Tribunal inicia
quebra dos sigilos bancário e fiscal de Lindbergh Farias
Por ordem do ministro José Antonio Dias
Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF) os sigilos bancário e fiscal do
senador Lindbergh Farias (PT-RJ) começaram a ser abertos, nesta quinta-feira.
Toffoli acabou o pedido da Procuradoria Geral da República, no inquérito que
investiga supostas irregularidades no Fundo de Previdência dos servidores de
Nova Iguaçu, quando ele era prefeito da cidade.
Toffoli autorizou o acesso às
informações de Lindbergh, pré-candidato do PT ao governo do Rio, referentes ao
período de janeiro de 2005 a dezembro de 2010. A decisão foi tomada na semana
passada, mas publicada no início desta semana no Diário de Justiça Eletrônico.
O pedido foi feito pelo procurador-geral
da República, Roberto Gurgel. O Ministério Público investiga a suposta fraude,
que poderia ter chegado a R$ 350 milhões. O caso foi apurado por uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores de Nova Iguaçu.
Gurgel afirma que existem indícios de
que repasses ao fundo deixaram de ser feitos e cita “operações suspeitas”, como
aplicação dos recursos do fundo no mercado financeiro, o que segundo a
procuradoria, não poderia ser feito. A defesa de o senador petista nega a
existência de irregularidade e atribui a CPI a uma ação política dos
adversários de Farias, no município.
Confusão na PGR
Gurgel, no entanto, mal teve tempo de
comemorar a vitória ao ver aprovado seu pedido junto ao STF e já foi
bombardeado, nesta manhã, com a notícias de que a exoneração de sua provável
substituta, a vice-procuradora Deborah Duprat, seria inconstitucional. Prestes
a deixar o cargo, Gurgel chocou os meios jurídicos com a decisão de afastar a
colega. Ao alegar, para a exoneração da vice-procuradora Deborah Duprat, que
ela havia divergido dele no plenário do STF, Gurgel, fere o artigo 127,
parágrafo 1º, da Constituição Federal. O texto assegura independência dos
funcionários do Ministério Público em qualquer foro. Gurgel, para demitir
sumariamente a ocupante do segundo posto do órgão, usou como argumento uma
eventual “quebra de unidade” em Plenário.
O artigo da Constituição tem sido
recorrente nas redes sociais, nos últimos dias, por uma série de juristas e
advogados. A exoneração de Deborah arrepiou os meios jurídicos pela natureza de
sua justificativa. Alinhado com o posicionamento do ministro Gilmar Mendes, do
STF, na liminar que barrou a tramitação, no Congresso, do Projeto de Lei que
regula a criação de novos partidos, Gurgel estava no exterior quando Deborah
deu seu posicionamento no plenário da corte.
– Eu não posso me calar – disse a hoje
subprocuradora, para, “respeitosamente”, divergir do procurador. Sem ter dado
qualquer pista do que iria fazer, Gurgel voltou ao Brasil e, em sua primeira
atitude, rebaixou o cargo da colega na PGR.
Duprat, porém, está entre as três cotadas
para assumir o cargo do procurador-geral, cujo mandato encerra-se dentro de
duas semanas. A eleição está marcada para agosto e a decisão é da presidente
Dilma Rousseff, que recebeu uma lista tríplice como sugestão do Ministério
Público. Uma das possibilidades, após o episódio, é que a presidenta Dilma mude
de ideia quanto ao sucessor. O favorito, antes Rodrigo Janot, passa agora a ser
a vítima de Gurgel. Por seu senso de independência.
FONTE: CORREIO DO BRASIL
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