Desacordo sobre
LDO pode suspender recesso no Congresso
O recesso está previsto para o próximo
dia 18, mas devido ao desentendimento pelo Orçamento há poucas chances de
ocorrer
O governo não conseguiu vencer a
resistência dos partidos de oposição, em especial do DEM, e um acordo para
votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) antes da data prevista para o
início do recesso parlamentar tem pouquíssimas chances de ocorrer, o que deve
impedir os congressistas de entrarem em férias no próximo dia 18.
A principal reivindicação dos partidos
de oposição é que o governo cumpra um acordo que prevê o empenho de até R$ 2,5
milhões em emendas para cada parlamentar. Desse total, R$ 1 milhão seria para
investimentos em saúde e o restante R$ 1,5 milhão poderia ser destinados a
projetos em várias áreas.
A oposição alega que o governo fez a
promessa há algumas semanas mas não cumpriu e, agora, só votam a LDO por acordo
se os empenhos em emendas forem registrados no Sistema Integrado de
Administração Financeira do Governo Federal (Siafi).
- Desde abril o governo sabe quais são
nossas prioridades (para liberação de emendas) – disse o coordenador da bancada
do DEM na Comissão Mista de Orçamento, Felipe Maia (RN).
- Não se pode fazer política com o
Orçamento – acrescentou argumentando que os partidos da base aliada foram
beneficiados e os de oposição foram alijados das liberações de emendas
deliberadamente.
O governo poderia vencer as manobras de
obstrução da oposição desde que conseguisse manter a maioria dos deputados e
senadores aliados no Congresso a poucos dias do recesso parlamentar para
enfrentar longas horas de discussão da LDO na comissão e no plenário da sessão
do Congresso. Porém, esse esforço excepcional dificilmente ocorrerá.
O presidente da comissão, deputado Paulo
Pimenta (PT-RS), disse que o governo se esforçou por um acordo e cumpriu parte
do que havia prometido aos partidos de oposição e que o DEM interpretou a
promessa para não votar a LDO.
- Eu acho que acabou se criando uma
interpretação do acordo para torná-lo insolucionável – afirmou Pimenta. Segundo
ele, o governo se comprometeu a empenhar os recursos, mas não disse que abriria
mão das exigências legais para isso.
Ele explicou que no caso das emendas
para a saúde são exigidos projetos das prefeituras e pareceres técnicos quando
se trata de compra de equipamentos.
O DEM alega que essas exigências parecem
atrapalhar apenas os empenhos para os partidos de oposição e Felipe Maia
argumenta que os repasses poderiam ser feitos de outra forma.
SEM RECESSO
Diante do impasse, Pimenta já dá como
certo que não haverá votação por acordo até o dia 17, último dia de
funcionamento antes do recesso parlamentar, que se estenderia até 1o de agosto.
Ele sequer convocou reuniões da comissão mista para os próximos dias.
- Nesse momento, através de um acordo
não vejo solução. E sem acordo é muito difícil (votar antes do recesso) – disse
o presidente a jornalistas ao final da reunião da comissão nesta quinta-feira.
“Para o governo aprovar (sem acordo) teria que haver uma mobilização muito
grande”.
Com a possibilidade cada vez menor de um
acordo, o governo negocia com as presidências da Câmara e do Senado a
possibilidade de o Congresso ter uma janela de votações antes de agosto.
A prática habitual do Congresso quando a
LDO não é votada a tempo do recesso é os parlamentares fazerem um “recesso
branco”, ainda mais em ano de eleições municipais, com as quais eles se
envolvem bastante.
Nessa possível janela, o governo quer
aprovar as medidas provisórias 563, que regulamenta as ações adotadas pelo
programa Brasil Maior, e a 564, que libera recursos para municípios atingidos
pela seca, além da própria LDO.
O líder do PT, deputado Jilmar Tatto
(PT-SP), defendeu que os parlamentares sejam convocados para a semana entre 30
de julho e 3 de agosto para tratar desses temas.
Independente dessas conversas, o
presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), enviou telegramas aos deputados
informando que haverá sessões no plenário para votar as MPs na segunda e na
terça-feira.
FONTE: CORREIO DO BRASIL
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