02 de julho! Uma
vitória da Bahia e do Brasil
Durante todas as suas atividades, a
comemoração pela Independência da Bahia destaca a importância da mobilização
popular na luta para consolidar o processo de libertação do povo brasileiro do
domínio português no Brasil. Ao longo do desfile do dia 2, os heróis da
Independência são lembrados através das figuras do Caboclo e da Cabocla,
representando o povo brasileiro, além das heroínas Maria Quitéria, Joana
Angélica e Maria Felipa, o coronel José Joaquim de Lima e Silva e o general
Labatut.
Para muitos historiadores, a
Independência da Bahia pode ser considerada mais importante do que o ato
pacífico da proclamação da Independência do Brasil por Dom Pedro I, às margens
do Rio Ipiranga, em setembro de 1822. Para os estudiosos do tema, a
independência baiana consolidou a Independência do Brasil. Acreditam que, se
ela não houvesse, o Brasil poderia ficar dividido entre sul e norte.
Apesar da luta pela Independência da
Bahia ter sido iniciada antes da brasileira, ela só aconteceu um ano depois.
Esta guerra durou cerca de um ano e alguns dias, entre 25 de junho de 1822 e 2
de julho de 1823. Os constantes desentendimentos e a insatisfação com a Coroa
Portuguesa vinham se intensificando desde o século XIX.
O estopim da guerra aconteceu em
fevereiro de 1822, quando o governo português nomeou o tenente-coronel Madeira
de Melo para exercer o cargo de comandante das armas na Província. Ele
substituiu o coronel brasileiro Manuel Pedro de Freitas Guimarães. Mas a
nomeação de Madeira de Melo não foi aceita de forma pacífica pelos brasileiros.
O tenente-coronel português ordenou que as tropas lusitanas ocupassem as ruas
de Salvador. Os brasileiros também reagiram e os conflitos se iniciaram.
Os batalhões formados majoritariamente
por baianos tomaram o Forte de São Pedro, de onde enfrentaram outros batalhões
de maioria portuguesa. Quando os portugueses tomaram o forte e prenderam
Freitas Guimarães, festejam atacando casas, pessoas e invadindo o Convento da
Lapa, onde se encontravam alguns revoltosos, assassinando a abadessa Joana
Angélica.
Fragilizados, alguns brasileiros se
entregaram, outros dispersaram, indo em direção aos subúrbios da capital, ou às
vilas do Recôncavo baiano, onde se organizaram. Os fazendeiros municiaram os
combatentes, a exemplo do avô do poeta Castro Alves, o major José Antonio da
Silva Castro, que formou o Batalhão dos Voluntários do Príncipe - popularmente
apelidado de “Batalhão dos Periquitos”-, no qual lutou Maria Quitéria. Os
negros também se organizaram e formaram o Batalhão dos Henriques, com a promessa
de que seriam libertados.
Seguiram para Cachoeira e Santo Amaro e
formaram o Batalhão da Torre. No dia 25 de junho de 1822, na cidade de
Cachoeira, Dom Pedro foi aclamado “Defensor Perpétuo e Constitucional do
Brasil”. Como retaliação, o tenente-coronel português Madeira de Melo enviou
uma canhoneira pelo Rio Paraguaçu, que disparou contra a cidade, dando início à
guerra de Independência.
Depois de três dias de combate, em 28 de
junho, os brasileiros conseguiram dominar a embarcação. Aconteceram confrontos
no Recôncavo e na Ilha de Itaparica e, consequentemente, o fortalecimento do
exército brasileiro. Dom Pedro enviou o general francês Pierre Labatut para
reforçar as tropas brasileiras e fazer um cerco a Salvador, por terra e por
mar. Os brasileiros bloquearam os acessos à capital da província, impedindo a
entrada de mantimentos, armamentos, reforços e dificultando a comunicação dos
lusitanos.
Houve confrontos em várias regiões da
cidade, sendo a mais importante a Batalha de Pirajá, iniciada em 8 de novembro
de 1822. Segundo a história, o desfecho aconteceu de forma inusitada. O
tenente-coronel das tropas brasileiras, Barros Porto, ordenou que o corneteiro
Luis Lopes desse o toque de recuar. Ele desobedeceu às ordens recebidas e tocou
o “avançar cavalaria” e, em seguida, o “à degola”. Com o avanço das tropas
brasileiras, os batalhões portugueses recuaram e fugiram.
Diante da derrota em Pirajá e da
impossibilidade de tomar Itaparica, o tenente-coronel português Madeira de
Melo, cada vez mais enfraquecido, viu o custo de vida disparar na cidade. Em
junho de 1823, ataques por terra, em várias frentes, acabaram com a tomada de
postos de defesa portugueses. Acuado, e sem bases de defesa, Madeira de Melo se
retirou na madrugada de 2 de julho de 1823.
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