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terça-feira, 10 de julho de 2012

Recomendação de consumo do mineral bentonita e de dieta rica em proteína para ganho de peso e controle de nematóides gastrintestinais em cordeiros Santa Inês confinados



Recomendação de consumo do mineral bentonita e de dieta rica em proteína para ganho de peso e controle de nematóides gastrintestinais em cordeiros Santa Inês confinados
na Carolina de Souza Chagas,
Márcia Cristina de Sena Oliveira
Sérgio Novita Esteves
Alberto C. de Campos Bernardi
Pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste (CPPSE), São Carlos, SP

A verminose ou infecção por nematóides gastrintestinais (GIN) é um grande problema sanitário em pequenos ruminantes. Muitas vezes o controle parasitário é realizado sem se considerar a espécie de hospedeiro, sua resistência natural ou não à verminose, ou mesmo o sistema de criação. Os anti-helmínticos devem ser considerados recursos muito limitados e valiosos e deveriam ser usados com menos freqüência e somente em conjunto com medidas auxiliares de controle parasitário.
Questões relativas à nutrição do hospedeiro e seu impacto sobre os parasitas devem ser discutidas para que estratégias de controle sustentáveis sejam elaboradas e tecnologias relacionadas ao manejo nutricional sejam efetivamente adotadas para pequenos ruminantes. Dessa forma, foi realizado estudo na Embrapa Pecuária Sudeste para avaliar o efeito da suplementação com o mineral natural bentonita sobre a infecção por GIN em ovinos. Por conseqüência, o impacto da dieta rica em proteína sobre esse parâmetro também foi verificado.
Foram utilizados 48 cordeiros Santa Inês com idade inicial de 102 dias em média. No período experimental de 85 dias, os animais ficaram confinados em baias coletivas sem tratamento anti-helmíntico. Eles foram divididos em 4 tratamentos (0, 25, 50 e 75 g de bentonita/animal/dia) de 12 animais com média do número de ovos por grama de fezes (OPG) de 5.000 e do peso médio de 20 kg. A bentonita (Drescon S/A) era misturada ao alimento volumoso, composto de silagem de milho, mantendo-se relação concentrado volumoso de 72:28 na matéria seca. A dieta continha 17,2% de proteína bruta, 77,3% de NDT, em base de matéria seca e foi fornecida como ração completa duas vezes ao dia, às 8h e 16h, juntamente com a bentonita. Foram avaliados OPG, coproculturas, volume globular (VG) e concentração de proteína sérica total (PST).
As médias de OPG, PST e VG não foram influenciadas pela bentonita em nenhum tratamento, mas a eficácia da dieta na redução do OPG médio em relação ao dia 1 (D1) do experimento foi de 58% no D14, aumentando até atingir 97% no D84 (Figura 1). Não houve necessidade de tratamento anti-helmíntico durante o experimento (economia de 100% no uso de anti-helmínticos). Constatou-se nas coproculturas 76% de Haemonchus contortus, 22% de Trichostrongylus sp. e 2% de Cooperia sp.
Embora o OPG dos animais tratados tenham sido menores em relação aos animais controle, a análise estatística não demonstrou diferença. Da mesma forma, o ganho de peso médio diário foi de 0,176, 0,190, 0,189 e 0,196 g/animal/dia, respectivamente para T0, T25, T50 e T75, sem diferença significativa entre os tratamentos. Talvez, em um período experimental mais longo, acredita-se que os efeitos sobre a redução da infecção por GIN e o ganho de peso poderiam ser mais marcantes.
Existem vários trabalhos evidenciando o aspecto favorável do uso de minerais naturais na dieta sobre o ganho de peso, crescimento de ruminantes e no controle parasitário de GIN em ovinos. Cordeiros infectados que se alimentaram de dieta contendo zeólita, outro tipo de mineral natural, tiveram valores mais altos de vitamina A. Uma das principais funções da vitamina A é aumentar a resistência a infecções, o que é extremamente importante no caso de parasitismo por GIN, já que muitos dos efeitos negativos advindos são resultado do desequilíbrio do metabolismo de nutrientes e consequentemente do status nutricional-vitamínico do animal.
Sabe-se que H. contortus pode sobreviver e produzir ovos férteis por um período próximo de um ano após a infecção. Os cordeiros no presente trabalho apresentavam OPG médio de 5,000 ao serem estabulados, tinham 102 dias de vida e o período experimental foi de 85 dias, totalizando 187 dias. Como a suplementação com bentonita não reduziu significativamente o OPG dos animais, esperava-se que ele se mantivesse elevado até o final do estudo, já que, apesar de não ocorrer re-infecção, os parasitas adultos permaneceram nos ovinos. Dessa forma, comprova-se que foi a dieta com 17,2% de proteína que reduziu drasticamente o OPG, mostrando que cordeiros Santa Inês em confinamento são capazes de responder de maneira eficiente à infecção por GIN quando submetidos a uma dieta adequada. Além disso, a raça Santa Inês apresenta maior resistência aos GIN que as raças européias. Infelizmente esse conhecimento faz com que esses animais sejam negligenciados porque os criadores acabam não se preocupando muito com uma alimentação mais adequada.
Estamos dando continuidade a essa pesquisa por meio de um experimento de dois anos, onde os animais foram infectados concomitantemente com o fornecimento do mineral natural. Dessa forma, a hipótese de que esses minerais podem dificultar o estabelecimento e a sobrevivência dos nematóides poderá ser confirmada. A elevada redução do OPG em todos os grupos experimentais a partir de 14 dias de experimento confirma a hipótese de que a dieta experimental foi suficiente para inibir a infecção por GIN em ovinos Santa Inês confinados, sem necessidade de tratamento anti-helmíntico.
Referência bibliográfica
Todos os detalhes do experimento, demais resultados, discussão e referências utilizadas no texto acima, encontram-se na publicação abaixo, disponível on line:
CHAGAS, A. C. S.; OLIVEIRA, M. C. S.; ESTEVES, S. N.; BERNARDI, A. C. C. Recomendação de consumo do mineral bentonita e de dieta rica em proteína para ganho de peso e controle de nematóides gastrintestinais em cordeiros Santa Inês confinados. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2012. 7 p. (Publicação Seriada Embrapa, Comunicação Técnica 100). Disponível no link: http://www.cppse.embrapa.br/sites/default/files/principal/publicacao/Comunicado100.pd



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