ADOECIMENTO
MENTAL VOLTA A FAZER PARTE DO DIA A DIA DOS BANCÁRIOS
Nos últimos
meses, a notícia que mais chocou os representantes dos trabalhadores do ramo
financeiro foram os casos de suicídio em bancos. Em um dos casos o bancário,
além de se matar, matou uma colega de trabalho e feriu outra. Tragédias como
estas vêm fazendo parte do dia a dia da categoria bancária. Os números sobre o
adoecimento mental nos bancos continuam assustadores.
A situação, que
já era grave, ficou ainda pior com a reestruturação em bancos públicos e com as
demissões em massa nos bancos privados. Mesmo com lucros nas alturas, bancos
seguem com a onda de demissões.
Transtornos
psiquiátricos
Os transtornos
psiquiátricos já superaram as doenças osteomusculares que por muitos anos foram
campeãs de incidência entre os trabalhadores bancários.
De acordo com o
quadro geral das ações realizadas nos Centros de Referência em Saúde do
Trabalhador (CRST) do município de São Paulo, somente de junho a novembro de
2015, dos 102 atendimentos a bancários realizados nos centros, 54% apresentavam
transtornos metais. Em seguida estão problemas como LER e Dort (Lesões por
Esforços Repetitivos e Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho) com
30,39% dos atendimentos.
Depressão
Outro dado
alarmante de saúde mental é de que no ano passado, 75,3 mil trabalhadores foram
afastados em razão de depressão, com direito a recebimento de auxílio-doença em
casos episódicos ou recorrentes. Eles representaram 37,8% de todas as licenças
em 2016 motivadas por transtornos mentais e comportamentais, que incluem não só
a depressão, como estresse, ansiedade, transtornos bipolares, esquizofrenia e
transtornos mentais relacionados ao consumo de álcool e cocaína.
Os especialistas
destacam que há risco de subnotificação, diante da dificuldade em comprovar o
papel do ambiente de trabalho na ocorrência de episódios depressivos. Mesmo
assim, há profissões que são conhecidas por terem mais afastamentos e
aposentadorias ligadas a transtornos dessa natureza, como é o caso do mercado
financeiro.
De acordo com o
secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf, Walcir Previtale é importante
ressaltar que as condições de trabalho dos bancários, entre elas pressões
diárias, assédio moral, metas e avaliação individual de desempenho, são fatores
que contribuem para o desgaste mental dos bancários, levando ao adoecimento
mental. “A intensificação do trabalho, extrapolação de jornada, controle
excessivo, também contribuem para o adoecimento”.
Para Wagner
Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, os
próprios bancos reconhecem a grande quantidade de adoecimentos, pelas pesquisas
internas apresentadas. “A relação de pressão no universo do trabalho bancário
agrava os casos de adoecimento mental. Temos históricos de trabalhadores que
tiveram um quadro de agravamento em relação a sua saúde mental após uma
situação de descomissionamento. Ou seja, a relação do trabalho agrava a saúde
do trabalhador ao longo do tempo”, destacou Wagner.
Na década de 90,
ocorreram vários casos de suicídio no Banco do Brasil, inclusive, na época,
houve uma circular de alerta para os gestores que ficassem atentos à saúde
mental dos funcionários, porque havia a possibilidade de outros funcionários
cometerem suicídio.
Infelizmente,
esta triste realidade volta à tona ao cotidiano da categoria bancária.
Fonte: Contraf
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