Tese avalia
"Padrões espaciais dos homicídios associado ao Indicador Adaptado de
Condição de Vida, no Município de Itabuna- BA"
Professora Flavia Moura Costa defendeu a
primeira tese do curso de Doutorado em Saúde Pública, interinstitucional, da
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da USP, em convênio com a UFMA e UESC.
A tese, "Padrões espaciais dos
homicídios associado ao Indicador Adaptado de Condição de Vida, no Município de
Itabuna- BA", foi defendida pela prof. Flávia Azevedo de Mattos Moura
Costa. Tratou-se da primeira defesa de tese do curso de Doutorado em Saúde
Pública, interinstitucional, cuja instituição promotora é a Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, em convênio com a
Universidade Federal do Maranhão - UFMA e Universidade Estadual de Santa Cruz
-UESC.
A defesa ocorreu no dia 5 de junho,
tendo uma banca com três professores da
USP e dois da UESC, profa. Dra. Maridalva de Souza Penteado e Prof Dr. Maurício
Santana Moreau. O curso teve inicio em maio de 2011 e vai terminar em dezembro
de 2014. Dos 15 alunos, sete são da UESC e oito da UFMA.
A Tese
Considerada um flagelo social, a
violência, em especial o homicídio, é problema de saúde pública de grande
magnitude e transcendência, que provoca forte impacto na mortalidade da
população, sendo fundamental compreender sua ocorrência no contexto das
condições de vida da população e do espaço que a envolve.
Este estudo, explica a professora Fávia
Moura Costa, com delineamento híbrido, ecológico e de tendência temporal, teve
como objetivo obter o padrão espacial dos homicídios, segundo local de
residência de suas vítimas, no município de Itabuna-BA, no período de 2006 a
2012, relacionando-o ao Indicador Adaptado de Condição de Vida no ano de 2010.
A população envolvida no estudo constituiu-se de todos os homicídios de
residentes no município ocorridos no período estudado.
Os dados de mortalidade foram obtidos do
Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde e as informações,
que compuseram o Indicador Adaptado de Condição de Vida foram coletadas do
Censo Demográfico de 2010, sendo a unidade de análise o setor censitário.
Indicadores epidemiológicos, Anos Potenciais de Vida Perdidos, mapas temáticos
e estimador de densidade Kernel foram obtidos.
Para a elaboração do Indicador Adaptado
de Condição de Vida foi utilizada a Análise Fatorial com os estratos de
condição de vida definidos por meio da técnica de agrupamento (hierarchical
cluster analysis). Os testes Qui-quadrado e Razão de Chances bruto foram
calculados segundo nível socioeconômico para verificação de associação entre os
casos de homicídios e a baixa condição de vida. Os softwares ArcGIS 10 e SPSS
18 foram utilizados.
94% das mortes foram masculinos
De acordo com a professora "o
aumento dos homicídios observado ao longo dos anos analisados foi de 214%,
sendo que 94% deles incidiram na população masculina. Entre estes, o
crescimento se deu principalmente para os mais jovens, de 15 a 29 anos. A arma
de fogo foi o instrumento responsável pelos homicídios, em 83% das mortes.
Quanto às variáveis que compuseram o Indicador Adaptado aquelas com maiores
cargas fatoriais foram: população alfabetizada acima de 10 anos de idade
(0,920); proporção de crianças até 5 anos de idade (0,801) e população
alfabetizada com idade entre 10 a 14 anos (0,720)."
O
município foi classificado em quatro clusters: alta, média, baixa e muito baixa
condição de vida. A comparação dos mapas de condição de vida e residência das
vítimas de homicídios evidenciou relação entre o fenômeno e as áreas mais
carentes da zona urbana. A Razão de
Chances bruto quando comparados os clusters alta e baixa condição de vida foi
igual a 12,62 (RC=12,62; IC 95%:[4,78 ; 33,32])
e igual a 6,93 para os clusters de média e baixa condição de vida (RC=
6,93; IC 95%:[2,76 ; 17,4]).
A mortalidade por homicídios em Itabuna
atinge índices observados nas grandes metrópoles do país na década de 1980,
evidenciando que o fenômeno da criminalidade violenta, antes predominante
apenas nos grandes centros urbanos, avança para o interior provocando mudanças
no mapa da violência homicida no país. A estratificação do município, segundo
condições de vida e distribuição espacial das residências das vítimas de
homicídios, permitiu a identificação de áreas onde a população está mais
vulnerável, fornecendo subsídios para ações de vigilância à questão da
violência.
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