Reunião ampliada
na UPB avalia situação de obras paradas no estado
Dificuldades para pagar a folha de
pessoal, investir em infraestrutura e arcar com compromissos assumidos sem
extrapolar os limites impostos pela lei. Esses foram alguns dos problemas
relatados por prefeitos e presidentes de consórcios intermunicipais durante uma
reunião ampliada realizada na sede da União dos Municípios da Bahia (UPB),
nesta segunda-feira (31/8). Entre os alertas expostos pelos gestores está a
possibilidade de encerrar os mandatos em 2016 com obras federais inacabadas nos
municípios devido à falta de repasse de recursos já empenhados.
Durante o encontro, a UPB apresentou
dados da Confederação Nacional de Municípios que apontam na Bahia a soma de R$
2,9 bilhões em despesas prometidas e não pagas pela União na virada de 2014
para 2015. Com o intuito de antecipar
medidas que resguardem os prefeitos de responder pelos atrasos e a não
conclusão, a entidade convocou representante de órgãos de controle para
esclarecer quais medidas devem ser tomadas.
“A gente está tendo um ano de
dificuldades financeiras, que agravaram não só o custeio, mas até o pagamento
das contrapartidas das obras. Assim, nós não poderíamos nos calar e deixar de
demonstrar insatisfação com esse momento difícil, já que ano que vem muitos
sairão do governo ou terão a reeleição prejudicada”, lembrou a presidente da
UPB e prefeita de Cardeal da Silva, Maria Quitéria. Segundo ela, os municípios
e as prefeituras hoje estão em “situação de falência sem ter condições de pagar
folha e com fornecedores em atraso”. Nesse sentido, Maria Quitéria explicou que
a reunião com os órgãos de controle serviu para resguardar os gestores de modo
que eles não deixem os mandatos com suas contas prejudicadas pela falta de
repasses do governo federal.
Na ocasião, o coordenador da bancada
baiana na Câmara dos Deputados, o deputado Federal José Carlos Araújo ouviu
prefeitos enumerarem uma relação de obras para construção de postos de saúde,
creches, praças e estradas paralisadas, cujo valor pelo qual foram licitadas
encontram-se defasados tendo em vista o tempo de espera pela chegada do recurso
e a inflação registrada no período. De acordo com o parlamentar, a reunião
“expôs a grande preocupação de todos os prefeitos, que chegam ao final dos
mandatos inseguros e com razão, porque estão ficando como os grandes vilões da
história, o que não é verdade”, opinou.
Araújo se dispôs a elaborar em conjunto
com a UPB um projeto de lei para salvaguardar o nome dos gestores nesta
situação. Sobre as emendas parlamentares, ele disse que “o governo federal
prometeu e já mandou pagar grande parte. Parece que vão começar a pagar esta
semana. Vamos aguardar para ver. Darei notícias à Quitéria”.
Orientação aos gestores
O representante do Tribunal de Contas da
União (TCU), Nicolas Espinheira, afirmou que a Lei de Licitações (8.666) prevê
que as empresas rescindam o contrato quando houver suspensão de pagamento. “É importante ter todos os atos documentados
no processo administrativo pelas áreas competentes da prefeitura para embasar a
defesa e a prestação de contas dessas obras”, orientou. O auditor externo do Tribunal
de Contas do Estado (TCE), Jossival Souza, destacou que os prefeitos devem
formalizar os atos e dar publicidade. “O gestor que estiver devidamente
documentado, seguindo os princípios legais não deve temer”, reforçou. Já o
chefe de Divisão da Controladoria Geral da União (CGU), Rafael Figueiredo,
completou dizendo que há a oportunidade do gestor fazer consulta à CGU e aos
tribunais sobre quais medidas tomar diante da paralisação de uma obra pública.
Nenhum comentário:
Postar um comentário