EUA: líderes da
indústria tentam silenciar o alarme gerado pela “vaca louca”
Após o anúncio do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre o registro de um caso de
Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), a doença da “vaca louca”, na
Califórnia, a agência e outros representantes da indústria de carnes
disseminaram a mensagem de que a descoberta não representa nenhuma ameaça aos
consumidores, à indústria – ou a seus parceiros comerciais.
“Eu acho que temos um grande sistema nos
Estados Unidos para a vigilância (de EEB) e acho que o Serviço de Inspeção
Sanitária Animal e Vegetal (APHIS) tem administrado bem isso”, disse diretor
executivo da Associação Nacional de Carnes do país, Barry Carpenter. “Nós
sabemos que esses casos esporádicos atípicos de EEB vão ocorrer em bovinos
aqui. Isso não deveria ter nenhum impacto no comércio porque nosso status junto
à Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) não será afetado”.
A forma “atípica” de EEB é identificada
como vindo de outra fonte que não o alimento animal, apesar de a fonte
específica não poder ser identificada. A EEB “típica”, por outro lado, pode ser
transmitida a animais através de seus alimentos que incluem subprodutos de
outro animal infectado. Essa é de preocupação muito maior, porque sua presença
pode indicar que o sistema de proibição do uso de partes de animais na
alimentação de bovinos que funciona nos Estados Unidos não está sendo efetivo.
“Os produtos de carne bovina dos Estados
Unidos estão entre os mais seguros do mundo e o anúncio do USDA hoje confirma
que o sistema de vigilância de doenças animais do país funciona para proteger
nossos rebanhos e o público”, disse o Instituto Americano de Carnes.
Se essas afirmações acalmarão os
mercados e os consumidores, ainda não se sabe. O fato é que esta é a quarta
vaca infectada com EEB nos Estados Unidos, e o abalo causado por ela é comum
segundo especialistas da indústria. “O que matou o mercado em 2003 foi que as
exportações caíram para zero da noite para o dia”, disse o economista e diretor
da Steiner Consulting Inc. em Manchester, Len Steiner, . “Eu não acho que isso
deverá ocorrer dessa vez”.
O Comitê de Agricultura do Senado fez
sua parte em comunicar garantias aos consumidores: “O fato de que estamos ouvindo
sobre essa descoberta e de que nunca houve nenhuma ameaça aos consumidores,
mostra que os mecanismos que estão em prática para proteger nosso fornecimento
de alimentos funcionou como pretendido”, disse a senadora Debbie Stabenow,
presidente do comitê.
Estas garantias parecem não ter tido
muito efeito no fechamento dos mercados. Os preços futuros do gado caíram em
seu limite diário (3 centavos ou 2,6%) para seu menor nível desde 1o de julho
de 2011. Em 2003, os preços caíram 21% quando o Governo federal confirmou a presença
de EEB pela primeira vez.
“Lodo rosa”
Os economistas notaram que a descoberta
desse caso de “vaca louca” veio em seguida da controvérsia do uso da chamada
carne magra de textura fina ”lodo rosa”, deixando algumas questões sem resposta.
“O mercado já estava em uma situação
tênue”, disse o economista da Sterling Marketing Inc., John Nalivka. “O
problema é que colocamos a indústria de carne bovina e o mercado em uma
situação ruim. Isso foi bidirecional (entre perdas de frigoríficos e perdas de
confinamentos).”
Se a longevidade da expressão “vaca
louca” é alguma indicação, executivos da indústria de carnes terão que conviver
com isso e com a expressão “lodo rosa” por décadas. Menos de uma hora depois da
declaração do caso de EEB na Califórnia, quase todas as importantes
organizações de notícias, incluindo jornais, redes de televisão e agências de
notícias usaram o termo “vaca louca” em suas notícias.
Fonte: MeatPlace.com, traduzida e
adaptada pela Equipe BeefPoint
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