Casa de Jorge
Amado e Zélia Gattai vira memorial aberto ao público
Imóvel onde casal de escritores viveu
estará aberta para visitação a partir do próximo dia 14
A memória e as obras de Jorge Amado e
Zélia Gattai esperam, a partir de agora, visitantes do mundo inteiro na casa de
número 33 da rua Alagoinhas, no Rio Vermelho. Após 11 anos fechada, a Casa do
Rio Vermelho – Jorge Amado e Zélia Gattai foi inaugurada como memorial nesta
sexta-feira (07), depois de passar por uma completa reforma promovida pela
Prefeitura, numa intervenção que contou com a parceria da Fundação Casa de
Jorge Amado e da família do casal que encarna e simboliza mundo afora a cultura
baiana e o espírito libertário do povo da boa terra. Pela primeira vez, a casa
será aberta para visitação, a partir do próximo dia 14, das 10h às 17h, sempre
às sextas, sábados e domingos.
O prefeito ACM Neto comandou a
solenidade de inauguração na companhia dos filhos do casal, Paloma e João Jorge
Amado, de demais familiares, do secretário de Desenvolvimento, Turismo e
Cultura, Guilherme Bellintani, da presidente da Fundação Casa de Jorge Amado,
Myriam Fraga, e do curador do memorial, Gringo Cardia, responsável pela
implantação de museus em várias partes do Brasil e do mundo. Também fez questão
de marcar presença a atriz Sônia Braga, que interpretou a personagem Gabriela
na TV, uma das mais notáveis personagens do escritor baiano.
“Esse é mais um patrimônio do nosso
povo. Agora estamos oferecendo ao país e ao mundo inteiro a oportunidade de
conhecer mais de perto a história, a vida, a intimidade, os casos e as obras de
Jorge Amado e Zélia Gattai. Salvador já deveria ter prestado essa homenagem. Em
2012, Jorge completaria 100 anos de vida e, no seu centenário, não foi prestada
nenhuma homenagem relevante ao escritor. Assumi, em 2012, o compromisso de que,
se fosse eleito, iria oferecer esse espaço, que não é só da nossa cidade; é do
mundo inteiro. Hoje Salvador se reencontra com sua história, e, sobretudo,
valoriza sua cultura e suas tradições. Estou muito feliz de fazer parte disso”,
celebrou o prefeito, que se emocionou com as homenagens que recebeu da família
do escritor.
Os filhos do escritor comemoraram a
abertura, após mais de uma década lutando para transformar a casa em memorial.
“Essa casa é absolutamente viva, cheia do espírito de Jorge e Zélia. É a nossa
casa, e ela continua igualzinha. Dá para passar o dia inteiro, parando em cada
lugar, vendo cada filme, conhecendo cada detalhe. É um sonho que se realizou de
uma maneira muito maior do que eu poderia imaginar”, afirmou Paloma Amado. João
Jorge Amado acrescentou: “Meu pai disse várias vezes que ele era um produto do
povo da Bahia. Ele pegava a vivência dele com esse povo, recriava e
transformava em romance. Esse é o momento em que pegamos tudo isso e devolvemos
ao povo da Bahia, que é o verdadeiro dono da casa, criado e criador das obras
de Jorge Amado”.
A atriz Sônia Braga afirmou que, agora,
a abertura da Casa é, simbolicamente, um presente para o mundo. “A abertura
dessa casa é o respeito que Zélia e Jorge sempre tiveram com o povo da Bahia, e
quem fala isso é um pouco eu, Sônia, e um pouco a Gabriela, Dona Flor, Tiêta...
Esse é um presente fundamental para todo o mundo, que vem pelas palavras de
Jorge conhecer a Bahia, visitar a sua casa. E esse público, ao chegar aqui,
encontrava as portas fechadas, uma porta que, em um tempo, sempre esteve
aberta. Agora essa casa está aberta e todos estão convidados a visitá-la”,
pontuou, sugerindo que Gabriela, ao visitar a casa, pediria para tirar os
sapatos.
Casa – O investimento na reforma foi de
R$6 milhões, entre recursos públicos e dos patrocinadores Bradesco, Iguatemi,
Grupo LM e Unijorge. Com um perfil interativo, a nova Casa apresenta uma série
de projeções e vídeos transmitidos em seus diversos ambientes, seja de trechos
de obras ou depoimentos de quem conviveu com o casal. Comprada em 1960 com
dinheiro da venda dos direitos do livro “Gabriela, Cravo e Canela”, de Jorge
Amado, para a MGM, a casa mais tarde se transformou no título do livro de Zélia
Gattai publicado em 2002 contando a história vivida pelo casal quando residiu
no imóvel. No local, os escritores receberam visitas ilustres, como Glauber
Rocha, Pablo Neruda, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Roman Polanski, Jack Nicholson,
Sartre e Simone de Beauvoir, só para citar alguns.
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