STF nega
recursos dos réus do mensalão
Por
maioria de votos, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram
recursos preliminares apresentados pelos réus condenados na Ação Penal 470, o
processo do mensalão. Entre as questões levantadas estão a redistribuição da
ação para outro ministro-relator, o cancelamento das notas taquigráficas,
metodologias adotadas nos votos e a competência da Corte para julgar réus que
não têm foro privilegiado. O mérito das condenações ainda será analisado.
O relator do processo e presidente do
STF, ministro Joaquim Barbosa, negou todos os recursos por entender que não
houve omissões no acórdão, o texto final do julgamento. “Não se trata de
obscuridade que impeça a compreensão do acórdão até porque o julgado está
claramente posto”, disse o relator.
Os demais ministros da Corte concordaram
com os argumentos de Barbosa e também negaram os recursos preliminares. Votaram
com o relator os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias
Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello. O ministro Marco
Aurélio acompanhou parte do voto de Barbosa, mas entendeu que as interferências
e votos orais proferidos não poderiam ter sido retirados do texto final. Os
ministros Celso de Mello e Luiz Fux retiraram mais de mil trechos de seus votos
para acelerar a finalização do acórdão, publicado em abril.
Antes de proferir seu voto nas questões,
o ministro Luís Roberto Barroso, que tomou posse em junho, fez um discurso duro
contra o sistema político brasileiro. O ministro disse que o mensalão foi o
esquema “mais investigado de todos e o que teve a resposta mais contundente do
Judiciário”. Ele lembrou ainda que a ação penal apurou desvios que teriam
custado cerca de R$ 150 milhões. Esta foi a primeira participação de Barroso no
julgamento
Segundo Barroso, as condenações dos
políticos na ação mostram que o país precisa de uma completa mudança no sistema
político. “A imensa energia despendida na Ação Penal 470 terá sido em vão se
não forem tomadas providências urgentes de reforma no sistema político. Sem
reforma política tudo continuará como sempre foi, a distinção entre os que
foram pegos e os que não foram”, disse.
Barroso lembrou de outros esquemas de
corrupção, como o Escândalo dos Precatórios, os Anões do Orçamento e os desvios
de verbas na construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. “Não se
pode fechar os olhos de que o mensalão não se constituiu um evento isolado. Ele
se insere numa tradição lamentável, que vem de longe”, disse.
Fonte: Correio do Brasil
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