Recomendação de
consumo do mineral bentonita e de dieta rica em proteína para ganho de peso e
controle de nematóides gastrintestinais em cordeiros Santa Inês confinados
na Carolina de Souza Chagas,
Márcia Cristina de Sena Oliveira
Sérgio Novita Esteves
Alberto C. de Campos Bernardi
Pesquisadores da Embrapa Pecuária
Sudeste (CPPSE), São Carlos, SP
A verminose ou infecção por nematóides
gastrintestinais (GIN) é um grande problema sanitário em pequenos ruminantes.
Muitas vezes o controle parasitário é realizado sem se considerar a espécie de
hospedeiro, sua resistência natural ou não à verminose, ou mesmo o sistema de
criação. Os anti-helmínticos devem ser considerados recursos muito limitados e
valiosos e deveriam ser usados com menos freqüência e somente em conjunto com
medidas auxiliares de controle parasitário.
Questões relativas à nutrição do
hospedeiro e seu impacto sobre os parasitas devem ser discutidas para que
estratégias de controle sustentáveis sejam elaboradas e tecnologias
relacionadas ao manejo nutricional sejam efetivamente adotadas para pequenos
ruminantes. Dessa forma, foi realizado estudo na Embrapa Pecuária Sudeste para
avaliar o efeito da suplementação com o mineral natural bentonita sobre a
infecção por GIN em ovinos. Por conseqüência, o impacto da dieta rica em
proteína sobre esse parâmetro também foi verificado.
Foram utilizados 48 cordeiros Santa Inês
com idade inicial de 102 dias em média. No período experimental de 85 dias, os
animais ficaram confinados em baias coletivas sem tratamento anti-helmíntico.
Eles foram divididos em 4 tratamentos (0, 25, 50 e 75 g de
bentonita/animal/dia) de 12 animais com média do número de ovos por grama de
fezes (OPG) de 5.000 e do peso médio de 20 kg. A bentonita (Drescon S/A) era
misturada ao alimento volumoso, composto de silagem de milho, mantendo-se
relação concentrado volumoso de 72:28 na matéria seca. A dieta continha 17,2%
de proteína bruta, 77,3% de NDT, em base de matéria seca e foi fornecida como
ração completa duas vezes ao dia, às 8h e 16h, juntamente com a bentonita.
Foram avaliados OPG, coproculturas, volume globular (VG) e concentração de
proteína sérica total (PST).
As médias de OPG, PST e VG não foram
influenciadas pela bentonita em nenhum tratamento, mas a eficácia da dieta na
redução do OPG médio em relação ao dia 1 (D1) do experimento foi de 58% no D14,
aumentando até atingir 97% no D84 (Figura 1). Não houve necessidade de
tratamento anti-helmíntico durante o experimento (economia de 100% no uso de
anti-helmínticos). Constatou-se nas coproculturas 76% de Haemonchus contortus,
22% de Trichostrongylus sp. e 2% de Cooperia sp.
Embora o OPG dos animais tratados tenham
sido menores em relação aos animais controle, a análise estatística não
demonstrou diferença. Da mesma forma, o ganho de peso médio diário foi de
0,176, 0,190, 0,189 e 0,196 g/animal/dia, respectivamente para T0, T25, T50 e
T75, sem diferença significativa entre os tratamentos. Talvez, em um período
experimental mais longo, acredita-se que os efeitos sobre a redução da infecção
por GIN e o ganho de peso poderiam ser mais marcantes.
Existem vários trabalhos evidenciando o
aspecto favorável do uso de minerais naturais na dieta sobre o ganho de peso,
crescimento de ruminantes e no controle parasitário de GIN em ovinos. Cordeiros
infectados que se alimentaram de dieta contendo zeólita, outro tipo de mineral
natural, tiveram valores mais altos de vitamina A. Uma das principais funções
da vitamina A é aumentar a resistência a infecções, o que é extremamente
importante no caso de parasitismo por GIN, já que muitos dos efeitos negativos
advindos são resultado do desequilíbrio do metabolismo de nutrientes e
consequentemente do status nutricional-vitamínico do animal.
Sabe-se que H. contortus pode sobreviver
e produzir ovos férteis por um período próximo de um ano após a infecção. Os
cordeiros no presente trabalho apresentavam OPG médio de 5,000 ao serem
estabulados, tinham 102 dias de vida e o período experimental foi de 85 dias,
totalizando 187 dias. Como a suplementação com bentonita não reduziu
significativamente o OPG dos animais, esperava-se que ele se mantivesse elevado
até o final do estudo, já que, apesar de não ocorrer re-infecção, os parasitas
adultos permaneceram nos ovinos. Dessa forma, comprova-se que foi a dieta com
17,2% de proteína que reduziu drasticamente o OPG, mostrando que cordeiros
Santa Inês em confinamento são capazes de responder de maneira eficiente à
infecção por GIN quando submetidos a uma dieta adequada. Além disso, a raça
Santa Inês apresenta maior resistência aos GIN que as raças européias. Infelizmente
esse conhecimento faz com que esses animais sejam negligenciados porque os
criadores acabam não se preocupando muito com uma alimentação mais adequada.
Estamos dando continuidade a essa
pesquisa por meio de um experimento de dois anos, onde os animais foram
infectados concomitantemente com o fornecimento do mineral natural. Dessa
forma, a hipótese de que esses minerais podem dificultar o estabelecimento e a
sobrevivência dos nematóides poderá ser confirmada. A elevada redução do OPG em
todos os grupos experimentais a partir de 14 dias de experimento confirma a
hipótese de que a dieta experimental foi suficiente para inibir a infecção por
GIN em ovinos Santa Inês confinados, sem necessidade de tratamento
anti-helmíntico.
Referência bibliográfica
Todos os detalhes do experimento, demais
resultados, discussão e referências utilizadas no texto acima, encontram-se na
publicação abaixo, disponível on line:
CHAGAS, A. C. S.; OLIVEIRA, M. C. S.;
ESTEVES, S. N.; BERNARDI, A. C. C. Recomendação de consumo do mineral bentonita
e de dieta rica em proteína para ganho de peso e controle de nematóides
gastrintestinais em cordeiros Santa Inês confinados. São Carlos: Embrapa
Pecuária Sudeste, 2012. 7 p. (Publicação Seriada Embrapa, Comunicação Técnica
100). Disponível no link:
http://www.cppse.embrapa.br/sites/default/files/principal/publicacao/Comunicado100.pd
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