas históricos, com passagens no
Parlamento e no Executivo, não integram a chapa da corrente Construindo um Novo
Brasil (CNB), majoritária no Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores
(PT), para o ano que vem. Notícias sobre o afastamento do ex-ministro-chefe da
Casa Civil durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos
deputados federais, todos envolvidos na Ação Penal 470 do Supremo Tribunal
Federal (STF), começaram a ser divulgadas em sites e blogs na internet, mas
somente nesta segunda-feira foram confirmadas por um integrante da direção
partidária. Segundo o petista Alberto Cantalice, do Rio de Janeiro, “trata-se
de uma renovação natural do partido” a exclusão de três dos fundadores da
legenda.
– Outros companheiros da ‘velha-guarda’
também deixaram de pertencer à direção do partido, que se renova agora com
metade homens, metade mulheres, com 20% de negros e 20% de origem indígena.
Nessa nova configuração, embora a espinha dorsal da legenda esteja preservada,
haverá uma mudança muito grande. E não creio que este fato repercutirá de forma
negativa na legenda – afirmou Cantalice.
As reações de militantes do partido, no
entanto, não espelham exatamente o que afirmou o dirigente petista. Um artigo
do jornalista Breno Altman, na sexta-feira, serviu como diapasão para o nível
das críticas à agremiação partidária. Altman classificou o afastamento dos
líderes petistas de “uma decisão vergonhosa”.
“Se o PT considera que o julgamento foi
de exceção, a revelia das provas e das normas constituicionais, por que a
principal corrente partidária afasta dirigentes históricos da chapa para as
próximas eleições internas?”, questionou.
Nem Genoino ou José Dirceu foram
encontrados, de imediato, para entrevistas ao Correio do Brasil, mas no
gabinete do deputado João Paulo Cunha, um de seus assessores disse, em condição
de anonimato, que o parlamentar, mesmo fora do Diretório Nacional, seguirá na
área de influência das decisões partidárias.
– Não há porque o deputado, que é um dos
fundadores do PT, deixar de ser ouvido nas instâncias de decisão, pois sempre
terá muito a contribuir. Em relação ao processo a que responde no STF,
acreditamos que os embargos trarão uma nova luz sobre a matéria, mas isso
independe de ele seguir, ou não, como integrante do Diretório – afirmou.
É fato, porém, que a decisão não passou
facilmente pela direção da legenda, pois assessores próximos a Dirceu
classificou, na sexta-feira, o ato de afastar três de seus fundadores como “uma
patetada”. Na avaliação de um deles, “houve uma precipitação sobre os rumos do
julgamento, a partir da pressão das ruas”. Erros graves no relatório da AP 470
se consolidam como uma “alternativa viável” à liberdade de Dirceu e Genoino, acrescentou
a fonte.
– Está cada vez mais evidente, tanto
para o Supremo Tribunal Federal (STF) quanto para os brasileiros, que o relator
da Ação, ministro Joaquim Barbosa, cometeu erros graves que, corrigidos pela
nova configuração do Plenário da Corte Suprema, mudam diametralmente as penas
prolatadas na sentença – afirmou.
Ano passado, logo após a série de
condenações, o partido chegou a manifestar apoio públicos aos réus. Diante da
decisão do diretório, de afastá-lo da direção do partido, Genoino optou por não
polemizar e aceitou a medida.
– Eu não tenho preocupação em sair da
chapa, mesmo porque não queria estar na direção desde que deixei a presidência
do PT. Nunca reivindiquei nada e acho isso absolutamente normal – disse Genoino
a jornalistas, na última sexta-feira, antes de ter confirmada sua exclusão do
novo diretório.
FONTE: CORREIO DO BRASIL
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