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quinta-feira, 26 de março de 2015

Nossa água de cada dia

Nossa água de cada dia
Devido a estiagem no sudeste, com conseqüências que afetam a realidade de milhões de brasileiros como o preço mais alto da energia elétrica, é que, finalmente, o Brasil iniciou o processo de discussão e busca de efetivas soluções para a conservação dos recursos hídricos. Contudo, a tirar como exemplo as ditas obras estruturantes solicitadas pelo governo de São Paulo a Brasília, vemos que a falta de respeito com a natureza é gritante.
Das ditas obras, apenas uma, a nosso ver, é realmente estruturante, a que diz respeito a reutilização da água. As outras são, apenas, de construção de barragens, noutras palavras, de empossamento d’água. Nenhuma diz respeito a recuperação de bacias hidrográficas com a revitalização das nascentes e o reflorestamento das matas ciliares.
Além disso, sabe-se da importância hídrica da Floresta Amazônica, todavia, continua a ser desmatada impiedosamente, principalmente nos estados do Mato Grosso, Pará e Rondônia. Vejam que existe desde 2006 o Programa Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), no qual está contido a recuperação das bacias hidrográficas e de florestas.
Em nossa região, convivemos com diversas bacias da pior maneira possível, todas estão sendo degradadas pelo esgoto, lixões, desmatamento e assoreamento. A bacia do nosso Rio Cachoeira não é diferente. Tanto o rio Salgado quanto o Colônia, são alvos do descaso que tratamos a água.
Está em curso a construção da barragem do Rio Colônia que, com certeza, aumentará a oferta de água aos municípios próximos a Itapé, porém, é bom frisar que não existe nenhum recurso destinado a revitalização da bacia do Rio Colônia, quanto mais do Salgado, ambos formam o Rio Cachoeira.
Segundo pesquisa recente da SOS Mata Atlântica, com base na análise da situação de 111 rios brasileiros, 23,3% das águas são de qualidade ruim ou péssima. De acordo com a nossa legislação, as águas nesse estado não podem sequer receber tratamento para consumo humano ou serem usadas para irrigação de lavouras. Em Itabuna, o Rio Cachoeira recebe 86% dos esgotos sem nenhum tratamento. E já é um avanço, tendo em vista que há pouco mais de dois anos chegamos a quase zero. Estão previstos novos investimentos que poderão elevar o índice para 60%, até o final de 2016.
Outro problema sério é a perda de água tratada que tem como média, na Bahia, de 30,7%, e no Brasil de 38,8%. Em Itabuna, chega a impactantes 56%. O índice aceitável de acordo com a ONU é de 10%.
Para alterarmos este cenário sombrio é necessário o esforço do poder público através da parceria entre municípios, estado e União no sentido de por em prática o PNRH, através da constituição de consórcios regionais em função da revitalização das principais bacias hidrográficas. Além de programas de educação ambiental envolvendo a sociedade civil das áreas urbanas e rurais.
“O homem vive da natureza, isto é, a natureza é seu corpo, e tem que manter com ela um diálogo ininterrupto se não quiser morrer. Dizer que a vida física e mental do homem está ligada à nature- za significa simplesmente que a natureza está ligada a si mesma, porque o homem é parte dela". (MARX)

* Por Jorge Barbosa de Jesus – Presidente do Sindicato dos Bancários de Itabuna

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