Festa da Puxada
do Mastro de Olivença, em Ilhéus, mantém ritual e identidade cultural
Iniciada no Século XVI, a festividade
reúne aspectos indígenas e manifestações da cultura popular.
A tradicional festa da Puxada do Mastro
de São Sebastião, realizada anualmente em Olivença, estância turística
localizada a 15 quilômetros da cidade de Ilhéus, tem um fundamento histórico na
vivência do povo indígena que sempre habitou a região. Em 2017, a festividade,
que hoje une diversas culturas, acontece nos dias 6, 7 e 8 de janeiro, com
eventos religiosos e de cultura popular, promovidos por núcleos da comunidade
nativa e pela Secretaria Municipal de Turismo (Setur).
A festa se concentra na praça principal
de Olivença, hoje denominada Cláudio Magalhães, onde está situada a Igreja de
Nossa Senhora da Escada, construída pelos padres jesuítas por volta do ano de
1700, e que hoje simboliza o patrimônio histórico de Ilhéus. A Puxada do Mastro
de São Sebastião origina-se no Século XVII e acontece em diversas localidades,
no Brasil.
Os professores Saul Mendez Sanchez Filho
e Odilon Pinto, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), chamam a atenção
para a institucionalização da festa, que passou a integrar o calendário oficial
do Município de Ilhéus, após a reconhecida potencialidade popular e cultural do
evento, sendo realizada no segundo domingo do mês de janeiro.
A secular “Puxada do Mastro de São
Sebastião” acrescenta um conteúdo cultural favorecendo o turismo e a própria população local, que se
deslocam para assistir e participar do evento. A festa mantém rituais indígenas
e outras manifestações culturais, além de apresentações artísticas, que
entretem turistas de diversas regiões do Brasil.
Ritual – Embora tenha vários ciclos, a
Festa da Puxada do Mastro se inicia com a escolha da árvore, por um grupo de
machadeiros, que determina qual será o mastro utilizado naquele ano. Nos dias
que antecedem ao evento, a comunidade local se dedica aos preparativos, como a
ornamentação da Praça e atividades festivas paralelas. No local onde a árvore é
derrubada, acontece um misto de devoção, fé e sacralidade, “onde indígenas
reafirmam seus laços familiares e repassam a tradição para os mais novos.
através do masteréu, um mastro menor específico para que os adolescentes sejam
iniciados na tradição, seguindo o exemplo dos adultos, desgalhando, descascando
e puxando o tronco desde a mata, passando pela praia, até chegar à praça
principal do antigo aldeamento jesuítico”, conta o professor Erlon Costa.
Ele ressalta que devido à nova concepção
de sustentabilidade, novos rituais foram inseridos no festejo ao longo dos
anos, entre eles, a prática do Poranci, antes da saída do cortejo até a mata, e
o replantio de árvores no local da cepa. “Vários elementos semióticos são
observados no instante da festa, folhas de árvores e cipó se tornam adereços de
cabeça, pedaços de corda se tornam enfeites para o corpo na busca da memória
dos antepassados, o mastro puxado pela população é arrastado pelas praias de
Olivença até chegar à ladeira principal onde é aguardado por uma multidão que,
ao som bandas locais, animam a festa”, relata Erlon.
Artistas – Com o apoio das secretarias
de Turismo e Cultura, a festa serve de palco para a apresentação de artistas
locais e, este ano, conta com as presenças do prefeito Mário Alexandre, do
vice-prefeito José Nazal, o secretário de Turismo e interino da Cultura,
Roberto Lobão, além de vereadores e lideranças populares. De sexta-feira até domingo,
o público poderá assistir aos shows das bandas Paulinho Xôxô e Baru Imperador,
a partir das 20h30min; no sábado, a
partir das 20 horas, Som do Skulacho, A Rapazziada e Pagofunk; e no domingo, a partir das 16h30min, as bandas Proibida,
Bombadão e Tony Canabrava.
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