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segunda-feira, 17 de julho de 2017

UM VESÚVIO DE VERDADE E A RUA LURDES E EMÍLIO MARON

UM VESÚVIO DE VERDADE E A RUA LURDES E EMÍLIO MARON
Jorge Amado, em dado momento, externou reflexões que o levaram a se arrepender por posições que assumiu em sua trajetória, inclusive quanto ao discurso político contido na primeira fase de sua obra literária, ao qual chamou de "horroroso".
Na esteira de seus arrependimentos, certamente, àquela altura da vida, refletindo sua trajetória, quem sabe Jorge Amado incluísse, também, um pedido de desculpas pelo que se sucedeu ao casal Emílio e Lurdes Maron, após tê-los estereotipado como Nacib e Gabriela, o bullying literário e literal que lhes tirou a graça da vida, expostos ao senso de uma sociedade conservadora, pela insinuada suposta prática de adultério.
Enquanto para muitos a Gabriela representava conquistas feministas, nessa aldeia ilheense a vergonha avariava o casal e a família Maron. A exímia cozinheira dos quitutes inigualáveis, que deu ao quibe do Maron o toque brasil/nordeste, perdeu o prazer de conviver nessa cidade.
Hoje, Ilhéus comemora um Vesúvio que se revigora a cada nova iniciativa, contendo o predicado de, pela obra de Amado, ter se tornado mundialmente conhecido. Mas esquece-se que aquela "casa " nunca fora um fruto do acaso ou do pós Jorge Amado. Aliás, o Vesúvio sempre sobreviveu sem que o escritor e sua obra pudessem sequer serem citados em suas proximidades, mas pela excelência de sua cozinha inimitável, da qual a família ilheense desfrutava. Assim, Emílio e Lurdes criaram filhos e amealharam alguns bens. O quibe do Vesúvio, no meu tempo, era o quibe do Bar Maron, de Dona Lurdes Maron. Quando ía a casa dos meus avós, e isso era quase diário, sempre cruzava com ela, sentada numa cadeira diretor de lona, à porta do Vesúvio. Nesse caminho, recebia e retribuía os seus cumprimentos: " Boa tarde, Alcidinho, como vai Silvinha, e sua avó Hilda? - Bem, Dona Lurdes e a senhora, vai bem?
Estava falando com ela, a mulher que foi a inspiração do escritor de Gabriela Cravo e Canela. Lembro de minha mãe prevenindo: "Meu filho, se alguém mandar você chamar Dona Lurdes de Gabriela, não faça isso "! Não fiz e não entendia o porquê. Mas outros o fizeram. Hoje, chamam isso de bullying e quase todos tendem a condenar tal prática.
Dona Lurdes morreu cedo, uns 50 anos. A beleza de seus filhos e netos referendam a sua beleza, ainda mais jovem, como não conheci. Emílio( me chamava de Sabóia), viúvo, passou, posteriormente, o Bar para o filho Carlinhos e mudou-se para Olivença, onde possuía uma casa. Carlos Maron colocou, novamente, o nome Vesúvio no bar.
O que foi dissabor trouxe um resultado nada desprezível para uma Ilhéus, que deve ao sacrifício do casal, Emílio e Lurdes, os frutos oriundos da obra do talentoso escritor - culturais e econômicos. Mas devemos às suas memórias, a reverência que, nesse episódio, dedicamos apenas ao filho mundialmente famoso. O beco do Vesúvio, ainda denominado Rua D. Eduardo, deveria ter os seus nomes, rua Lurdes e Emílio Maron. Pois se, hoje, tudo por aqui é Gabriela, tem um quibe e até chocolate do Nacib, nada mais justo como reconhecimento àqueles que deram ao Vesúvio, O BAR MARON, o recheio que é, ainda hoje, a alma do lugar. Recheio como o dos quibes maravilhosos cujo aroma, durante a fritura, inebriava os passantes e os clientes, que povoa nossa memória e traz-nos a saudade que nos leva a sentar nas mesas daquela mesma calçada, à procura dos mesmos sabores, como se possível fosse...
Se um dia me perguntarem, que comida representa o "prato de Ilhéus ", eu, prontamente, responderia: - O nosso prato é o quibe, o quibe dos nossos árabes, tantos. Mas especialmente pelo quibe do Vesúvio, que ainda veremos serem consumidos aos milhares. Não por causa do maravilhoso sabor, irresgatável, mas pela marca que Emílio e Lurdes deixaram nos que tiveram a oportunidade de degustar essa inesquecível e verdadeira experiência.

POR Alcides Krucheswisk

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