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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Uso de oxitocina em vacas leiteiras

Uso de oxitocina em vacas leiteiras
Por Marcos Veiga Santos
A produção eficiente de leite de alta qualidade depende de uma interação equilibrada entre as vacas leiteiras, os ordenhadores e os equipamentos. Para que a ordenha das vacas seja completa, rápida e sem causar alterações na saúde do úbere é fundamental que o manejo de ordenha seja realizado respeitando-se o funcionamento do reflexo de descida do leite. Nas situações nas quais as vacas não apresentam um bom reflexo de descida do leite, ocorre aumento do tempo de ordenha e maior risco de novos casos de mastite.
Ejeção do leite
Durante a síntese, o leite é continuamente armazenado nos alvéolos, ductos e cisternas da glândula mamária. Aproximadamente 80% do leite armazenado no úbere das vacas está localizado nos alvéolos e pequenos dutos. Sendo assim, somente cerca de 20% do leite total produzido está localizado nas cisternas da glândula e do teto e são prontamente ordenhados após a colocação do conjunto de teteiras no início da ordenha, sem a necessidade de descida do leite. Para que ocorra uma ordenha completa, há necessidade de um reflexo neuroendócrino, que é responsável pela liberação da fração alveolar do leite para a cavidade cisternal.
A ejeção do leite é ativada pela liberação de oxitocina pela hipófise, que induz a contração das células mioepiteliais que envolvem os alvéolos e pequenos dutos do úbere. Em resposta à estimulação tátil, visual ou auditiva, são enviados sinais para o cérebro nos núcleos supraóptico e paraventricular do hipotálamo, localizado na região central do cérebro. Nestes núcleos, a oxitocina é sintetizada e transportada para a hipófise, de onde é liberada para a circulação sanguínea, após a estimulação dos tetos. A contração das células mioepiteliais, como resultado da ação da oxitocina, desloca o leite armazenado nos alvéolos para a cavidade cisternal, deixando todo o leite sintetizado pela glândula mamária disponível para a remoção pela ordenha. Para que ocorra a ejeção do leite, a resistência do canal do teto deve ser superada e a contração das células mioepiteliais deve assegurar força suficiente para o leite sair dos alvéolos e alcançar os ductos.
O reflexo neuro-hormonal de ejeção do leite envolve receptores nervosos presentes na pele dos tetos e ativa a liberação de oxitocina, ocorrendo contração das células mioepiteliais e, consequentemente a ejeção do leite. A oxitocina liga-se especificamente e com alta afinidade aos receptores localizados nas células mioepiteliais.
A remoção completa do leite é fundamental para a alcançar alta eficiência de ordenha, otimização da qualidade do leite e a boa saúde das vacas leiteiras. Porém, o reflexo de ejeção do leite é altamente sensível e pode ser inibido durante situações de estresse ou em situações desconfortáveis para a vaca, como mudança do local ou sistema de ordenha e manejo agressivo, ou ainda nas primeiras ordenhas de vacas primíparas. Além disso, a remoção do leite pode sofrer alteração por alguma disfunção do reflexo de ejeção do leite ou por anormalidade anatômica ou lesões dos tetos, que levam à diminuição do fluxo e da produção de leite. Distúrbios no reflexo de ejeção do leite podem ser causados pela redução ou ausência da síntese de oxitocina ou ainda pela perda da sensibilidade das células da glândula mamária para este hormônio.
Distúrbios na ejeção do leite causam perdas econômicas devido ao decréscimo da produção de leite, aumento do tempo de ordenha e da susceptibilidade de infecções intramamárias. Em vacas com estes problemas, a ejeção do leite alveolar é deficiente ou não ocorre, sendo liberada somente a fração cisternal, ou seja, apenas cerca de 20% do leite total produzido. Nesses casos, é comum o uso de injeções de oxitocina exógena antes ou durante a ordenha. Em altas doses, a oxitocina exógena causa a ejeção de todo o leite, incluindo o leite residual, resultando em produção similar entre vacas com e sem síntese e liberação normais de oxitocina.
A ejeção do leite pode ser inibida quando estão elevados os níveis de adrenalina e noradrenalina, hormônios liberados em condições estressantes. Nestes casos, a administração exógena de oxitocina não reverte o déficit de ejeção do leite, pois a adrenalina bloqueia diretamente a ligação da oxitocina às células mioepiteliais e contrai os músculos dos ductos mamários e dos vasos sanguíneos, causando oclusão parcial dos ductos, dificultando a chegada da oxitocina na glândula mamária.
Uso continuado de ocitocina exógena
Pesquisas realizadas nos últimos anos sobre os efeitos da administração de oxitocina exógena antes da ordenha demonstram que ocorre elevação nos níveis desse hormônio no sangue dos animais tratados, mas, não há influência sobre a síntese e liberação de oxitocina endógena (produzida pelo organismo animal). Porém, o uso diário pode causar redução da ejeção espontânea do leite devido à dessensibilização do úbere para esse hormônio, resultando em menor contração das células mioepiteliais da glândula mamária em concentrações fisiologicamente normais de oxitocina.
Um estudo foi realizado na Alemanha para analisar a interferência da administração contínua de oxitocina exógena sobre a ejeção do leite após a suspensão do uso desse hormônio. Os pesquisadores concluíram que a interrupção do uso contínuo de oxitocina exógena após administração por período igual ou superior a cinco dias causa redução da produção de leite, devido à dessensibilização dos receptores de oxitocina da glândula mamária.
Durante a ordenha, há elevação normal dos níveis de oxitocina, fator essencial para a máxima ejeção do leite total produzido. Deste modo, quando os níveis plasmáticos desse hormônio são elevados acima da concentração basal e contínuos, ocorre ligeira melhora da eficácia da ejeção e da porcentagem do leite espontaneamente removido no decorrer da ordenha. Com base nisso, pesquisadores suíços estudaram o uso contínuo de baixas doses de oxitocina (até 1 UI/vaca) para vacas com distúrbio na ejeção do leite. Os pesquisadores concluíram que, a administração de oxitocina, mesmo em baixas doses, eleva a concentração plasmática desse hormônio e que quanto maior a dose utilizada, maior é a duração da fase de resposta.
Vacas com distúrbio de ejeção do leite afetam diretamente os ganhos do produtor, pois, produzem menos leite, e podem ser a causa de grande parte dos descartes na propriedade leiteira. Segundo um estudo realizado por pesquisadores suíços, embora o uso contínuo de oxitocina exógena em elevadas doses resulte na dessensibilização dos receptores de oxitocina da glândula mamária, esse hormônio pode ser utilizado continuamente e em baixas doses, como uma droga terapêutica em vacas com distúrbio de ejeção do leite.
Conclusão
O tratamento com oxitocina exógena deve ser cuidadosamente planejado e apenas deve ser utilizado nas vacas-problema e quando a saúde da glândula mamária estiver em perigo pela grande quantidade de leite residual restante no úbere após a ordenha. Além disso, se necessário, devem ser aplicadas doses mínimas de oxitocina exógena nas vacas com distúrbio na ejeção de leite, pois a duração do efeito é mais importante que a dose utilizada.
Fontes (originalmente publicado em): MACEDO, S.N., SANTOS, M. V. Uso de ocitocina em vacas leiteiras - Fev-13. Revista Leite Integral. Piracicaba-SP, p.24 - 27, 2013.


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