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sexta-feira, 7 de junho de 2013

FMI assume que “estragos” causados pela austeridade na Grécia são imensos

FMI assume que “estragos” causados pela austeridade na Grécia são imensos
Políticas de extrema austeridade acabaram por conduzir a Grécia a uma recessão sem fim à vista, reconhece o Fundo Monetário Internacional num documento citado em reportagem do diário conservador norte-americano The Wall Street Journal. O organismo, liderado por Christine Lagarde, admite ainda que a dívida grega não era sustentável. Num documento interno marcado como “extremamente confidencial”, citado pelo jornal nova iorquino, o Fundo refere que subestimou os “estragos” que as medidas de austeridade iriam causar na economia grega, mergulhada numa recessão nos últimos seis anos.
O FMI afirma também que desrespeitou as suas próprias regras para que a dívida crescente da Grécia parecesse sustentável e que, em retrospectiva, o país falhou em três dos quatro critérios estipulados para poder ser qualificado para a intervenção externa. Ainda que, nos últimos três anos, vários representantes do FMI, entre os quais a sua diretora geral, Lagarde, tenham repetidamente afirmado que o nível de dívida do país era “sustentável”, o documento refere que a incerteza em torno da Grécia “era tão significativa que os técnicos não estavam capazes de dar garantias de que a dívida teria grande probabilidade de ser sustentável”.
O relatório, que, segundo o WSJ, deverá ser parcialmente divulgado até ao fim desta semana, assume também que o Fundo foi demasiado optimista no que respeita às perspectivas do governo grego sobre o regresso ao mercado financeiro e à sua capacidade política para implementar as condições previstas no memorando, assim como sugere que o maior beneficiário da intervenção de 2010 não foi propriamente a Grécia mas sim a Zona Euro. A intervenção na Grécia é descrita, na realidade, como uma “operação de contenção” que “deu à zona euro tempo pra construir uma firewall para proteger outros membros vulneráveis e evitar potenciais efeitos severos na economia global”.
O FMI critica o atraso na reestruturação da dívida grega, que só veio a ter lugar em maio de 2012, sublinhando, contudo, que era “politicamente difícil” realizar essa operação com maior antecedência, devido à resistência de alguns países da zona euro cujos bancos detinham uma grande quantidade de dívida do governo grego. O Fundo assume que a sua análise sobre o futuro desenvolvimento da dívida estava errado “por uma larga margem” e frisa que apenas após 18 meses após o início da intervenção foram revistas as metas e as projeções macroeconômicas estipuladas, que estavam completamente desfasadas da realidade grega.
Sobre a Comissão Europeia, a organização adianta que a mesma “tem tido sucesso limitado na implementação [das condições associadas aos empréstimos]” mas “não tem experiência na gestão de crises”, e que a CE está mais preocupada com o “cumprimento das regras da União Europeia do que com o impacto no crescimento econômico” e “não foi capaz de contribuir muito para identificar reformas estruturais potenciadores de crescimento”.

FONTE: CORREIO DO BRASIL

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