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sábado, 29 de junho de 2013

Nossas misérias são do tamanho do homem

Nossas misérias são do tamanho do homem
És que de repente, como de assalto, surge uma multidão protestando contra o aumento da passagem dos transportes coletivos, exigindo qualidade nos serviços, um serviço coletivo humanizado, programado para atender as necessidades dos usuários desse tipo de transportes que a cada dia fica mais imprestável devido à falta de políticas públicas de qualidade e de fiscalização por parte dos órgãos competente.
O fato é que o fenômeno pegou de surpresa nossa nação e nossas instituições como partidos, centrais sindicais, congresso nacional, assembleias, câmeras de vereadores, mídia oportunista rechaçada, bandeiras rasgadas, policia militar nos moldes da ditadura militar, o povo em fúria reprimida extravasando seu ódio pela “elite social e política”, saques, fogo, depredação, esperança roubada, saqueada, debochada, vilipendiada, todos os anseios unidos, reunidos, juntas em uma só frustração: a miséria de uma sociedade miserável, vestida com a miséria da nossa “elite” miserável, sínica, cega, muda e surda, descompensada politicamente mas conectada para seus interesses e dos seus apaniguados.
A Bandeira da União dos Brasileiros surge como fenômeno dos anseios de um ”povo heróico, bravo e varonil”, como diz nosso Hino Nacional e que é uma verdade, gritando que o gigante acordou. Eles não sabem ou não perceberam que o gigante nunca dormiu jamais. Nossas bandeiras estavam levantadas há muito tempo colorindo o espaço a espera de braços para desfraldá-las ao vento, tremulá-las com toda energia da nossa história de um povo lutador desde a escravidão dos nossos índios, passando por Zumbi dos Palmares, Tiradentes, Alfaiates, Balaiada, Farrapos, Canudos, Antonio Conselheiro, Maria Quitéria, Guerrilha do Araguaia, Lampião, caras pintadas, e outras lutas do povo contra a tirania instalada com a cara de democracia presa nos pré-conceitos da elite (ouça o zum-zum-zum da classe média e suas pérolas contra a lei que regulamenta o trabalho da(o)s empregada(o)s doméstica(o)s,  vejam os pré-conceitos sobre a bolsa família, conheça a PL sobre terceirização do Dep. Sandro Mabel indo na contra mão dos avanços conquistados pelos trabalhadores) e é ai que o povo em uníssono avança sobre os castelos de areia criado para iludi-los, enquanto projetos importantes benéficos a sociedade laboriosa ficam engavetados.
Os investimentos essenciais em serviços como educação, saúde, habitação, servem para o bem comum, fortalecendo os tecidos sociais do tamanho das necessidades dos donos das riquezas produzidas e não distribuída em prestações de serviços, obedecendo nossa carta maior (constituição), rasgada pelos nossos representantes eleitos pelo voto popular e que não cumprem com as responsabilidades de um país democrático e de um povo soberano, desmoralizando-o, envergonhando nossas instituições que foram constituídas pela força do nosso povo com a finalidade de fortalecermos nossa democracia.
Por isso, qualquer análise tem que partir das necessidades e da realidade política das condições precários dos nossos serviços, da vontade e da ação planejada para qualificá-los e do bom uso dos impostos pagos com o suor dos trabalhadores. Precisamos fazer uma análise profunda do executivo, legislativo e judiciário e suas manipulações mercantilistas, navegando sobre o povo na boçalidade das suas arrogâncias, presos em seus pré-conceitos superlativos de poder, de força, sem imaginar o tamanho das suas responsabilidades conferidas pelo sufrágio tão caro a nossa democracia superficial, vícios esses que vem da soberba ignorância e da covardia, fugindo do viver para servir e do olhar-se, com as virtudes do verdadeiro humano superior, usando a razão para superar a ganância, a mediocridade, a corrupção do homem pelo homem, para não ficarmos ilhados em nossas próprias misérias sem enxergarmos que somos todos miseráveis, e para fugirmos desta miséria, lutemos unidos contra os miseráveis de plantão.

Valter Moraes - Graduado em Filosofia, pós-graduado em Psicologia Organizacional e do Trabalho, pós-graduando em Economia das Sociedades Cooperativas.

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