Revalidação de
diplomas médicos pode ser regulada por lei
A Comissão de Assuntos Sociais (CAS)
aprovou, nesta quarta-feira (15), projeto de lei que cria o Exame Nacional de
Revalidação de Diplomas Médicos expedidos por universidades estrangeiras. A
proposta, do senador Paulo Davim (PV-RN), visa dar status de lei ao exame que
já existe atualmente, o Revalida, que atualmente é regido somente por portaria
interministerial (Portaria 278/2011). Agora, a matéria será examinada pela
Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e, em caráter
terminativo, pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).
O propósito de um exame de revalidação
de diplomas é avaliar os conhecimentos e habilidades dos médicos formados no
exterior e verificar se as competências são equivalentes às exigências
brasileiras.
De acordo com o projeto (PLS 138/2012),
o exame será elaborado com base em matriz de correspondência curricular
definida pela União e aplicado pelas universidades federais. A prova poderá ser
composta por duas etapas: uma de questões objetivas e discursivas e, outra, de
habilidade clínica prática.
Exame da OAB
Na avaliação do autor, o procedimento
precisa ser regido por lei e aplicado de forma padronizada em todo o país,
inclusive a médicos brasileiros.
- O assunto é sério e merece perenidade.
Devemos preservar a qualidade dos serviços prestados à população. Um erro
médico pode ser catastrófico – alertou Paulo Davim, ao registrar ser favorável
à instituição de exame de ordem para médicos, nos moldes da prova da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB).
Também a senadora Ana Amélia (PP-RS)
defendeu a aplicação de exame aos médicos brasileiros para habilitá-los ao
exercício da medicina. Para ela, a medida não apenas preserva o exercício
correto e ético da atividade médica, como protege a população de maus profissionais.
Apesar de considerar mais dinâmico o
processo realizado por meio de portarias, o senador Humberto Costa (PT-PE), que
é médico e foi ministro da Saúde, reconheceu a importância de padronizar os
exames feitos pelas universidades federais. O senador disse que as provas
feitas são de tal complexidade que impede a aprovação até mesmo de
profissionais com boa formação e, segundo ele, não aprovaria nem os
brasileiros.
A prioridade do governo é alocar médicos
brasileiros para atuação em todo o país, afirmou Humberto Costa. A adoção de
programa governamental para trazer médicos estrangeiros deve-se à carência
desses profissionais em determinadas áreas do país. O programa, explicou, será
pelo prazo de três anos e, depois, será revista a necessidade de sua continuação.
Para Humberto Costa, é necessária a
intervenção do Estado para resolver a falta de médicos. Ele ressaltou que o
problema acontece porque o número de profissionais formados não aumentou na
mesma proporção do crescimento populacional, além de haver estímulo à
concentração desses profissionais nos grande centros urbanos e falta de
infraestrutura no interior. O senador pediu que as associações de médicos
contribuam com sugestões para solucionar o problema da má distribuição de
médicos no território brasileiro
- A primeira coisa que temos que cobrar
[das associações médicas] é o seguinte: qual é a responsabilidade de vocês para
garantir médicos nos lugares onde não têm? Vocês estão dispostos a propor o
quê? A partir daí, a gente começa a discutir – disse o senador.
Audiência
Na avaliação do presidente da CAS,
senador Waldemir Moka (PMDB-MS), o assunto precisa ser mais bem discutido em
audiência pública conjunta com a Comissão de Educação, “para fazer uma
radiografia de corpo inteiro”. O senador informou que recebe diversas
manifestações e contestações a respeito da matéria. A ideia é debater o tema
com os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Educação, Aloizio
Mercadante, bem como com representantes dos médicos.
Waldemir Moka ainda leu moção de apoio
aos médicos brasileiros, assinada por representantes dos países reunidos no VI
Fórum Iberoamericano de Entidades Médicas (Fiem), realizado na Ilha de São
Miguel, Açores (Portugal) e enviada à CAS.
O documento condena a proposta do
governo de permitir que médicos com diplomas expedidos no exterior atuem no
Brasil sem revalidação do título. Segundo o documento, a flexibilização dos
critérios de acesso ao exercício da Medicina por estrangeiros pode colocar em
risco a qualidade de assistência à população e não resolver o problema da
distribuição desses profissionais em todas as regiões do país. Além do Brasil,
a moção foi assinada por associações médicas da Argentina, Bolívia, Costa rica,
Espanha, Paraguai, Portugal, Peru, Uruguai e Venezuela.
FONTE: AGÊNCIA SENADO
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