Louvor ao Senhor
do Bonfim leva milhares de fieis à Colina Sagrada em Salvador
Momentos de fé e devoção dominaram os
oito quilômetros de cortejo, no primeiro ano da festa como Patrimônio Imaterial
Nacional
Momentos de fé, de agradecimento e de
esperança predominaram o cortejo da Lavagem do Bonfim, que levou milhares de
fieis até à Colina Sagrada na manhã desta quinta-feira (16). O ponto de partida
de uma das maiores festividades religiosas de Salvador e que, pelo primeiro
ano, é realizada como Patrimônio Imaterial Nacional, foi dado às 8h, com a
cerimônia interreligiosa celebrada em frente à Igreja da Conceição da Praia, no
Comércio. Uma hora depois, as baianas iniciaram a caminhada de quase oito
quilômetros até o Bonfim, que contou também com a participação de grupos
culturais, moradores, turistas e autoridades, como o prefeito ACM Neto, o
governador Jaques Wagner, a ministra da Cultura, Marta Suplicy e demais
políticos, todos com muita animação.
Uma das primeiras baianas a chegar ao
adro, por volta das 12h, foi Ana Lucia Figueiredo, do terreiro Oyá Sirê. Devota
de Senhor do Bonfim e Oxalá, ela contou que, há seis anos, participa do cortejo
para pagar uma promessa de conseguir mais saúde. A cerimônia da lavagem do adro
da igreja com sal grosso, folhas e água de cheiro, além da exposição da imagem
do Nosso Senhor do Bonfim no alto do templo religioso, como uma bênção aos
participantes, emocionou a muitos soteropolitanos e turistas. Um deles foi o
aposentado Benedito Araújo da Silva, de 81 anos, que veio da Baixa do Fiscal
segurando um ramo de angélica e afirmou que sempre demonstrou devoção ao Senhor
do Bonfim.
Presente na ocasião, o prefeito ACM
disse que o objetivo maior de participar da festa durante todos esses anos é
renovar a fé e as homenagens ao Senhor do Bonfim, além de ter aproveitado para
pedir mais força para uma Salvador melhor em 2014. Ele destacou também o
potencial turístico da manifestação religiosa. “Só em Salvador a gente tem uma
festa com essa emoção, energia e diversidade”.
História - Até 2013 era realizado apenas
o cortejo antigo, conhecido como o das baianas. Após a concentração na Igreja
da Conceição da Praia, o antigo templo em estilo rococó no Comércio, o primeiro
centro financeiro e de negócios portuários da cidade, o cortejo saia levando
participantes das religiões afro-brasileiras, bandas de músicas e muitos outros
devotos alegremente vestidos, usando inclusive fantasias. Segundo historiadores
este ritual acontece desde 1773, vinte e oito anos após a inauguração da
igreja.
A lavagem festiva com mulheres usando
roupas típicas de baianas foi mantida fora da nave da igreja basílica por dois
decretos oficiais da Arquidiocese de Salvador, a Primaz do Brasil. O primeiro
foi emitido em 1889 e só durou um ano, pois em 1890 as baianas voltaram a
entrar na igreja cantando e dançando para a lavagem. Em 1942, novo decreto
detalhou minuciosamente que ficava proibida lavagem festiva dentro de qualquer
igreja de Salvador.
Em 2014, um novo cortejo católico com
participação de entidades católicas foi realizado, antes do cortejo
tradicional, e denominado Lavagem de Corpo e Alma. Ainda assim, ninguém é
autorizado a entrar na nave da Basílica no dia do festejo popular.
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