PF suspeita de
elo entre tráfico de droga e desvios na Petrobras
A Polícia Federal (PF) e o Ministério
Público Federal (MPF) investigam a possibilidade de que contas utilizadas para
lavar dinheiro do tráfico de drogas, descobertas na Operação Lava-Jato, também
eram usadas para abastecer pagamentos a políticos envolvidos no esquema de
desvio de recursos da Petrobras.
Em depoimento prestado nesta semana, o
doleiro Alberto Youssef, acusado de ser o comandante do esquema de lavagem de
dinheiro da Lava-Jato, afirmou aos investigadores que repassava valores a
“agentes públicos” por meio do Carlos Habib Chater – também indiciado na
operação –, a pedido do ex-presidente do PP José Janene. Parte do dinheiro
entregue a políticos por Chater vinha de empreiteiras que tinham contratos com
a administração pública federal.
Carlos Habib Chater, também conhecido
como Habib, é dono de um posto de gasolina de Brasília chamado Posto da Torre
LTDA e, durante a fase inicial da Operação Lava-Jato, a PF descobriu que
algumas transferências bancárias eletrônicas originárias da empresa foram
destinadas ao pagamento de carregamento de cocaína. As drogas, vindas da
Bolívia, tinham como alvo o consumo interno brasileiro.
Agora, os investigadores apuram se as
contas utilizadas pelo Posto da Torre para transferência de recursos a
traficantes também foram utilizadas para alimentar cofres de partidos
envolvidos tanto no mensalão quanto no esquema de desvio de recursos da
Petrobras.
Um exemplo do uso das contas da empresa
controlada por Habib para o pagamento de drogas ocorreu no dia 13 de setembro
de 2009, data na qual foi registrada uma transferência bancária do Posto da
Torre LTDA a um boliviano identificado apenas como Navo, no valor de R$ 40,5
mil. Os investigadores acreditam ser esse o pagamento de um carregamento de
drogas da Bolívia.
A mediação dos depósitos foi feita por
Rene Luiz Peirera, o “Rene”, auxiliar de Habib. Essa transferência falhou, o
que obrigou Rene a realizar outro depósito três dias depois, no mesmo valor. No
pagamento dos carregamentos de drogas a PF detectou o uso de cheques no valor
de R$ 85 mil, também oriundos do Posto da Torre LTDA. Esses valores (R$ 125 mil
ao todo) seriam referentes ao pagamento de 55 kg de cocaína pura.
“O Posto agrega um ‘complexo
empresarial’ gerido por Chater (o ‘Habib’), que abrange Posto de Combustíveis,
loja de conveniência, lavanderia, shawarma, pastelaria, etc, bem como, para não
fugir a regra, uma casa de câmbio. Sediado ali também o ‘escritório’ de Chater,
onde o mesmo atende com frequência seus clientes, quando não se encontra no
flat que ocupa no complexo hoteleiro localizado em frente ao posto de
combustíveis”, apontam os investigadores do Ministério Público Federal na
denúncia relacionada ao tráfico de drogas da Operação Lava-Jato.
“Tem-se assim os depósitos, em conta
‘laranja’, em 13/9/2013 e 16/9/2013, por Habib, com o auxílio de André (Catão
Miranda, integrante do grupo de Youssef) e a favor de Rene e Sleiman (Nassim El
Kobrossy, outro integrante do grupo de Yousseff), do restante do valor (dois
cheques, no valor total de R$ 85 mil, e duas TEDs, no valor total de R$ 40,5
mil, respectivamente), seguidos da remessa do montante ao exterior – Bolívia -
e de sua entrega a fornecedores ou produtores de drogas daquele país, em
17/9/2013 e 19/9/2013”, apontam os investigadores.
“Rene e Sleiman integram uma organização
transnacional dedicada ao tráfico de cocaína adquirida de produtores ou
fornecedores da Bolívia e do Peru, droga essa geralmente embarcada no Porto de
Santos com destino à Europa. Eles fazem parte do núcleo operacional e
financeiro da organização, responsável pela circulação dos ativos ilícitos e
seu ‘reinvestimento’ na aquisição de novas cargas de droga”, esclarecem os
investigadores no inquérito da Operação Lava Jato
FONTE: TRIBUNA DA BAHIA
Nenhum comentário:
Postar um comentário