Missa celebra 468
anos de Salvador
Cidade ganha
presentes, incluindo música inédita e Luiz Caldas
Todo aniversário
tem que ter festa. E, também, agradecimento. Assim começa o 29 de março em
Salvador, a primeira capital do Brasil, que celebra 468 anos de história. A
programação do dia teve início com uma missa em ação de graças na Igreja do
Santíssimo Sacramento de Sant'Ana, atrás do Fórum Ruy Barbosa, onde também foi
lembrada da Revolução Pernambucana, através das homenagens ao Padre Roma, um
dos líderes do levante motivado pelo intuito de libertar o país do domínio de
Portugal. O prefeito ACM Neto, sua mãe, Rosário Magalhães, o chefe de Gabinete,
João Roma, familiar do Padre Roma, entre outras autoridades, marcaram presença
na solenidade.
Antes da missa,
foi descerrada placa alusiva aos 200 anos da Revolução Republicana,
homenageando Padre Roma, no Campo da Pólvora. Padre Roma foi preso após
desembarcar em Itapuã vindo de Pernambuco. Ele veio à Bahia buscar apoio para o
levante que pretendia derrubar a Monarquia, separar o Brasil de Portugal e
implantar a República. Aqui, foi preso e condenado ao fuzilamento. Após o
descerramento da placa, na missa que marcou os 200 anos da Revolução
Republicana e os 468 da Fundação da Cidade do Salvador, na Igreja do Santíssimo
Sacramento de Sant'Ana, foi realizada performance do ator Carlos Betão
representando um dos filhos do padre, mostrando o que ocorreu desde a sua
prisão até o fuzilamento.
O prefeito ACM
Neto reforçou os laços de amizade e fraternidade entre Bahia e Pernambuco,
estados decisivos na luta pela Independência, e celebrou os 468 anos de
Salvador, reafirmando o compromisso em fazer dessa cidade um lugar melhor no
futuro. “Temos o compromisso de continuar projetando nossa cidade, escrevendo
páginas para que possamos deixar um legado importante, que ofereça mais
qualidade de vida ao seu povo, que seja capaz de projetar exemplos e
referências para nossa nação. É por isso que aqui estamos, é por isso que vamos
entregar o máximo da nossa alma a Salvador e ao nosso povo. Que me desculpe
Recife, mas Salvador é a primeira, a mais bela, a mais especial e a mais
brilhante capital do Brasil”, afirmou.
O prefeito de
Recife, Geraldo Júlio, ressaltou a alegria em poder assistir a um momento
histórico das duas cidades – Salvador e Recife –, e agradeceu as homenagens
dadas pela capital baiana à Revolução Pernambucana. “Esse movimento republicano
gerou um governo provisório que durou 73 dias e uma das missões desses líderes,
na figura do Padre Roma, foi trazer o movimento para a Bahia, ampliando a ideia
de República no Brasil. Marcou a luta pela liberdade do país, sendo uma das
primeiras realizadas no Brasil”, afirmou o prefeito de Recife, agradecendo pela
implantação da placa num local tão importante para a cidade de Salvador, o
Campo da Pólvora.
Também
participaram do evento a desembargadora Lisbete Maria Santos, representando a
presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), desembargadora Maria do
Socorro Barreto Santiago, o presidente do Instituto Geográfico e Histórico da
Bahia (IGHB), Eduardo Morais, Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico
Pernambucano (IAHGP), Silvio Amorim, a presidente da Academia Pernambucana de
Letras (APL), Margarida Cantarelli, entre vereadores, deputados e outras
lideranças.
Ainda como parte
das comemorações pelo aniversário de 468 anos de Salvador, serão entregues ao
longo do dia a primeira etapa da encosta do Barro Branco, na Avenida San
Martin, uma das obras mais importantes do pacote de inaugurações para marcar a
data. No mesmo local, será assinada ordem de serviço para realização da
contenção da segunda etapa da encosta do Barro Branco.
