SOBRE AS PESQUISAS: NADA DE NOVO
*Agenor Gasparetto,
As pesquisas nesta eleição, como nunca antes, explicitaram sua fragilidade.
Fragilidade essa histórica, não apenas desta eleição.
O que tornou visível a defasagem entre as pesquisas e as urnas reside especificamente num fato: a falta da pesquisa de boca de urna nestas eleições. A falta dessa pesquisa tornou a fragilidade de sempre exposta com mais clareza.
Primeiro, pesquisas captam intenções de voto. Não captam votos.
Segundo, a realidade é dinâmica, continua para além da pesquisa, que vai tendo sua validade corroída com o passar dos dias e semanas.
Pesquisas nesta eleição foram feitas um ou mais dias antes da eleição. Nas eleições anteriores, a pesquisa utilizada para comparação era a boca de urna. Essa protegia as pesquisas de sua vulnerabilidade histórica.
As pesquisas de boca de urna são mais fáceis de serem feitas, posto que são realizadas na saída das seções eleitorais e concentradas em pontos definidos. O tamanho das amostras dessas também é bem maior do que as pesquisas feitas com anterioridade. Divulgadas após o encerramento das eleições, monopolizam as atenções e são comparadas com os resultados das urnas.
Proteger as pesquisas, para utilizar linguagem do sociólogo Robert Merton, é a “função não manifesta” das mesmas. Sua ausência explicitou a vulnerabilidade.
Mesmo assim, apesar dessa fragilidade, os institutos e suas pesquisas continuam válidos como ferramentas ao planejamento das estratégias. São necessários. Contudo, são vulneráveis, como mostra a realidade nesta eleição. Vulnerabilidade essa que acompanha as pesquisas em todas as eleições. Quando se compara os resultados das pesquisas realizadas com anterioridade ao dia da eleição nas eleições anteriores com os resultados das urnas, e não as de boca de urna, isto ficará transparente.
Itabuna, 03 de outubro de 2022.
*Sociólogo/GPE Pesquisas
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