Nossas misérias
são do tamanho do homem
És que de repente, como de assalto,
surge uma multidão protestando contra o aumento da passagem dos transportes
coletivos, exigindo qualidade nos serviços, um serviço coletivo humanizado,
programado para atender as necessidades dos usuários desse tipo de transportes
que a cada dia fica mais imprestável devido à falta de políticas públicas de
qualidade e de fiscalização por parte dos órgãos competente.
O fato é que o fenômeno pegou de
surpresa nossa nação e nossas instituições como partidos, centrais sindicais,
congresso nacional, assembleias, câmeras de vereadores, mídia oportunista
rechaçada, bandeiras rasgadas, policia militar nos moldes da ditadura militar,
o povo em fúria reprimida extravasando seu ódio pela “elite social e política”,
saques, fogo, depredação, esperança roubada, saqueada, debochada, vilipendiada,
todos os anseios unidos, reunidos, juntas em uma só frustração: a miséria de
uma sociedade miserável, vestida com a miséria da nossa “elite” miserável,
sínica, cega, muda e surda, descompensada politicamente mas conectada para seus
interesses e dos seus apaniguados.
A Bandeira da União dos Brasileiros
surge como fenômeno dos anseios de um ”povo heróico, bravo e varonil”, como diz
nosso Hino Nacional e que é uma verdade, gritando que o gigante acordou. Eles
não sabem ou não perceberam que o gigante nunca dormiu jamais. Nossas bandeiras
estavam levantadas há muito tempo colorindo o espaço a espera de braços para
desfraldá-las ao vento, tremulá-las com toda energia da nossa história de um
povo lutador desde a escravidão dos nossos índios, passando por Zumbi dos
Palmares, Tiradentes, Alfaiates, Balaiada, Farrapos, Canudos, Antonio
Conselheiro, Maria Quitéria, Guerrilha do Araguaia, Lampião, caras pintadas, e
outras lutas do povo contra a tirania instalada com a cara de democracia presa
nos pré-conceitos da elite (ouça o zum-zum-zum da classe média e suas pérolas
contra a lei que regulamenta o trabalho da(o)s empregada(o)s
doméstica(o)s, vejam os pré-conceitos sobre
a bolsa família, conheça a PL sobre terceirização do Dep. Sandro Mabel indo na
contra mão dos avanços conquistados pelos trabalhadores) e é ai que o povo em
uníssono avança sobre os castelos de areia criado para iludi-los, enquanto
projetos importantes benéficos a sociedade laboriosa ficam engavetados.
Os investimentos essenciais em serviços
como educação, saúde, habitação, servem para o bem comum, fortalecendo os
tecidos sociais do tamanho das necessidades dos donos das riquezas produzidas e
não distribuída em prestações de serviços, obedecendo nossa carta maior
(constituição), rasgada pelos nossos representantes eleitos pelo voto popular e
que não cumprem com as responsabilidades de um país democrático e de um povo
soberano, desmoralizando-o, envergonhando nossas instituições que foram constituídas
pela força do nosso povo com a finalidade de fortalecermos nossa democracia.
Por isso, qualquer análise tem que
partir das necessidades e da realidade política das condições precários dos
nossos serviços, da vontade e da ação planejada para qualificá-los e do bom uso
dos impostos pagos com o suor dos trabalhadores. Precisamos fazer uma análise
profunda do executivo, legislativo e judiciário e suas manipulações
mercantilistas, navegando sobre o povo na boçalidade das suas arrogâncias,
presos em seus pré-conceitos superlativos de poder, de força, sem imaginar o
tamanho das suas responsabilidades conferidas pelo sufrágio tão caro a nossa
democracia superficial, vícios esses que vem da soberba ignorância e da
covardia, fugindo do viver para servir e do olhar-se, com as virtudes do
verdadeiro humano superior, usando a razão para superar a ganância, a
mediocridade, a corrupção do homem pelo homem, para não ficarmos ilhados em
nossas próprias misérias sem enxergarmos que somos todos miseráveis, e para fugirmos
desta miséria, lutemos unidos contra os miseráveis de plantão.
Valter Moraes - Graduado em Filosofia,
pós-graduado em Psicologia Organizacional e do Trabalho, pós-graduando em
Economia das Sociedades Cooperativas.
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