No fim da tarde,
às 17h, acontece a solenidade de tombamento e ordem de serviço de
requalificação do Cristo da Barra, na Av Oceânica, s/n - Barra. Finalizando a
programação, será inaugurada, às 18h30, a Praça João Mangabeira, na Rótula dos
Barris. Também em razão das comemorações, foi entregue nesta terça-feira (28)
uma escola de alto padrão em Periperi, a nova sede do Serviço Municipal de
Intermediação de Mão de Obra (Simm), e assinado o contrato para início da
elaboração do Plano de Mobilidade Urbana da cidade.
Como toda festa
tem também a parte de entretenimento, o aniversário de Salvador conta ainda com
a 5ª edição do Festival da Cidade. São mais de 100 ações espalhadas por 27
pontos capital baiana até o próximo domingo (02). Organizada sob a coordenação
da Empresa Salvador Turismo (Saltur), a programação conta com apresentações de
teatro, circo, grafite, shows musicais, eventos ligados a gastronomia,
exposições, espetáculos de comédia, feiras livres, projetos culturais e
esportivos, dentre outras modalidades.
As atrações
musicais estarão presentes em locais como Rio Vermelho, Periperi, Cajazeiras,
São Caetano, Bairro da Paz, Vale da Muriçoca, Mussurunga, Ribeira, Barra, Santo
Antônio Além do Carmo, Pelourinho, Dique do Tororó e Parque da Cidade. Dentre
os destaques estão a banda mineira Pato Fu, que se apresenta no Rio Vermelho;
Adão Negro, no Parque da Cidade; Harmonia do Samba, em Cajazeiras; É o Tchan e
Simone e Simaria, em Periperi, e a tradicional Volta ao Dique a ser comandada
pelo movimento musical Alavontê.
Música para a
cidade – E para deixar o dia com a cara da cidade, o cantor e compositor Luiz
Caldas, em parceria com a Prefeitura, lançou a música “Muito Prazer! Meu nome é
Salvador”, uma homenagem aos 468 anos da capital baiana. A composição traz
referências do ijexá, axé e outros ritmos regionais. Essa ação integra uma
campanha das redes sociais da Prefeitura de Salvador e foi feita com o objetivo
de envolver a população na criação de um hino que personificasse a capital
baiana.
Para isso, foram
apresentadas a soteropolitanos as seguintes perguntas: se Salvador fosse uma
música, como ela seria? Que instrumentos teria? Como seriam a letra, o ritmo e
melodia? Para Luiz Caldas, transformar o sentimento das pessoas em música foi a
melhor forma de presentear a cidade. “Traduzir isso foi muito prazeroso porque
as pessoas falam com muito carinho desse lugar. Essa terra é maravilhosa, tem
identidade própria e emprestou essa identidade para o restante do país”, disse
o artista.
Padre Roma –
Nascido em 1768 em Recife, Pernambuco, José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima,
conhecido como Padre Roma, filho de família nobre, decidiu, aos 16 anos, seguir
a carreira religiosa. Primeiro entrou no Convento do Carmo, no município de
Goiana, e em seguida foi para Coimbra cursar o bacharelado em Teologia. Após
concluir os estudos e ser ordenado padre em Roma, na Itália, voltou ao Recife.
O grande conhecimento jurídico e filosófico, além do domínio da oratória,
resultou na atuação profissional como advogado.
As modificações
no cenário brasileiro com a vinda de Dom João VI ao país provocaram um
sentimento de opressão na população e, consequentemente, o surgimento da ideia
de emancipação do país. Padre Roma uniu-se a grupos formados por militares,
padres e maçons que possuíam o ideal de libertação do Brasil do domínio
português. Foi preso em Itapuã, onde desembarcou para buscar apoio ao levante
pernambucano.
Exatamente às
oito horas da manhã do dia 29 de março de 1817, José Inácio Ribeiro de Abreu e
Lima, conhecido como Padre Roma, foi fuzilado por militares na Fortaleza de São
Pedro, hoje Campo da Pólvora, em Salvador. Morria ali o revolucionário e
religioso, que fora um dos líderes da Revolução Republicana ocorrida naquele
ano e que possuía como intuito instituir um Governo Provisório no Brasil, com o
propósito de libertar o país do domínio de Portugal.
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