Câmara aprova
royalties do petróleo para educação e saúde
Texto do governo destinava 100% dos
royalties para a educação. Proposta é considerada prioritária pela presidente
Dilma Rousseff para dar resposta às manifestações que cobram mais recursos para
o setor.
O Plenário aprovou, na madrugada desta
quarta-feira (26), o projeto que destina os recursos dos royalties do petróleo
à educação pública, com prioridade para a educação básica, e à saúde. A matéria
foi aprovada na forma de um substitutivo do deputado André Figueiredo (PDT-CE)
ao Projeto de Lei 323/07, que precisa ser votado ainda pelo Senado.
O texto prevê o uso de recursos dos
contratos já existentes, contanto que os poços entrem em operação comercial
após 3 de dezembro de 2012. Isso abrangeria vários contratos atuais de blocos
de exploração que ainda não chegaram a essa fase, em que o poço começa a
produção em escala comercial.
Para a educação, serão destinados 75%
dos recursos; e 25% irão para a saúde, segundo emenda do líder do DEM, deputado
Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Contratos posteriores
A base usada pelo relator foi o Projeto
de Lei 5500/13, do Executivo, que tramita com urgência constitucional e
trancava os trabalhos. O texto do governo previa o uso somente dos royalties e
da participação especial dos contratos assinados depois dessa data, quando
ocorreu a publicação da nova lei sobre divisão dos royalties entre os estados.
Essa lei (12.734/12) está pendente de
decisão final do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto à constitucionalidade da
nova divisão entre os estados com base nos critérios de rateio dos fundos de
participação dos municípios (FPM) e dos estados (FPE).
Na mesma data, foi publicada a Medida
Provisória 592/12, que já destinava todos os recursos dos royalties à educação,
mas também apenas quanto aos contratos novos. A MP perdeu a validade em maio de
2013. “Com o substitutivo, poderemos valorizar mais os professores com recursos
a curto e médio prazo, sem precisarmos esperar dez anos para usar o dinheiro do
pré-sal”, afirmou o relator.
Para Caiado, prevaleceu o bom senso.
“Não fizemos um repasse indefinido do Fundo Social a essas áreas e resgatamos o
compromisso dessa Casa para atender a educação e também a saúde”, afirmou.
Exploração comercial
Cálculos do relator indicam que o total
de recursos à disposição dessas áreas aumentaria de R$ 25,8 bilhões para R$
335,8 bilhões ao longo de dez anos (2013 a 2022).
Segundo ele, isso seria possível graças
aos contratos mais antigos que irão começar a produzir comercialmente nos
próximos anos sob qualquer tipo de contrato: concessão (Lei 9.478/97), cessão
onerosa à Petrobras (Lei 12.276/10) ou de partilha de produção (Lei 12.351/10).
Em todos os casos, trata-se da lavra
apenas na plataforma continental, no mar territorial ou na zona econômica
exclusiva.
Fundo Social
Outra fonte de recursos para a educação
prevista no relatório é o Fundo Social do pré-sal, criado pela lei que
regulamentou a exploração do petróleo nessa camada geológica.
De acordo com o projeto do governo,
seriam usados para a educação 50% dos rendimentos desse fundo, para o qual
devem ser destinados os royalties e a participação especial da União referentes
ao petróleo do pré-sal extraído sob o regime de concessão.
O substitutivo de Figueiredo determina o
uso de 50% de todos os recursos recebidos pelo fundo nesse setor e não apenas
metade de seus rendimentos. Entretanto, nas últimas negociações antes da
votação, ele impôs um limite ao uso desse dinheiro.
Ele deverá ser usado até que sejam
alcançadas as metas do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê o alcance,
em dez anos, de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) aplicados na educação.
Atualmente, segundo a lei, o dinheiro do
fundo poderá ser usado também para projetos nas áreas de cultura, esporte,
saúde pública, ciência e tecnologia, meio ambiente, e mitigação e adaptação às
mudanças climáticas.
Sobre o uso do capital principal do
fundo, o líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) alertou que isso
pode comprometer esse fundo. “Eu temo pela proposta”, disse, lembrando ainda
que a matéria pode ser considerada inconstitucional por redirecionar recursos
vinculados a contratos antigos.
Área de exploração
Também deverão ser destinadas à educação
as receitas conseguidas pela Petrosal em negociações com a empresa que explora
blocos cuja jazida se estenda além da área concedida para outras não concedidas
ou não partilhadas. Esse procedimento é conhecido como individualização da
produção.
A Petrosal é uma estatal criada para
gerenciar os contratos sob o regime de partilha da produção, no qual a União
fica com parte do petróleo produzido para venda posterior.
Adicionalmente, André Figueiredo propõe
que o excedente de óleo da União seja de, no mínimo, 60% da parcela que sobrar
depois de deduzidos os custos calculados em óleo e os royalties.
Na lei atual, cabe ao Conselho Nacional
de Política Energética (CNPE) definir os critérios para encontrar esse excedente
e o percentual mínimo.
Pesquisa e lavra
Para viabilizar a votação, André
Figueiredo concordou em retirar artigos que previam uma última fonte de
recursos para a educação: a decorrente de contratos de prestação de serviços
que seriam assinados pela União com a Petrobras para a realização de atividades
de pesquisa e lavra em áreas do pré-sal.
FONTE: AGÊNCIA CÂMARA NOTÍCIAS
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