Chocolate do sul
da Bahia é exposto em Portugal
Com intercâmbio estimulado pelo Sebrae,
produção regional é destaque em festival em Óbidos, cidade modelo da Economia
Criativa no mundo
Ilhéus - Mais de 500 anos depois, o
Brasil está sendo “redescoberto” por Portugal através do sabor característico
do sul da Bahia: o chocolate. As marcas regionais Sagarana, Chor, Costanegro,
Amado Cacau e Maltez participam pela primeira vez da 14ª edição do Festival
Internacional de Chocolate de Óbidos, em Portugal, cenário modelo da Economia
Criativa no mundo. A exposição dos chocolates segue até o dia 25 de abril, no
entorno do grande castelo da cidade medieval.
Em Óbidos, o chocolate de origem sulbaiana
encontra-se no espaço exclusivo “Cacau Brasil”, com uma exposição de
fotografias sobre o cacau do país, a produção na Bahia e na Amazônia, exposição
de artefatos utilizados na produção do cacau, amêndoas, frutos e derivados, bem
como material explicativo sobre essa cultura e a sua relação com o bom
chocolate.
A inserção dos empreendedores sulbaianos
nesta iniciativa não se deu por acaso. “Agora, eles colhem os frutos de uma
parceria construída a partir de junho do ano passado, quando o Sebrae promoveu
na Bahia a segunda edição do Encontro Criativo”, afirma a coordenadora regional
do Sebrae Ilhéus, Claudiana Figueiredo. Na época, Ilhéus recebeu uma palestra
internacional sobre a cidade “Óbidos – Creative Gym”, que traduzido significa
ginásio criativo, com Miguel Silvestre, consultor em criatividade, inovação e
desenvolvimento territorial. “Ano passado, após o Salon du Chocolat de Paris,
fizemos uma visita a Óbidos e a parceria foi iniciada”, conta o presidente da
Câmara Nacional do Cacau e dono da marca Costanegro, Guilherme Moura.
Parte do grupo que hoje expõe o
chocolate de origem do sul da Bahia em Portugal participa do Projeto de
Derivados de Cacau e Chocolate, do Sebrae, que, dentre outras ações, promove as
marcas, contribui com seu desenvolvimento, abre mercados e é parceiro em feiras
e eventos nacionais e internacionais.
Criatividade é solução
Vila Portuguesa do distrito de Leiria,
Óbidos possui apenas 2,2 mil habitantes e é considerado um dos lugares mais
criativos do mundo. É a este modelo de projeto de desenvolvimento que o
chocolate de origem do sul da Bahia quer se aliar. A cidade portuguesa está
conquistando notoriedade internacional em função de seu parque tecnológico,
reconhecido como o único parque empresarial estruturante orientado para as
indústrias criativas, concentrando recursos privilegiados para o seu
desenvolvimento, no eixo compreendido entre Lisboa, Coimbra e Santarém.
Um deles é o publicitário e dono da
marca Chor, Marco Lessa, idealizador do projeto Caminhos do Chocolate, um
roteiro de turismo integrado com base no cacau e chocolate, em fase de
concretização. Palestrante do festival, no último dia 9, quando falou sobre
“Produção de Cacau e Chocolate Associada ao Turismo”, ele se anima com o fato
de que a Bahia está descobrindo um novo filão de negócios ao agregar valor à
produção da lavoura cacaueira.
Outro produtor presente ao evento,
Henrique Almeida apresentará a palestra “O Brasil e a descoberta do chocolate
de origem”, na sexta-feira, dia 15. Na Fazenda Sagarana, Almeida produz, por
ano, 3 mil quilos de cacau selecionados usados especialmente na produção dos
chocolates finos. Se fossem vendidos como simples amêndoas, esse montante
representaria cerca de R$ 20 mil no bolso do produtor. Transformados em
chocolates finos, o faturamento sobre esta mesma quantidade pode chegar a R$
375 mil. “As fazendas deixaram de ser meros centros de produção e secagem de
amêndoas e passaram a ser atrações turísticas, ponto de encontro para grandes
negócios”, conta Almeida.
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