Cafeicultura
busca manejo mais preciso para evitar desperdício de água
A irrigação no momento exato. Esse tem
sido um dos objetivos dos cafeicultores, em busca do manejo ideal para a planta
e a sustentabilidade da produção. O diagnóstico é feito pelo gerente-geral da
Embrapa Café, Gabriel Ferreira Bartholo. “O produtor já está compreendendo que
o ideal é utilizar a irrigação no momento exato de necessidade”, aponta.
Bartholo foi uma das autoridades que
compôs a mesa de abertura do XVII Simpósio Brasileiro de Pesquisa em
Cafeicultura Irrigada. O evento fez parte da programação da Feira Nacional de
Irrigação (Fenicafé), que ocorreu em Araguari (MG) durante os últimos dias 3 a
5. O CaféPoint acompanhou diversas palestras sobre o tema, que ganhou ainda
mais destaque com a crise hídrica dos últimos meses.
Em meio a discussões sobre a utilização
da água pela agricultura, Bartholo falou com exclusividade sobre a importância
de técnicas como o estresse hídrico controlado, que economiza até 30% de água
da irrigação. “Os produtores tem buscado entender as fases cronológicas da
lavoura, para poder trabalhar técnicas mais assertivas”, aponta o diretor.
O processo do estresse hídrico
controlado consiste na interrupção das irrigações durante 70 dias no período
mais seco e frio do ano. (Leia mais aqui). Além da redução do uso de água e
energia na irrigação, o que proporciona ganhos superiores a 33% de
produtividade e melhoria na qualidade dos grãos, e economia no processo de
colheita contribuindo para a sustentabilidade do agronegócio café. Segundo
Gabriel Bartholo, 80% dos cafeicultores já adotam esta técnica, que deve se
destacar em tempos de racionamento de água e energia.
No caso do estresse hídrico controlado,
o período de 70 dias sem utilizar a irrigação é uma oportunidade para fazer a
manutenção e calibragem do equipamento. “Quando você dimensiona o volume de
água necessário para sua área, sem considerar água de chuva, você precisa
calibrar para a sua necessidade. Se você dimensionou sua necessidade, isso
funciona independente da técnica utilizada – pode ser gotejamento ou aspersão,
do jeito que você quer. A quantidade de água é a mesma”, explica Bartholo.
Política
“Nós temos também a preocupação com o
seguinte: o cafeicultor não consome a água. As plantas utilizam essa água”,
manifesta-se Bartholo. O gerente também ressaltou os rumos da crise hídrica e
como o problema tem sido tratado com relação à agricultura. “Se você restringir
a água na agricultura, restringe a produção de alimento. Isso é uma política
errada, no meu ponto de vista, e sempre vai ter consequências”, comentou.
A orientação dos profissionais, segundo
Bartholo, é manejar bem o sistema de irrigação, fazendo as manutenções e
adequando a lâmina d’água para que a irrigação esteja na medida necessária. “O
produtor é esperto. Ele está aprendendo a manejar o seu sistema, evitando
utilizar a água em excesso”, explica o diretor que prossegue, “Não é você
restringir a água na agricultura que vai resolver. Isso reduz produção e eleva
o preço tende a aumentar”, opinou ele, que defende uma política para equacionar
a necessidade consumo de água para cada setor da sociedade para se chegar a um
consenso dentro desta utilização.
Fonte: cafepoint
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