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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

DIVERSAS

Lula chama sindicatos de oportunistas por reivindicar mínimo maior
Depois de 37 dias de silêncio sobre questões governamentais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quebrou o silêncio ontem, segunda-feira 7,, em Dacar, no Senegal, para chamar os 'colegas sindicalistas' de 'oportunistas' por estarem pleiteando um salário mínimo superior aos R$ 545 oferecidos pelo governo. O ex-presidente cobrou ainda que os sindicatos mantenham a palavra empenhada no acordo firmado na sua gestão, que prevê o reajuste do mínimo a partir da soma do índice de inflação anual e da variação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos dois anos anteriores.
As críticas foram feitas pouco antes de seu discurso como convidado do 11o Fórum Social Mundial (FSM), em Dacar, no Senegal. Até então, Lula não demonstrava intenção de falar naquele momento aos jornalistas, mas ao ser questionado sobre o salário mínimo, na saída do hotel Terrou-Bi, entre um encontro com o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, e sua participação no fórum, o ex-presidente parou e demonstrou sua insatisfação com os rumos da controvérsia.
Demonstrando contrariedade com a reivindicação dos sindicalistas, Lula lembrou da participação dos sindicatos na discussão do acordo com o Ministério da Previdência que resultou na atual política de reajustes. 'Isso foi um acordo feito com os dirigentes sindicais quando o (Luiz) Marinho era o ministro da Previdência. Foi combinado que o reajuste seria feito com base no PIB e na inflação até 2023 para que a gente pudesse recuperar definitivamente o salário mínimo', lembrou o ex-presidente.
A seguir, Lula disparou: 'O que não pode é nossos colegas sindicalistas quererem a cada momento mudar as regras do jogo. Ou você tem uma regra, aprova na Câmara e vira lei e todo mundo fica tranquilo, ou você fica como o oportunista'. Então, ironizou as reivindicações dos sindicatos, que pediram ao governo a antecipação para este ano do reajuste previsto para 2012. 'Quando a inflação é maior você quer antecipar, quando o PIB é menor, você quer antecipa', reclamou, antes de exemplificar: 'Se é verdade que nesse ano o PIB mais a inflação ia dar zero, no outro ia dar 8%. Então tem a compensação'.
Demonstrando interesse pelo tema, Lula ressaltou mais de uma vez que a norma de reajuste do mínimo não foi estabelecida pelo seu governo, mais em conjunto com os movimentos trabalhistas. 'Eu penso que seria prudente (sic) que os nossos companheiros sindicalistas soubesses que a proposta não é do governo', argumentou. 'A proposta é uma combinação entre todos nós. Eu espero que eles façam acordo.'
Apesar do opinar sobre o tema, Lula disse que não aceitaria mediar um acordo entre o governo de Dilma Rousseff e os sindicatos. 'Não, porque não é tarefa minha conversar. É da Dilma e do Congresso', ponderou. 'O Congresso está lá para tomar conta dessa história.' Questionado se não se sentia à vontade na eventual função de negociador, o ex-presidente disse que não haveria problemas. Mas insistiu não ser necessário. 'Me sinto à vontade, porque sou amigo dos dirigentes sindicalistas, somos companheiros', disse. 'Mas eles estão conversando com o governo e com o ministro Gilberto Carvalho (secretário-geral da presidência, que também está no Senegal liderando a comitiva brasileira no fórum) e acho que vão entrar em um acordo.'
FONTE: Por Andrei Netto, de O Estado de S.Paulo, estadao.com.br

Abin reage a controle militar em carta a Dilma e rejeita ser 'Tropa do Elito'

BRASÍLIA - Sem saber exatamente o que a presidente Dilma Rousseff pretende fazer com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a chamada 'comunidade de inteligência' entrou em choque com o general José Elito, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Desde a criação, em 1999, a Abin é subordinada ao GSI. O estopim da rebelião foi a exigência do general de que todos os relatórios do serviço de inteligência sejam submetidos previamente à sua análise.
A decisão do general de avaliar a possibilidade de acabar com o Departamento de Contraterrorismo (DCT), criado em 2008 na gestão Paulo Lacerda, aprofundou ainda mais a crise envolvendo a Segurança Institucional e a Associação dos Oficiais de Inteligência (Aofi).
A associação pediu audiência no Planalto para discutir a crise e foi recebida no dia 27 de janeiro por três funcionários da chefia do Gabinete da Presidência, o que deixou ainda mais irritado o general. Giles Azevedo, chefe de Gabinete da Presidência, não estava presente na reunião.
Carta. Em carta entregue à Presidência, a 'comunidade de inteligência' pede que a Abin não tenha nem subordinação militar nem subordinação policial. Em evidente trocadilho com o filme Tropa de Elite, funcionários da Abin dizem que não querem ser da 'Tropa de Elito'.
A Aofi pede que a agência seja ligada diretamente à Presidência da República. 'Solicitamos à Presidência um comando civil para a Abin uma vez que somos funcionários públicos civis, pertencentes a uma instituição civil', disse um oficial da associação. Ele pediu que a identidade fosse mantida em sigilo por ser agente que faz serviço de campo.
A equipe de transição da presidente chegou a estudar a desvinculação da Abin da Segurança Institucional, mas o trabalho ficou pela metade e até agora não há clareza sobre o que o novo governo quer da agência.
A associação dos oficiais de inteligência foi criada em 5 de novembro passado e serve de contraponto à Associação dos Servidores da Abin, composta principalmente por funcionário oriundos da 'comunidade de informações', muitos com experiência no Serviço Nacional de Informações (SNI). A direção ainda é interina e aguarda a realização da primeira eleição.
'Que se exploda'. A possibilidade de acabar com o Departamento de Contraterrorismo foi considerada uma ideia 'despropositada' pelos oficias da inteligência. Avisado de que não poderia acabar com o departamento porque o Brasil é signatário de tratados internacionais coordenados pelas Nações Unidas, o general, conforme relatos feitos ao Estado, desabafou: 'Quero que a ONU se exploda'.
O confronto entre o general Elito e os funcionários da Abin começou logo nas primeiras reuniões depois da posse, no dia 5 de janeiro, quando ele avisou que a principal reivindicação da categoria - a desvinculação da Abin do GSI - só aconteceria 'se ele saísse do cargo'.
A possibilidade de tirar a Abin é vista pelo general como um ato de esvaziamento do GSI, reduzindo seu trabalho à segurança presidencial, como era no antigo Gabinete Militar.
Na sequência das primeiras reuniões, o general exigiu que os relatórios do serviço de inteligência passem pelo seu crivo e tenham um espaço para observações do chefe do GSI, antes de irem para o Sisbin, o Sistema Brasileiro de Inteligência.
A iniciativa foi considerada 'centralizadora' e 'inadequada' porque a doutrina de inteligência exige que os relatórios sejam imparciais e isentos de qualquer opinião. Além do clima beligerante com a Abin, o general começou estreando no comando do GSI criando uma saia justa para o governo Dilma.
Desaparecidos. No dia da posse, Elito, que comandou a Força de Paz da ONU no Haiti (Minustah), afirmou que os desaparecidos políticos não deveriam ser motivo de vergonha para o Brasil. O general foi chamado por Dilma para se explicar, mas não foi repreendido publicamente. Disse que foi mal interpretado.
FONTE: estadao.com.br


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