Consumo responsável de café melhora o rendimento do cérebro
Milhões de pessoas recorrem diariamente à cafeína para se manter despertos. O que muitos não sabem é que a cafeína não somente nos ajuda a vencer a sonolência, mas também, a melhorar o rendimento de nosso cérebro, especialmente em estados de fadiga e falta de sono.
Também há muitas dúvidas em relação ao consumo ser seguro ou que poderia trazer riscos para a saúde. Uma revisão científica realizada pela professora Ana Adán, do departamento de Psiquiatria e Psicobiologia Clínica da Universidade de Barcelona, concluiu que o uso responsável e moderado da cafeína é uma estratégia segura e eficaz para melhorar o rendimento cognitivo, melhorando nossa capacidade de alerta, atenção e concentração.
Após revisar os estudos científicos mais relevantes em matéria de cafeína e rendimento cognitivo dos últimos 20 anos, a professora Adán concluiu que o consumo de até 400 mg de cafeína por dia aumenta de forma segura nossa capacidade cognitiva, já que seus efeitos no organismo produzem aumentos no alerta, na atenção e na concentração. Além disso, a cafeína melhora nosso estado de ânimo subjetivo. Após a ingestão, nos sentimos mais eficientes, vigorosos e motivados para o trabalho. Ao contrário, a cafeína reduz a nossa percepção subjetiva de sonolência, fadiga, cansaço e emoções negativas.
Esses benefícios da cafeína no rendimento cognitivo são maiores em pessoas que estão em condições de déficit de sono ou em situações estressantes. "Para manter um bom estado de alerta, é imprescindível ter dormido as horas necessárias, mas quando esse descanso não ocorre, certas substâncias como a cafeína podem nos ajudar a melhorar nosso estado de vigília, sempre e quando se utilizem de forma responsável", disse o coordenador da Unidade de Sono do Hospital Geral de Cataluña, Eduard Estivill.
Por seu teor de cafeína, o café pode ser um bom aliado para as pessoas obrigadas a se manter despertas por demandas sócio-ambientais, como os trabalhadores de "turnos", ou que estejam fatigados por diversos motivos, como preparar uma oposição. Essa tese tem o respaldo e um estudo de opinião realizado pelo Centro de Informação Café e Saúde com trabalhadores do turno da noite de grupos de enfermeiras e motoristas.
Sessenta e oito por cento das enfermeiras e 73% dos motoristas tomam uma ou duas xícaras de café antes de iniciar seu turno ou durante o mesmo. Entre as principais razões que justificavam seu consumo estavam as propriedades estimulantes, além do aroma e sabor. A maioria dos participantes da pesquisa acredita que o café ajuda a vencer a sonolência e o cansaço, mas somente 16% considera que, além disso, pode melhorar seu nível e alerta e atenção, tal como demonstra a ciência.
Cafeína e condução
Os estudos realizados demonstram que a cafeína melhora a atenção, favorecendo a concentração para a execução de tarefas de vigilância e atenção sustentada. Após sua ingestão, observa-se uma redução do tempo de reação, aumentando a velocidade de resposta e a precisão (menor risco de cometer erros). Isso parece se dever fundamentalmente ao aumento da atenção visual e pode servir de ajuda na execução de tarefas cotidianas, como a condução.
Benefícios do consumo de café
A ação sinérgica da cafeína com outras substâncias que também têm efeitos positivos na cognição, como a glicose, pode otimizar a capacidade de atenção, aprendizagem e memória. Esse fator é importante, já que habitualmente a maior parte da população consome cafeína através de bebidas açucaradas. A pesquisa "Hábitos e atitudes dos espanhóis frente ao consumo de café", realizada pelo CICAS em 2011, revela que 90% dos consumidores tomam o café adoçado e que 66% opta pelo açúcar.
Manter um nível adequado de hidratação é fundamental para nosso rendimento cognitivo e o consumo de café pode contribuir para aumentar a ingestão total de líquidos. Uma boa hidratação reduz o risco de sofrer acidentes e aumenta nosso rendimento no trabalho, já que promove um melhor desenvolvimento das tarefas físicas e mentais e melhora a percepção de bem-estar.
Capacidade antioxidante
Aos efeitos da cafeína, deve-se somar a capacidade antioxidante o café, que se relaciona com a prevenção do aparecimento de déficits cognitivos associados ao envelhecimento bem sucedido das células, especialmente à deterioração patológica como a ocorrida na doença de Alzheimer. O consumo de antioxidantes também resulta benéfico em situações cotidianas que podem ativar o estresse oxidativo, como quando existe uma elevada demanda de rendimento cognitivo - em época de exames - ou físico - após uma prática esportiva intensa.
Riscos
Existem dúvidas sobre se o consumo de cafeína é seguro para a saúde ou pode trazer riscos. Na realidade, os efeitos adversos associados à cafeína, como a tendência de aumentar a ansiedade, a tensão ou o nervosismo, somente se observam com a administração de doses altas (mais de 400 mg/dia) ou em indivíduos vulneráveis ao surgimento desses efeitos. Além disso, existem importantes diferenças no ritmo de metabolização da cafeína entre indivíduos, com fatores como idade ou hábito de consumo também podendo influenciar. Cada pessoa deve levar em conta a duração dos efeitos da cafeína em seu organismo e restringir seu consumo a partir da última hora da tarde se precisa evitar a insônia.
A nível coloquial, às vezes se fala de "vício" de cafeína. No entanto, a Organização Mundial de Saúde não considera a cafeína dentro das categorias de vícios e hoje em dia há evidências científicas suficientes para determinar que o consumo moderado de cafeína (400 mg) é um hábito - não um vício - com benefícios reais em nossa saúde e em nosso rendimento cognitivo.
A matéria é do Portal Hechos de Hoy, traduzida e adaptada pela Equipe CaféPoint.
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