TRUMP ELEITO!
REFLETIRÁ NO BRASIL?
A eleição de
Donald Trump contribuirá para levar o planeta a um período (tomara que não seja
longo!) de retrocesso político, econômico, social e cultural. Trump é a
expressão de um fenômeno de extrema-direita global que prospera na negação da
política e que se alimenta do preconceito e da incitação ao ódio.
Nas eleições
municipais no Brasil, essa negação da política elegeu aventureiros. A vitória
de Trump equivaleria a eleger no país uma figura como o deputado Jair
Bolsonaro, que voltou a elogiar um torturador ontem no Congresso Nacional.
A escolha de
Trump é mais do que um voto de protesto da parte da sociedade americana que se
sente excluída pela globalização ou que sofre ainda os efeitos da crise
econômica de 2008. É também um voto contra as tradições democráticas
americanas, contra imigrantes que foram fundamentais para construir o país,
contra o respeito às minorias, contra o debate plural, contra a crença na
democracia. Democracia para Trump só valeria se ele fosse eleito.
Esse discurso
conciliatório após a vitória era previsível diante da quantidade de absurdos e
agressões ditas por ele durante a campanha e do impacto negativo que causaria
no mundo inteiro a eleição do republicano. É uma tentativa de conter danos para
uma presidência que ainda nem começou.
Não existe
transplante de alma. As instituições americanas e o Partido Republicano poderão
e deverão impor freios a Trump, mas ele se elegeu presidente da nação mais
poderosa do mundo dizendo que acabará com o Estado Islâmico na marra, afirmando
que não existe aquecimento global, prometendo erguer um muro na fronteira com o
México e ofendendo mulheres, mexicanos, muçulmanos e outras minorias. Ele é uma
caricatura de político, de empresário e até de homem, que se gabava de assediar
sexualmente mulheres porque tinha dinheiro e fama.
Ninguém deve se
enganar e imaginar que haverá um Trump moderado no cotidiano da Casa Branca.
Ele tem ideias fascistas e xenófobas. Pregou isso durante a campanha. Deve
satisfações ao eleitorado que o colocou na Casa Branca. Recebeu um voto que
demanda políticas industriais e comerciais protecionistas que equivalem a
fechar os Estados Unidos para o mundo.
Trump é um
reflexo da sociedade americana. Representa metade do eleitorado e, apesar de a
regra de delegados para o colégio eleitoral ter sido pensada pelos pais
fundadores da democracia americana para evitar aventuras, esse sistema agora
possibilitou justamente a eleição de um outsider.
Em 1933, o
Partido Nazista venceu as eleições na Alemanha com um discurso que tem
semelhanças com a plataforma política de Trump e que teve respaldo popular para
implementar uma política de horrores. O mundo hoje é outro, os Estados Unidos
têm uma sólida democracia. Portanto, o planeta é capaz de não repetir o passado
e de resistir a tentações autoritárias.
Mas o mundo
piora a partir de hoje, piora a partir da eleição de Trump, que pode dar gás à
eleição de políticos extremistas na Europa e em outros países.
O temor
principal em relação ao republicano foi o destacado pelo presidente Barack
Obama: Trump não tem preparo para comandar a maior economia e a maior máquina
militar do planeta, não tem compreensão das responsabilidades nem das
complexidades do cargo que vai ocupar. No poder, a personalidade diz muito para
o sucesso e fracasso de presidentes. E a personalidade de Trump, narcisista e
ignorante, sugere que não perderá dinheiro quem apostar num fracasso.
Rumo econômico
Uma análise
feita agora de manhã por um auxiliar do presidente Michel Temer destacava a
necessidade de ver se o discurso conciliatório pós-vitória de Trump vai se
confirmar na montagem do governo e no exercício da presidência. Há uma
expectativa de que Trump dê alguma previsibilidade sobre o que fará. Previsível
é tudo o que ele não foi durante a campanha. Portanto, é uma incógnita para o
governo brasileiro.
Provavelmente,
haverá um contato hoje do presidente Michel Temer para parabenizá-lo. Para o
Brasil, o importante seria Trump manter a trajetória de recuperação da economia
americana. Se ele interromper o trabalho que Obama vinha fazendo nesse sentido,
haverá efeitos negativos para economia mundial.
O Brasil
procurava passar a uma fase de negociação de acordos bilaterais de comércio e
também discutia o fim de vistos de entrada para brasileiros e americanos. Com
Trump, essas negociações perdem força. No governo Obama, o Brasil esteve fora
do radar do Washington. Com Trump, deverá desaparecer desse radar.
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