Salvador tem
melhor merenda escolar do Nordeste
Avaliação do MEC envolve 1,4 mil
receitas em todo o país e reflete empenho da rede municipal de ensino em
promover qualidade dos alimentos
Salvador tem a melhor merenda escolar do
Nordeste e está entre as mais nutritivas do país. A constatação do bom trabalho
realizado pela Secretaria Municipal de Educação (Smed) partiu de concurso
realizado pelo Ministério da Educação (MEC), envolvendo 1,4 mil receitas
desenvolvidas por escolas de todo o país. O MEC avaliou aparência, sabor e
ingredientes utilizados nas receitas. Além da capital baiana, foram escolhidos
ainda pratos produzidos no Paraná, em Goiás, no Espírito Santo e no Pará.
Os três colégios nordestinos
pré-selecionados pelo MEC para a disputa foram de Salvador: a Escola Municipal
Nossa Senhora das Candeias, em Ilha de Maré, - que ficou entre as cinco
primeiras do país - e as escolas municipais Batista de São Caetano (São
Caetano) e Francisco Leite (Cajazeiras), que disputaram até o fim uma vaga na
gincana nacional do ministério. Para o secretário da Smed, Guilherme
Bellintani, a premiação é fruto do trabalho realizado e desenvolvido desde a
formação do cardápio, passando pela conservação dos mantimentos até o trabalho
das merendeiras no desenvolvimento dos pratos. “Não foi surpresa a avaliação do
MEC. Nossa intenção é aprimorar ainda mais a merenda escolar no município”,
afirma.
Segundo Cletia Paraguassu, diretora da
Nossa Senhora das Candeias - que em 2016 passou a se chamar Escola Municipal de
Ilha de Maré -, a notícia da escolha foi recebida com muita alegria por alunos
e professores. "Eu parecia uma criança brincando e gritando para que todos
soubessem que fomos contemplados por termos a melhor merenda do Nordeste".
Responsável pela receita do abará de
aipim, a merendeira Dejanira dos Santos, que trabalha há 17 anos na
instituição, conta como se deu a criação do prato. "Sempre comemoramos o
aniversário dos funcionários aqui na escola. Quando chegou minha vez, uma de
nossas colegas, que também é baiana de acarajé, sugeriu utilizar a massa do aipim
para fazer um abará diferente, sem o tradicional feijão fradinho. Seguimos a
ideia e sugeri que trocássemos o camarão pela carne moída, que é um item que
temos em abundância para a merenda. Ver nossa receita premiada em nível
nacional é um grande orgulho e uma alegria maior ainda. Na escola, os alunos
querem comer o abará todo dia. É preciso fazer mais de uma vez por semana,
senão os meninos reclamam, de tanto que gostam", celebra.
Trabalho destacado - Para Adelma
Conceição, diretora da Francisco Leite, em Águas Claras, na região de
Cajazeiras, a escolha do colégio para representar a cidade através de um item
tão importante serve como um estímulo. "Antes de tudo, essa seleção nos
deixou bastante felizes. É realmente gratificante fazer parte deste grupo seleto.
Além disso, a receita fez grande sucesso com os alunos", diz.
Responsável por garantir as refeições de
mais de 600 alunos e criadora do enroladão saudável, a merendeira Cláudia
Antônia Bispo dos Santos conta que desenvolveu o alimento a partir de dicas
extraídas de um curso ministrado na escola. "Tivemos contato com uma ONG,
que nos incentivou a elaborar receitas mais saudáveis e que tivessem mais
ingredientes naturais, de forma a garantir um lanche nutritivo para as
crianças. A partir daí, fui mexendo com coisas que já sabia que era do agrado
deles, como o frango e legumes", conta. O enroladão é feito com feito de
frango moído ou desfiado, legumes e soja.
“Educação se faz desde o momento que o
aluno entra na escola e tem que ser pensada em todos os aspectos que envolvem a
formação do cidadão. Não é apenas a sala de aula, o trabalho do professor, mas
todos os atores da unidade escolar contribuem para a aprendizagem significativa
do nosso aluno. Tudo que se trabalha em sala de aula tem a ver com a vida do
aluno, com a cultura, arte e culinária de Salvador. A nossa receita tem a ver
com o nosso povo, com as crianças que precisam conhecer a sua identidade, saber
das suas raízes, valorizar, respeitar e cada dia ter mais orgulho de pertencer
à comunidade”, destaca a diretora pedagógica da Smed, Joelice Braga.
Premiação - A gincana, finalizada no
final de janeiro, foi uma forma do MEC celebrar o 60º aniversário do Programa
Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), aproveitando a data para reforçar na
educação de base a necessidade de manter e incentivar hábitos alimentares
saudáveis. A escolha foi feita entre 2,4 mil merendeiras de todo o Brasil e o
prêmio para cada uma das cinco vencedoras foi de R$ 5 mil.
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